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    Variante britânica da Covid-19 é até 64% mais letal, aponta estudo

    A pesquisa, publicada em um jornal médico do Reino Unido, revela que a nova variante foi associada a 227 mortes em uma amostra de 54.906 pacientes

    Jacqueline Howard, da CNN

    A variante B.1.1.7 do coronavírus, que foi identificada pela primeira vez no Reino Unido, está associada a um risco estimado de morte 64% maior de Covid-19, sugere uma nova pesquisa publicada no jornal médico BMJ na quarta-feira (10).

    Uma amostra de pessoas infectadas com a variante no Reino Unido parecia ter entre 32% e 104% – cerca de 64% prováveis – mais probabilidade de morrer do que aqueles infectados com as variantes circulantes anteriormente, de acordo com o estudo publicado.

    A variante foi originalmente considerada mais facilmente transmissível e os novos dados apoiam as alegações de funcionários do Reino Unido, com base em dados preliminares, de que a variante pode ser mais mortal também.

    Os pesquisadores, de várias instituições no Reino Unido, analisaram dados de mais de 100.000 pacientes com teste positivo para Covid-19 entre outubro e janeiro, e foram acompanhados até meados de fevereiro. Eles analisaram de perto quais testes detectaram a variante em comparação com aqueles de variantes que circulavam anteriormente.

    O estudo mostrou que a nova variante foi associada a 227 mortes em uma amostra de 54.906 pacientes – em comparação com 141 mortes entre o mesmo número de pacientes infectados com cepas anteriores.

    “Na comunidade, a morte por COVID-19 ainda é um evento raro, mas a variante B.1.1.7 aumenta o risco. Juntamente com sua capacidade de se espalhar rapidamente, isso torna B.1.1.7 uma ameaça que deve ser levada a sério”, disse Robert Challen, principal autor do estudo da Universidade de Exeter, no Reino Unido, em um comunicado à imprensa nesta quarta-feira.

    Mais pesquisas são necessárias para determinar o que exatamente acontece no curso da infecção causada pela variante B.1.1.7 que pode levar a um aumento do risco de morte, disse à CNN o Dr. Amesh Adalja, acadêmico sênior do Centro de Segurança Sanitária da Universidade Johns Hopkins. No estudo, o maior risco de morte associado à variante surge em torno de duas semanas no curso da doença de Covid-19 de um paciente.

    O novo estudo acrescenta à nossa compreensão da variante B.1.1.7, que está alimentando um aumento recente de infecções em toda a Europa, Lawrence Young, virologista e professor de oncologia molecular da Universidade de Warwick no Reino Unido, que não esteve envolvido no novo estudo, disse em um comunicado distribuído pelo Science Media Center na quarta-feira.

    “Este estudo confirma trabalhos anteriores que mostram que a infecção com a variante do vírus B.1.1.7 está associada a um risco aumentado de morte”, disse Young. “Os mecanismos precisos responsáveis pelo aumento da mortalidade associada à variante permanecem incertos, mas podem estar relacionados a níveis mais elevados de replicação do vírus, bem como a maior transmissibilidade”.

    O Dr. Julian Tang, professor associado honorário e virologista clínico da Universidade de Leicester, disse em um comunicado que “ainda não está muito convencido por esses resultados” do estudo.

    As temperaturas mais frias do inverno podem agravar as condições subjacentes – como doenças cardíacas, pulmonares, renais e neurológicas crônicas – que podem predispor as pessoas a Covid-19 mais grave ou mesmo à morte, disse Tang em comunicado distribuído pelo Science Media Center. 

    “Nós realmente precisamos rever isso na primavera para levar em conta o fator de clima frio, bem como outras variáveis sazonais”, disse ele.

    Mais pesquisas também são necessárias para determinar se descobertas semelhantes surgirão entre mais pacientes de outras partes do mundo. A variante está se espalhando nos Estados Unidos, por exemplo, e as autoridades de saúde alertam que “pode se tornar dominante” no país.

    “A variante da preocupação, além de ser mais transmissível, parece ser mais letal”, escreveram os pesquisadores em seu estudo. “Esperamos que isso esteja associado a mudanças em suas propriedades fenotípicas por causa de múltiplas mutações genéticas, e não vemos nenhuma razão para que esta descoberta seja específica para o Reino Unido”, finalizam.

    *Este texto é uma tradução. Para ler o texto original clique aqui.

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