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    Usinas nucleares não devem operar em campos de guerra, diz professor

    Em entrevista à CNN, Aquilino Senra avaliou que instalações ucranianas são responsáveis por metade da geração de energia do país

    Layane SerranoVinícius Tadeuda CNN

    São Paulo

    Na última sexta-feira (4), as tropas russas que estão invadindo a Ucrânia tomaram o controle da usina nuclear de Zaporizhzhia, no sudeste do país. De acordo com a a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), ligada à ONU, os reatores não sofreram danos e não houve vazamento de material radioativo.

    No entanto, em entrevista à CNN, o físico e professor do programa de engenharia nuclear da Coordenadoria dos Programas de Pós-Graduação da UFRJ Aquilino Senra ressaltou que “as usinas nucleares são feitas para operar em condições normais em que não haja um campo de guerra como está acontecendo hoje“.

    A instalação, maior de energia nuclear na Europa, foi atingida por um incêndio que durou quatro horas e afetou as unidades de geração de energia. O especialista ressaltou que “no campo de guerra, o soldado não se preocupa para onde vai lançar, ele quer atacar seu inimigo”.

    De acordo com o professor, caso houvesse a destruição do prédio que abriga as usinas nucleares em Zaporizhzhia, “todo o material radioativo que é produzido nas usinas vai para o meio ambiente”. Ele ainda lembrou que “a quantidade de material radioativo nessas usinas é muito maior que o inventário que existia em Chernobyl“.

    Senra avaliou que, dependendo das condições meteorológicas, “o material pode ser propagado para qualquer país no entorno da região ou até muito distante”. O professor pontuou que, atualmente, há 15 usinas nucleares em operação na Ucrânia.

    Na avaliação do especialista, tomar o controle das usinas nucleares ucranianas pode fazer parte de uma estratégia do exército da Rússia, já que “as 15 usinas nucleares geram quase a metade da eletricidade da Ucrânia”.

    “Se houver a tomada dessas usinas, o primeiro ato das tropas será desligar as usinas para que 50% da energia não seja gerado e com isso haja um desabastecimento da população, para forçar uma rendição porque a população começa a ficar em uma situação dramática”, avaliou.