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    Veja 27 mentiras ditas por Trump sobre a eleição de 2020, segundo acusação da Geórgia

    Acusação apresentada nesta semana no estado lista esforços do ex-presidente para derrubar a eleição que terminou com a vitória de Joe Biden

    Daniel Daleda CNN , Em Washington

    Uma acusação do estado da Geórgia ao ex-presidente dos EUA Donald Trump por seus esforços para derrubar as listas eleitorais de 2020 contém pelo menos 27 mentiras que Trump contou sobre a eleição –e isso contando apenas por cima.

    A nova acusação, entregue nesta semana por um grande júri no condado de Fulton, na Geórgia, é a segunda neste mês a funcionar como uma espécie de checagem de fatos da Promotoria sobre a implacável campanha de desonestidade eleitoral do ex-presidente.

    Uma acusação federal no início de agosto, que também acusou Trump de seus esforços para subverter a vontade dos eleitores, listou 21 de suas mentiras eleitorais.

    Há um significante número de mentiras iguais identificadas nas duas acusações, mas o documento do condado de Fulton apresenta mais de suas falsas alegações sobre a Geórgia em particular.

    Trump fez muitas dessas afirmações durante um telefonema em 2 de janeiro de 2021 com o secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, no qual o pressionou a “encontrar” votos suficientes para lhe dar uma vitória no estado que Joe Biden havia vencido.

    A acusação do condado de Fulton –na qual Trump foi acusado de fazer declarações falsas a Raffensperger e em um processo judicial e se envolver em uma conspiração para tentar usar falsos eleitores pró-Trump, entre outros crimes– também expõe inúmeras mentiras de alguns dos 18 aliados de Trump que foram acusados ao lado dele, incluindo um grande número de falsidades de seu ex-advogado Rudy Giuliani.

    Veja a lista de mentiras, segundo a Promotoria:

    1. Trump disse ter sido o verdadeiro vencedor da eleição de 2020 (Página 20 da acusação)

    Esta é a mentira abrangente de Trump sobre a eleição. Ele perdeu de forma justa para Biden, 306-232 no Colégio Eleitoral, e não há evidência de fraude nem perto de generalizada o suficiente para alterar o resultado em qualquer estado.

    2. Afirmação de Trump de que a eleição de 2020 foi “corrupta” (Página 45)

    A acusação do condado de Fulton, como a acusação de subversão eleitoral federal, alega que em 27 de dezembro de 2020, Trump disse o seguinte em uma conversa com dois funcionários do alto escalão do Departamento de Justiça, o procurador-geral interino Jeffrey Rosen e o vice-procurador-geral interino Richard Donoghue: “Apenas diga que a eleição foi corrupta e deixe o resto comigo e com os congressistas republicanos”.

    Donoghue guardou para memória esta suposta observação de Trump em suas notas manuscritas.

    3. Trump afirmou que venceu na Geórgia em 2020 (Páginas 44 e 52)

    Trump repetiu essa mentira, embora a última das três contagens de votos do estado, concluída no início de dezembro de 2020, mostrasse que ele perdeu para Biden por 11.779 votos –e embora o governador e o secretário de estado republicanos da Geórgia tenham certificado a eleição e afirmado firmemente sua legitimidade.

    A acusação do condado de Fulton alega que, em uma ligação de 23 de dezembro de 2020 com o investigador-chefe do escritório de Raffensperger, Trump alegou falsamente que havia vencido na Geórgia “por centenas de milhares de votos”. A acusação também observa que, no telefonema de 2 de janeiro de 2021 com Raffensperger, Trump disse falsamente: “E a verdade é que ganhei por 400 mil votos. Pelo menos”.

    Trump durante campanha em Iowa / 12/8/2023 REUTERS/Scott Morgan

    4. Afirmação de que Trump “também ganhou nos outros swing states em 2020 (Página 46)

    Ele não venceu nos chamados swing states, aqueles estados cujo apoio a um determinado partido oscila a cada votação, –pelo menos não nos estados decisivos do Arizona, Nevada, Michigan, Pensilvânia e Wisconsin– mas fez essa afirmação categórica de qualquer maneira em um tweet de 30 de dezembro de 2020.

    5. Denúncia sobre “fraude maciça de votantes” na Geórgia (Página 48)

    Trump fez essa afirmação falsa em outro tweet em 30 de dezembro de 2020. Não há prova de fraude maciça na Geórgia ou em qualquer outro estado em 2020.

    6. Afirmação de que “o número de votos falsos e/ou irregulares é muito maior do que o necessário para mudar o resultado da eleição na Geórgia” (Página 68)

    Trump fez essa falsa afirmação em uma carta a Raffensperger em setembro de 2021, na qual ele buscava o cancelamento da vitória de Biden na Geórgia quase oito meses completos depois que Biden foi empossado como presidente – uma impossibilidade.

    7. Lançamento supostamente misterioso nas cédulas da Geórgia (Página 51)

    Trump afirmou falsamente na ligação de 2 de janeiro de 2021 com Raffensperger que “algo entre 250 e 300 mil cédulas foram lançadas misteriosamente nas listas” na Geórgia. Na realidade, não houve cédulas misteriosas. O que aconteceu foi que as cédulas legais foram contadas como normais e adicionadas aos totais públicos como normais; as cédulas de áreas urbanas que geralmente demoravam mais para terminar suas contagens tendiam a favorecer Biden.

    8. Fala de Trump sobre as cédulas serem “despejadas” em Fulton e em um condado adjacente (Página 88)

    Trump afirmou falsamente na ligação com Raffensperger que “se você verificar com o condado de Fulton, terá centenas de milhares” de votos impróprios “porque eles despejaram cédulas no condado de Fulton e no outro condado próximo a ele”. Isso não aconteceu.

    9. Trump disse que “cerca de 5.000” votos na Geórgia foram lançados em nomes de pessoas falecidas (Páginas 9 e 88)

    Quando Trump fez essa falsa alegação na ligação, Raffensperger disse a ele que o número real de votos em nomes de pessoas falecidas era apenas dois; Raffensperger afirmou no fim de 2021 que o total foi atualizado e ficou em quatro.

    Quando a campanha de Trump, no fim de 2020, forneceu alguns exemplos específicos de cédulas supostamente lançadas em nomes de residentes falecidos da Geórgia, suas alegações foram rapidamente desmascaradas.

    Por exemplo, a CNN descobriu que uma cédula que a campanha de Trump alegou ter sido lançada em nome da falecida Deborah Jean Christiansen, na verdade, foi lançada legalmente por um residente vivo da Geórgia que por acaso também se chamava Deborah Jean Christiansen.

    A acusação observa que Trump aumentou ainda mais o número de supostos eleitores mortos, para “até 10.315 ou mais” eleitores mortos, em um processo legal de dezembro de 2020.

    10. Trump afirmou que “cerca de 4.502” pessoas votaram na Geórgia, embora não estivessem na lista de registro de eleitores (Página 51)

    Raffensperger escreveu em seu livro de 2021 que “nossa investigação confirmou que todos os eleitores foram registrados” e que nenhuma evidência foi apresentada para apoiar essa afirmação que Trump fez na ligação.

    11. Afirmação de Trump de que uma funcionária eleitoral do condado de Fulton encheu a urna (Página 88)

    Trump mentiu repetidamente sobre a funcionária eleitoral do condado de Fulton, Ruby Freeman, alegando falsamente a Raffensperger na ligação que ela havia sido flagrada em vídeo enchendo a urna e que ela, sua filha e outras pessoas em um local de contagem de votos do condado de Fulton concederam fraudulentamente a Biden um mínimo de 18 mil votos.

    Na verdade, Freeman, sua filha e os outros trabalhadores não fizeram nada de errado –como Raffensperger disse a Trump e como os principais funcionários do Departamento de Justiça, Rosen e Donoghue, testemunharam ao Congresso, eles disseram a Trump diretamente no fim de 2020. Freeman e sua filha foram totalmente exoneradas por uma investigação estadual.

    12. Quando Trump chamou Freeman de “golpista profissional de votos” (Página 88)

    Trump contou essa mentira a Raffensperger na ligação. Mais uma vez, Freeman não cometeu nenhum delito.

    13. Trump disse que “milhares” de pessoas na Geórgia que foram informadas nos locais de votação que não poderiam votar porque uma cédula já havia sido lançada em seu nome (Página 88)

    Esta é outra afirmação fictícia que Trump fez na ligação com Raffensperger. Raffensperger escreveu em seu livro: “Não há relatos de milhares e milhares de eleitores sendo informados de que não poderiam votar. Se isso tivesse ocorrido, teria sido notícia nacional.”

    14. Afirmação de que Raffensperger “não quis, ou não foi capaz” de abordar as alegações de Trump sobre “um esquema de ‘cédulas sob a mesa’, destruição de cédulas, ‘eleitores’ fora do estado, eleitores mortos e muito mais” (Página 52)

    Na verdade, ao contrário deste tweet de Trump no dia seguinte à ligação, Raffensperger e sua equipe abordaram e desmentiram todas essas falsas alegações de Trump durante a conversa.

    15. “Até 2.560 criminosos com sentença incompleta” tiveram permissão para votar na Geórgia, disse Trump (Página 86)

    Trump fez essa alegação falsa no processo legal de dezembro de 2020. Raffensperger escreveu em uma carta de 6 de janeiro de 2021 ao Congresso que uma análise de sua equipe descobriu que o número máximo de possíveis eleitores criminosos na eleição de 2020 era 74 e que todos esses eleitores estavam sob investigação.

    Seu escritório não respondeu esta semana a um pedido de atualização sobre a investigação, mas, mesmo assim, o número de “até 2.560” de Trump não chegou nem perto.

    Trump em evento na Flórida / 15/7/2023 REUTERS/Marco Bello

    16. Ex-presidente disse que “pelo menos 66.247” eleitores menores de idade (Página 49)

    Essa alegação no processo legal de dezembro de 2020 era totalmente infundada. Raffensperger escreveu em sua carta de 6 de janeiro de 2021 ao Congresso que seu escritório havia determinado que o número real de eleitores menores de idade era zero.

    17. Denúncias de Trump de que pessoas votaram na Geórgia enquanto estavam registradas apenas em uma caixa postal (Páginas 49 e 88)

    Trump afirmou no processo legal de dezembro de 2020 que “pelo menos 1.043 indivíduos” votaram na Geórgia depois de se registrar ilegalmente para votar usando uma caixa postal como residência; na ligação subsequente com Raffensperger, ele colocou o número em 904 pessoas. Ambos os números eram infundados.

    Raffensperger escreveu em sua carta ao Congresso que uma simples pesquisa no Google mostrou que muitos dos endereços que os aliados de Trump chamavam de caixas postais “são na verdade apartamentos”.

    18. Quando Trump declarou que os estados sabiam que seus totais de votos certificados eram “baseados em irregularidades e fraude” (Página 63)

    Trump fez essa afirmação infundada em um tweet de 6 de janeiro de 2021, enquanto pressionava o então vice-presidente, Mike Pence, a enviar os votos eleitorais de Biden de volta aos estados. Embora alguns aliados de Trump nas legislaturas estaduais certamente acreditassem que os totais de votos de seus estados eram imprecisos, essa nunca foi a opinião dos chefes eleitorais e governadores que eram realmente responsáveis pela certificação – porque não era verdade.

    19. Trump disse que Pence tinha o poder de rejeitar os votos eleitorais de Biden (Páginas 57, 60-62)

    Pence repetidamente, e corretamente, disse a Trump que ele não tinha o direito constitucional ou legal de enviar votos eleitorais de volta aos estados como Trump queria. Os advogados de Trump na Casa Branca concordaram.

    Como a acusação federal no início de agosto, a acusação do condado de Fulton observa que Trump, no entanto, continuou insistindo que Pence poderia fazê-lo –primeiro em conversas e reuniões privadas, depois em tweets em 5 e 6 de janeiro de 2021 e no discurso de Trump em 6 de janeiro de 2021 em Washington em um comício antes do motim no Capitólio dos Estados Unidos naquele dia.

    20. Afirmação de que Pence concordou com Trump sobre os poderes do vice-presidente (Página 61)

    Em 5 de janeiro de 2021, Trump fez sua campanha emitir uma declaração que dizia falsamente “o vice-presidente e eu estamos totalmente de acordo que o vice-presidente tem o poder de agir”. Mas Pence disse repetidamente a Trump, inclusive no início daquele dia, que ele não concordava.

    21. Trump disse que “em Detroit, 139% das pessoas votaram” (Página 88)

    Trump fez essa falsa afirmação na ligação com Raffensperger. Na verdade, Detroit teve 51% de participação.

    22. “Na Pensilvânia, eles tiveram mais de 200 mil votos a mais do que pessoas votando”, disse Trump (Página 88)

    A acusação federal observa que Rosen e Donoghue disseram a ele que essa afirmação era falsa antes que ele a repetisse na ligação com Raffensperger e depois em seu discurso de comício em 6 de janeiro de 2021.

    Na Geórgia, Trump disse esperar que Pence se manifeste a seu favor no Congresso
    Em comício na Geórgia em 2021, Trump disse esperar que Pence se manifestasse a seu favor no Congresso / Foto: Reuters

    23. Falas de Trump sobre a eleição na Pensilvânia (Página 21)

    A acusação observa que Trump fez declarações falsas sobre suposta fraude eleitoral na Pensilvânia quando convocou uma reunião de legisladores estaduais em 25 de novembro de 2020, que também apresentou declarações falsas de Giuliani.

    A acusação não diz quais declarações falsas Trump fez, mas houve várias, incluindo a mentira de que ele “ganhou muito na Pensilvânia” e afirmações vagas, mas infundadas, sobre eleitores mortos e máquinas de votação Dominion. Ele perdeu no estado por 80.555 votos.

    24. Declarações de Trump sobre a eleição no Arizona (Página 23)

    A acusação observa que Trump fez alegações falsas sobre suposta fraude eleitoral no Arizona quando convocou uma reunião de legisladores estaduais em 30 de novembro de 2020. A acusação também não especifica essas declarações falsas, mas elas incluíam a mentira de que ele venceu no Arizona “por muito”.

    25. Ex-presidente afirmou que milhares de pessoas mortas votaram em Michigan (Página 51)

    Trump afirmou falsamente na ligação com Raffensperger que Michigan tinha um “número tremendo” de eleitores mortos, estimando-o provisoriamente em 18 mil. Isso é infundado; reivindicações online sobre um grande número de eleitores falecidos em Michigan foram rapidamente desmentidas em 2020 pela CNN e outros.

    Uma investigação eleitoral de um comitê do Senado do estado de Michigan, liderado pelos republicanos, descobriu que, de uma lista de mais de 200 casos de supostos eleitores mortos no Condado de Wayne não houve nenhum caso de fraude eleitoral –e apenas dois casos em que “parecia” que uma pessoa falecida tinha votado.

    Ambos tinham explicações benignas: um era um erro administrativo envolvendo um eleitor legal que é filho de um eleitor falecido com o mesmo nome, enquanto o outro envolvia uma mulher que havia submetido sua cédula e morreu quatro dias antes do dia da apuração.

    Vídeo: Trump é acusado de interferir na eleição de 2020

    26. Falas de Trump sobre suposta fraude eleitoral em Michigan (Página 21)

    A acusação diz que Trump fez falsas alegações sobre suposta fraude em Michigan durante uma reunião em 20 de novembro no Salão Oval com legisladores estaduais republicanos. A acusação não especifica o que Trump disse na reunião, mas a acusação federal anterior menciona que, nesta reunião, Trump “levantou sua falsa alegação, entre outras, de uma votação ilegítima em Detroit”.

    A acusação federal diz que o líder da maioria no Senado estadual, Mike Shirkey, respondeu dizendo a Trump que o presidente havia perdido no estado “não por causa de fraude”, mas porque ele teve “um desempenho inferior com certas populações de eleitores”.

    27. Alegações de que falsos eleitores pró-Trump eram eleitores reais (Página 76 e outras)

    A acusação do condado de Fulton, como a acusação federal, alega que Trump estava fortemente envolvido no esquema para apresentar listas de falsos eleitores pró-Trump do Colégio Eleitoral em estados indecisos vencidos por Biden, dizendo que Trump e vários aliados “conspiraram ilegalmente para certos indivíduos se apresentarem falsamente como eleitores presidenciais devidamente qualificados do Estado da Geórgia” com a intenção de enganar Pence, Raffensperger, o principal arquivista do país e o principal juiz distrital do Distrito Norte da Geórgia.

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