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    Voto pelo correio e o cinturão da ferrugem: Como Biden virou em estados-chave

    Questionada como fraude por Donald Trump, votação à distância é citada para explicar o crescimento do candidato democrata ao longo da apuração

    O candidato democrata à presidência dos EUA, Joe Biden
    O candidato democrata à presidência dos EUA, Joe Biden Foto: Kevin Lamarque/Reuters (4.nov.2020)

    Guilherme Venaglia, da CNN, em São Paulo

     

    O caminho de Joe Biden até a liderança na apuração das eleições nos Estados Unidos foi precedido de um balde de água fria na noite de terça-feira (3), dia do fechamento das urnas no país.

    Frustrando expectativas de uma onda democrata, o voto dos latinos da Flórida não veio, menos ainda a esperança em uma vitória inédita no Texas. O mapa pintado de vermelho, a cor de Donald Trump e dos republicanos, prenunciava uma derrota de Biden, mas continuava de pé a hipótese de ser uma “miragem”.

    A razão para essa perspectiva era um sentimento dos eleitores capturado por estudos e pesquisas de opinião. Esses levantamentos identificaram que os democratas pretendiam votar pelo correio, enquanto os apoiadores de Trump preferiam comparecer às urnas no dia da eleição.

    Acontece que quem votou presencialmente — ou seja, massivamente eleitores republicanos — teve o voto contabilizado mais rapidamente do que os votantes pelo correio, maioria composta por eleitores de Joe Biden. Conforme os votos por correspondência chegavam e a contagem era feita, o número pró-Biden aumentava.

    A virada do democrata em diversos estados na reta final da apuração tem sido contestada por Trump.

    “De repente, como um milagre, os números começaram a favorecer os democratas de maneira ilegal”, disse o presidente na quinta-feira (5). O republicano passou toda a campanha insinuando a possibilidade de fraudes pelo voto não presencial.

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    O cinturão da ferrugem

    “Jobs, jobs, jobs”, em português “empregos, empregos, empregos”, foi um slogan muito repetido por Donald Trump durante a campanha presidencial de 2016. Esse discurso permeava temas centrais do discurso de Trump, como a China e a imigração latina ilegal.

    Para o então candidato, os chineses estavam atraindo empresas americanas com custos mais baixos de produção e assim “roubavam empregos”. Esse também era o tema da fala do republicano quando este defendia a construção de um muro na fronteira sul, com o México. Trump dizia, afinal, querer impedir que esses imigrantes ilegais fossem aos EUA para que não tomassem vagas de emprego de americanos.

    A retórica teve impacto principalmente na região que se conhece como o cinturão da ferrugem. São estados industriais, muito sindicalizados e tradicionalmente democratas. O empobrecimento em razão dos efeitos econômicos da globalização é muito citado como uma das causas da vitória de Trump na região em 2016.

    Do vermelho para o azul

    Em 2020, Joe Biden retomou o Wisconsin e o Michigan, que juntos representam 26 votos no Colégio Eleitoral. Há possíveis causas para esse movimento. Uma delas é a pandemia do novo coronavírus.

    De fevereiro para cá, estima-se que os EUA tenham 10 milhões a menos de empregos, o que levou Trump a fazer uma campanha dizendo que apesar do pleno emprego não ser a realidade em 2020, ele havia criado vagas em seu governo e poderia fazer de novo.

    Além, é claro, dos próprios impactos para a saúde pública. Os Estados Unidos acumulam 9,6 milhões de casos da Covid-19, com quase 235 mil mortes. O país chegou às eleições em meio a uma segunda onda e esses dois estados vivem um agravamento da situação.