Waack: Conflito no Oriente Médio está indo para abismo de tragédia
Estados Unidos e França, entre outras potências, pedem aos israelenses respeito às "leis da guerra”, que dizem que civis têm de ser respeitados e protegidos.
São muito reduzidas as chances de interferência externa nas decisões de Israel para chegar ao objetivo declarado de liquidar o Hamas em Gaza.
Isto ficou mais uma vez evidente na reunião desta terça-feira (24) no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), na qual o próprio secretário-geral provocou um tumulto ao dizer que os ataques terroristas do Hamas não vieram do nada, e não justificam a campanha militar israelense de cerco total de Gaza e intensos bombardeios.
Israel diz estar pronta para invadir por terra o território dominado pelo Hamas, e tem o apoio de Estados Unidos ao se negar a admitir um cessar fogo, que na visão israelense do conflito apenas beneficiaria o Hamas.
Estados Unidos e França, entre outras potências, pedem aos israelenses respeito às “leis da guerra”, que dizem que civis têm de ser respeitados e protegidos.
No tipo de operação militar no qual Israel está envolvida, porém, “leis da guerra” tem poucas chances de serem respeitadas; em lugar algum envolvendo combate dentro de cidades elas foram.
O que parece até aqui ter segurado o desejo israelense de invadir Gaza são os duzentos reféns mantidos pelo Hamas em cativeiros subterrâneos, e menos a pressão internacional para exercer moderação, um fator que estava evidentemente nos cálculos do Hamas.
O que vemos hoje é uma ordem internacional que virou desordem, na qual as potências “de fora” da área tem escassa capacidade de impor qualquer tipo de solução. Elas estão arrastadas na lógica interna do conflito, e não há quem consiga colocar freios.
O conflito está descendo para um abismo de tragédia e sofrimento ainda maiores. À frente da ONU, a mãe de um refém do Hamas se dirigiu aos embaixadores dizendo que, na competição de dor, nunca tem um vencedor.
Não adianta ela ter toda razão.