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    Waack: Milei faz política e vence no Congresso

    Novo presidente da Argentina parece estar dando uma aula para outros personagens do seu espectro político que venceram eleições disputadas, prometeram muito e realizaram pouco por terem se recusado a fazer política

    William Waack

    Javier Milei, o novo presidente da Argentina, é bem menos louco do que ele mesmo às vezes faz questão de parecer — ou do que seus adversários gostam de dizer sobre ele –, e obteve hoje uma importante vitória política.

    A Câmara dos Deputados argentina, onde ele não tem maioria, aprovou sua “lei ônibus”, um megaprojeto de reformas que vai da política fiscal à social, passando por privatizações, rearranjo do sistema político e eleitoral e relação do poder central com os estados e províncias.

    E como ele conseguiu isso, se não tem maioria parlamentar? Negociou com o legislativo uma série de renúncias ao seu plano, atenuou as reformas políticas, reduziu a amplitude e a rapidez dos planos de privatização — tirando dele a toda importante Yacimientos Petrolíferos Fiscales, a Petrobras da Argentina.

    Milei também não conseguiu seguir adiante com a proposta de exigir autorização para manifestações políticas, e foi obrigado a esvaziar o pacote de ajuste fiscal, essencial para as devastadas contas públicas na Argentina.

    Foi uma vitória completa? Longe disso, mas essencial na votação favorável a Milei foram os votos de deputados de oposição e a criação de um momento político.

    “El Loco” enfrentou manifestações de rua muito menores do que se antecipava e conseguiu uma vitória no Congresso muito mais rápido do que se acreditava.

    Milei parece estar dando uma aula para outros personagens do seu espectro político que venceram eleições disputadas, prometeram muito e realizaram pouco por terem se recusado a fazer política.

    É o que Milei está tentando.

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