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    Veja o que a missão lunar indiana descobriu até agora e quais são os próximos passos

    Robôs da missão Chandrayaan-3 pousaram de forma segura há duas semana no polo sul lunar

    O módulo lunar da Chandryaan-3
    O módulo lunar da Chandryaan-3 LEOS/SAC/ISRO

    Jackie Wattlesda CNN

    Após um pouso histórico na superfície lunar — que deu à Índia um posto no seleto clube de países que já colocaram uma espaçonave na Lua com segurança — o módulo Chandrayaan-3 agora está “dormindo” nos 14 dias de noite lunar, até que os controladores da missão despertem a espaçonave no fim do mês.

    Os objetivos principais da missão foram concluídos com sucesso, consolidando o legado do módulo Chandrayaan-3 na história da exploração.

    Durante quase duas semanas, a sonda realizou demonstrações de tecnologia e coleta de dados, focados principalmente na análise da composição do solo e da atmosfera superfina da Lua.

    A espaçonave Chandrayaan-3 pousou na superfície lunar em 23 de agosto.

    O pouso seguro fez da Índia a 4ª nação do mundo a concluir o feito, atrás apenas da antiga União Soviética, dos Estados Unidos e da China. Até agora, no século 21, apenas a China e a Índia pousaram na Lua.

    A missão também se tornou a primeira a explorar tão perto o polo sul lunar, uma região de importância científica e estratégica fundamental para as potências espaciais globais.

    Isso porque se acredita que a área abriga depósitos de gelo de água, o que poderia ser transformado em água potável ou até mesmo em combustível de foguete para futuras missões que explorem mais profundamente o cosmos.

    Na Índia, a missão Chandryaan-3 foi consagrada como um motivo de orgulho nacional. Mais de 70 milhões de pessoas assistiram à cobertura online do desembarque e outros milhares lotaram auditórios e assistiram a festas em todo o país.

    “Nossos incansáveis esforços científicos continuarão a fim de desenvolver uma melhor compreensão do universo para o bem-estar de toda a humanidade”, escreveu o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.

    A Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO) confirmou, na última segunda-feira (4), que o módulo lunar Chandryaan-3 foi colocado em modo de espera, já que a espaçonave não foi projetada para coletar dados científicos enquanto seu local de pouso está na sombra da Terra, ou a noite lunar.

    Mas a agência espacial espera que o módulo de pouso — além de um pequeno veículo espacial de seis rodas que também foi implantado — seja despertado novamente no dia 22 de setembro.

    O Chandryaan-3

    A aterrissagem do Chandrayaan-3 em agosto ocorreu poucos dias após a Rússia ter falhado ao tentar pousar uma nave espacial semelhante, a Luna-25, perto do polo sul da Lua.

    No dia seguinte ao pouso, a ISRO confirmou que o módulo Chandryaan-3 havia pousado com sucesso o veículo lunar de seis rodas, que tinha chegado à superfície dentro do corpo da espaçonave.

    Ele foi lançado e desceu uma pequena rampa antes de partir “em busca dos segredos lunares no polo sul”, disse a ISRO no X, antigo Twitter.

    Juntos, o módulo de pouso, que pesa cerca de 1,7 kg, e o veículo espacial, de 26 kg, contém quase uma dúzia de instrumentos científicos.

    Eles incluem um laser que pode analisar a composição química do regolito lunar — auxiliando na busca por água gelada — e a camada ultrafina de gases que constituem a exosfera lunar. O rover também está equipado com um sismógrafo que tenta detectar terremotos no interior da Lua.

    A ISRO confirmou que todos os instrumentos funcionaram normalmente durante a missão.

    A agência espacial compartilhou atualizações esporádicas nas redes sociais, postando os primeiros vislumbres de vários pontos de dados coletados pelo módulo e pelo veículo espacial, que conseguiu viajar um total de mais de 100 metros pela superfície lunar e conseguiu tirar fotos do módulo durante a jornada.

    Um experimento mediu a temperatura da camada superficial do solo da Lua em várias profundidades, e o cientista da ISRO BHM Darukesha afirmou à mídia local que a superfície estava mais quente do que o esperado.

    “Todos nós acreditávamos que a temperatura poderia estar em torno de 20ºC a 30ºC na superfície, mas estava  em 70ºC. Isso é surpreendentemente maior do que esperávamos”, disse ele.

    O rover também detectou alguma atividade sísmica usando um instrumento projetado para medir estrondos e terremotos abaixo da superfície lunar, e usou um espectroscópio para confirmar a presença de enxofre perto do polo sul da Lua.

    Agora os cientistas pretendem investigar como o elemento chegou até lá — se existe naturalmente na superfície ou se foi provocado por uma queda de meteoro ou atividade vulcânica.

    A ISRO colocou o rover para descansar em 2 de setembro, e seus painéis solares foram programados para captar os primeiros raios solares, quando voltar a ser “dia” na Lua.

    “Esperando um despertar bem-sucedido para outro conjunto de tarefas! Caso contrário, permanecerá lá para sempre como embaixador lunar da Índia”, postou a ISRO no X.

    Além disso, o módulo completou outro feito impressionante também em 4 de setembro, quando se levantou cerca de 40 centímetros do chão e deu um pequeno salto para pousar, a cerca de 30 a 40 centímetros de distância de sua posição original.

    A ISRO enfatizou a importância desta demonstração tecnológica, observando que retirar um módulo de pouso da superfície lunar será essencial para futuras missões, com o objetivo de devolver amostras de solo — ou mesmo astronautas — de volta para casa.

    Pouco depois, o módulo de aterrissagem juntou-se ao rover, entrando em descanso e aguardando o despertar.

    Ainda não é certo que o módulo de pouso e o rover irão, de fato, funcionar adequadamente quando os controladores da missão tentarem ligá-los novamente no final deste mês.

    No entanto, todos os objetivos iniciais que a ISRO estabeleceu para a missão foram bem sucedidos.

    Publicado por Amanda Sampaio, da CNN.

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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