Waack: Lula inaugurou uma política externa que se diz neutra, mas que tem lado
O lado que Lula escolheu é desafiar a ordem internacional garantida hoje sobretudo pelos Estados Unidos. A ordem baseada em respeito a tratados e onde não vale a lei do mais forte
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) inaugurou a política externa que se diz neutra, mas escolheu um lado, no caso, o lado da China e da Rússia.
Não é simplesmente o lado em que estão esses dois países na guerra da Ucrânia. A Rússia, como brutal agressora e invasora. A China, como garantidora.
O lado que Lula escolheu é desafiar a ordem internacional garantida hoje sobretudo pelos Estados Unidos. A ordem baseada em respeito a tratados e onde não vale a lei do mais forte.
Ao escolher esse lado, Lula jogou no lixo a tradição diplomática do Itamaraty, e mandou às favas também princípios fundamentais das relações internacionais, como o respeito à integridade territorial e soberania dos países.
A postura do presidente é a de quem julga que sua visão político ideológica é idêntica aos interesses do país.
Ele parece incapaz de compreender a natureza dos conflitos atuais, que são geopolíticos e não simplesmente comerciais.
Numa briga monumental como a de Estados Unidos e China, talvez seja mesmo um problema insolúvel para países como o Brasil, que é uma potência média sem capacidade de projetar poder e bastante vulnerável.
Ao escolher o lado dos agressores, Lula apenas conseguiu tornar o Brasil ainda mais vulnerável.