Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Veto dos EUA na ONU para proteger Israel pode enfraquecer apoio à Ucrânia na guerra, dizem fontes

    Diplomatas avaliam que o veto dos Estados Unidos à proposta de resolução do conflito apresentada pelo Brasil reforçou críticas ao país

    Da Reuters

    Por Michelle Nichols, da Reuters

    A credibilidade dos Estados Unidos na obtenção de apoio para questões como a Ucrânia pode ter sido comprometida, avaliaram alguns diplomatas.

    Isso seria decorrência de o país ter bloqueado, nesta semana, uma resolução na Organização das Nações Unidas (ONU) para proteger os civis palestinos em Gaza na guerra entre Israel e o grupo radical islâmico Hamas.

    O veto dos EUA à resolução proposta pelo Brasil no Conselho de Segurança da ONU reforçou as críticas de longa data ao Ocidente por parte da Rússia, da China e de alguns países em desenvolvimento, o que poderá mais uma vez dificultar a capacidade imediata de Washington de obter apoio para questões ligadas aos direitos humanos e ao direito humanitário.

    Em 2017 e 2018, os Estados Unidos, então presididos por Donald Trump, emitiram dois vetos para proteger seu aliado Israel, complicando a campanha dos EUA para reformar o Conselho de Direitos Humanos da ONU. A falta de apoio levou os americanos à desistência do pleito.

    A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, justificou o veto de dizendo que mais tempo era necessário para analisar a diplomacia no terreno, enquanto o presidente Joe Biden e o secretário de Estado Antony Blinken visitaram a região concentrados em intermediar o acesso de ajuda humanitária a Gaza e em libertar reféns do Hamas.

    Os Estados Unidos estão “firmemente empenhados em abordar urgentemente as terríveis necessidades humanitárias dos civis em Gaza, como enfatizaram tanto o presidente Biden como o secretário Blinken durante as suas viagens à região”, disse na sexta-feira Nate Evans, porta-voz da missão dos EUA na ONU em Nova York.

    Após isolar com sucesso a Rússia na Assembleia Geral da ONU, que tem 193 membros, contudo, Washington poderá ter de trabalhar mais arduamente se fizer lobby para obter apoio para qualquer ação futura.

    “O mundo em geral verá uma equivalência entre este veto dos EUA e o comportamento da Rússia sobre a Ucrânia. Moscou e Pequim irão enfatizar este ponto sempre que puderem”, disse Richard Gowan, diretor da ONU no Grupo de Crise Internacional.

    “Todo mundo sabe que Israel é um caso especial para os EUA, mas os americanos acabaram rejeitando um texto que era muito suave e tinha enfoque humanitário”, disse. O texto vetado incluía apelos por pausas no conflito para permitir o acesso da ajuda humanitária e pedia que todas as partes cumprissem o direito internacional.

    Desde que sofreu um ataque surpresa do Hamas, Israel atacou Gaza pelo ar e impôs um cerco completo ao enclave.

    Thomas-Greenfield disse que os norte-americanos ficaram desapontados porque o projeto de resolução não fazia menção ao direito de autodefesa de Israel. Ela deixou a porta aberta para ações futuras da ONU, mas disse que o conselho “precisa acertar isso”.

    Louis Charbonneau, diretor da organização “Human Rights Watch” para a ONU, disse: “Se os EUA e outros governos ocidentais quiserem convencer o resto do mundo de que levam a sério os direitos humanos e as leis da guerra, princípios que aplicam corretamente quanto às atrocidades russas na Ucrânia e às atrocidades do Hamas em Israel, também têm de aplicá-los quanto ao brutal desrespeito de Israel pela vida civil em Gaza”.

    Veja também: Biden diz que Hamas e Putin compartilham objetivo de “aniquilar democracia vizinha”