Walmart é condenado nos EUA a pagar US$ 4,4 milhões a cliente por racismo
Funcionário da rede teria ligado para a polícia com acusações falsas e racialmente discriminatórias
Um júri no Oregon, nos Estados Unidos, concedeu a um homem negro o valor de US$ 4,4 milhões depois que ele alegou em ação judicial que um funcionário branco do Walmart o discriminou racialmente enquanto fazia compras e tentou fazer com que as autoridades agissem sob acusações falsas, de acordo com documentos judiciais.
Michael Mangum recebeu US$ 400 mil em multas não econômicas e US$ 4 milhões em multas punitivas na sexta-feira (19), de acordo com um comunicado à imprensa divulgado por seu advogado no domingo (21).
O Walmart disse à CNN em uma declaração por escrito que não tolera discriminação e que o veredito é “excessivo” e não baseado em evidências.
Mangum, que tinha 59 anos na época, foi a uma loja do Walmart em Wood Village, Oregon, em 26 de março de 2020, para procurar uma lâmpada para sua geladeira, segundo seu advogado.
“Percebendo que ele estava sob vigilância de um funcionário de prevenção de perdas do Walmart, Mangum se opôs, acreditando que ele tenha sofrido discriminação racial”, disse o comunicado.
O funcionário ordenou que Mangum saísse da loja, mas ele se recusou, segundo o comunicado. O funcionário ainda disse, segundo o comunicado, que “ligaria para a polícia e diria que Mangum ameaçou esmurrá-lo no rosto”.
Os agentes do condado de Multnomah chegaram à loja, mas não tomaram medidas contra Mangum devido a “mudança de explicações sobre por que o funcionário ligou” e por causa da reputação do funcionário de fazer relatos falsos à polícia, disse o advogado no comunicado à imprensa.
Em um depoimento dado à CNN pelo advogado de Mangum, o comandante do turno do condado de Multnomah, o sargento Bryan White disse que ele e os policiais em seu turno ficaram “extremamente frustrados com um padrão de comportamento que eles identificaram” no funcionário que ligou para as autoridades para relatar “situações ativas perigosas, como clientes agredindo-o fisicamente ou funcionários de prevenção de perdas e outros do Walmart enquanto tentavam roubar e depois os agentes determinando que isso nunca aconteceu de verdade”.
O xerife do condado de Multnomah, Mike Reese, disse à CNN que sua agência trata as pessoas com dignidade e respeito.
“Nossos agentes têm uma abordagem justa e equilibrada para investigações criminais. Estou satisfeito com a forma como nossos membros responderam e avaliaram as alegações feitas nesta situação. Eles reconheceram inconsistências no relatório do funcionário e em interações anteriores”, disse ele.
Processo alega discriminação e assédio
O processo de Mangum alega que o funcionário ligou para a polícia com a intenção de “discriminá-lo injustamente”.
A ação judicial também alega que a ligação do funcionário teve como objetivo fazer Mangum se sentir assediado, humilhado ou envergonhado, além de causar danos à sua reputação ou posição na comunidade.
Também alegou que as ações do funcionário pretendiam fazer com que Mangum fosse expulso do Walmart, onde ele tinha permissão legal para estar.
Como resultado, Mangum “sofreu, continua a sofrer e pode sofrer permanentemente de constrangimento, medo, humilhação, raiva e indignidade”, disse a queixa.
O advogado de Mangum, Greg Kafoury, disse que Mangum se recusou a ser intimidado pelas “mentiras e intimidações” do funcionário.
“Por causa de sua coragem, fomos capazes de mostrar ao júri uma falta de responsabilidade inescrupulosa da maior corporação do mundo”, disse Kafoury no comunicado.