Wuhan fecha distrito de 1 milhão de pessoas por quatro casos assintomáticos de Covid
Epicentro original da pandemia não quer arriscar viver outro surto da doença sob a rigorosa política de "zero Covid" da China
A metrópole chinesa de Wuhan fechou um distrito de quase um milhão de pessoas depois de detectar quatro casos assintomáticos de Covid-19.
Isso porque o epicentro original da pandemia não quer arriscar viver outro surto da doença sob a rigorosa política de “zero Covid” da China.
As autoridades do distrito de Jiangxia, que abriga mais de 970.000 pessoas, anunciaram nesta quarta-feira (27) que suas principais áreas urbanas aplicarão três dias de “medidas restritivas temporárias”.
Locais de entretenimento — incluindo bares, cinemas e cibercafés —, pequenas clínicas e mercados de produtos agrícolas foram fechados, bem como os locais de culto; as atividades religiosas foram proibidas; jantares em restaurantes e grandes reuniões — de apresentações a conferências — foram adiados; enquanto instituições de ensino e atrações turísticas interromperam as operações, de acordo com um comunicado do governo.
Todos os transportes públicos, de ônibus a serviços de metrô, foram suspensos, e os moradores foram instados a não deixar o distrito a menos que fosse absolutamente necessário.
As autoridades também identificaram quatro bairros de alto risco onde os moradores estão proibidos de deixar suas casas.
Outros quatro bairros foram designados como de médio risco, o que significa que os moradores não podem deixar seus condomínios.
As medidas visam “reduzir ainda mais o fluxo de pessoas, diminuir o risco de infecção cruzada e atingir a dinâmica zero Covid no menor tempo possível”, explicou o comunicado.
As restrições ocorreram logo após as autoridades do distrito de Jiangxia anunciarem a descoberta de quatro infecções assintomáticas na terça-feira (26).
Dois foram detectados durante os testes regulares, enquanto os outros dois foram encontrados entre seus contatos próximos.
Wuhan, um centro industrial e de transporte na província de Hubei, no centro da China, impôs o primeiro bloqueio de Covid-19 do mundo para conter o surto de coronavírus no início de 2020, depois de inicialmente minimizar os casos e silenciar os profissionais de saúde que tentaram soar alarmes.
O rigoroso bloqueio fechou negócios e confinou os moradores em suas casas por mais de dois meses.
As medidas paralisantes tiveram um enorme custo pessoal para os moradores, mas acabou domando o vírus.
Apesar da má gestão inicial, o governo chinês anunciou Wuhan como uma história de sucesso em sua luta contra a pandemia.
Em agosto de 2020, enquanto grande parte do mundo enfrentava a Covid-19, Wuhan ganhou as manchetes internacionais quando realizou um festival de música eletrônica em um parque aquático ao ar livre, com milhares de pessoas festejando sem máscaras e sem distanciamento social à vista.
Enquanto isso, as medidas rigorosas de bloqueio rápido, testes em massa e quarentena estrita foram usadas pelas autoridades em toda a China para conter surtos esporádicos, estratégia que ficou conhecida como “zero Covid”.
Essa abordagem foi principalmente eficaz para conter os surtos da doença no país este ano, quando a variante Ômicron, altamente transmissível, causou o maior surto na China desde Wuhan.
O centro financeiro de Xangai foi colocado sob mais de dois meses de bloqueio contundente, provocando protestos públicos pela escassez generalizada de alimentos e atraso no atendimento médico para pacientes de emergência.
Cidades e vilas também estão sujeitas a vários graus de restrições à medida que as infecções aumentam, com algumas cidades fronteiriças passando por bloqueios intermitentes por meses a fio.
As normas também causaram grandes danos à economia chinesa, resultando no crescimento trimestral mais lento desde o início da pandemia.
À medida que grande parte do mundo supera a pandemia, as autoridades chinesas, incluindo o líder do país, Xi Jinping, prometem repetidamente manter a política de Covid zero, citando como exemplo a baixa taxa de vacinação entre os idosos.