Waack: Agora que Elizabeth II partiu, como a monarquia conseguirá sobreviver?
Para funcionar como funcionou até aqui numa democracia moderna, como é a Grã-Bretanha, uma monarquia hereditária precisa que os cidadãos acreditem que apenas uma família represente a nação, seus valores e esteja acima da política
É tão bom poder confiar na dignidade e serenidade de alguém. Principalmente numa época como a atual, na qual as pessoas não conseguem entender sequer sobre o que são os fatos.
Talvez sejam essas características pessoais que tornaram a rainha Elizabeth II um símbolo tão poderoso de estabilidade. E, por isso mesmo, trouxeram com a morte dela uma sensação tão forte de perda.
Presidentes dos países mais fortes e primeiros-ministros britânicos vieram e se foram durante os 70 anos de seu reinado, o mais longo do mundo. Mas só ela parecia indestrutível, a ponto de se confundir a instituição da monarquia com a pessoa da monarca.
E de se perguntar, hoje, agora que ela partiu, como a monarquia conseguirá sobreviver?
Para funcionar como funcionou até aqui numa democracia moderna, como é a Grã-Bretanha, uma monarquia hereditária precisa que os cidadãos acreditem que apenas uma família represente a nação, seus valores e esteja acima da política, o que sugere uma conclusão interessante.
O apelo da monarquia não é tanto o apelo nostálgico do passado de nobres e reis, mas é o apelo moderno de alguém que pareça estar acima das tribos, polarizações e briguinhas do presente.