UNRWA faz apelo contra pressão por fim da agência de apoio aos palestinos
Estrutura da ONU atua dede 1949 no apoio a palestinos no Oriente Médio
O chefe da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) pediu nesta segunda-feira (24) aos parceiros que lutassem contra os esforços de Israel para dissolver a organização enquanto fornece assistência humanitária a Gaza e em toda a região.
“Israel há muito que critica o mandato da agência. Mas agora procura pôr fim às operações da UNRWA, rejeitando o estatuto da agência como uma entidade das Nações Unidas apoiada por uma esmagadora maioria dos Estados-membros”, disse o chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, numa reunião dos representantes da comissão consultiva da agência em Genebra.
“Se não reagirmos, outras entidades da ONU e organizações internacionais serão as próximas, minando ainda mais o nosso sistema multilateral”.
Lazzarini disse que a agência estava a ser submetida a um “esforço concertado” para desmantelá-la, nomeadamente através de iniciativas legislativas que ameaçavam expulsar a agência do seu complexo e rotulavam a UNRWA como uma organização terrorista.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, apelou durante anos ao desmantelamento da UNRWA, acusando-a de incitamento anti-Israel. No mês passado, o parlamento de Israel, o Knesset, aprovou a leitura preliminar de um projeto de lei que visa designar a UNRWA como organização terrorista.
A missão diplomática israelense em Genebra rejeitou a declaração de Lazzarini nesta segunda-feira.
“Permitir que outras entidades da ONU e organizações internacionais sejam usadas ou controladas por organizações terroristas na medida em que o Hamas se incorporou na UNRWA prejudicará ainda mais o nosso sistema multilateral”, afirmou num comunicado. “Esta é a verdadeira ameaça à nossa ordem internacional baseada em regras.”
Lazzarini também disse que a agência, que forneceu ajuda essencial aos habitantes de Gaza durante a ofensiva de oito meses de Israel, estava “cambaleando sob o peso de ataques implacáveis”.
“Em Gaza, a agência pagou um preço terrível: 193 funcionários da UNRWA foram mortos”, disse ele.
“Mais de 180 instalações foram danificadas ou destruídas, matando pelo menos 500 pessoas que procuravam proteção das Nações Unidas… As nossas instalações foram utilizadas para fins militares por Israel, Hamas e outros grupos armados palestinos”.
Vários países suspenderam o seu financiamento à UNRWA na sequência de acusações de Israel de que alguns dos funcionários da agência estavam envolvidos no ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro, que desencadeou a guerra em Gaza. Desde então, a maioria dos doadores retomou o seu financiamento.
Lazzarini disse que a UNRWA ainda não tinha os recursos necessários para cumprir o seu mandato.
“A capacidade da agência de operar depois de agosto dependerá do desembolso dos fundos planejados pelos Estados-membros e do fornecimento de novas contribuições para o orçamento principal”, disse ele.
Fundada em 1949, após a primeira guerra árabe-israelense, a UNRWA presta serviços que incluem educação, cuidados de saúde primários e ajuda humanitária em Gaza, na Cisjordânia, na Jordânia, na Síria e no Líbano.