Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Gigantes europeus criam Superliga, e Uefa ameaça grupo com punições

    Superliga de futebol, formada por times ingleses, espanhóis e italianos, foi anunciada neste domingo; Uefa chama grupo de 'projeto cínico'

    Daniel Fernandes*, da CNN, em São Paulo

    Doze clubes – os espanhóis Atlético de Madri, Barcelona e Real Madrid, os ingleses Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester United, Manchester City e Tottenham, além dos italianos Inter de Milão, Juventus e Milan – anunciaram neste domingo (18) que criarão uma nova competição, chamada Superliga, que pretende reunir alguns dos maiores clubes da Europa e substituir as competições continentais disputadas atualmente – no caso, a Liga dos Campeões da Uefa (União Europeia de Futebol).

    Clubes da Alemanha e a da França recusaram convites para participar do grupo. Entre eles, o Bayern de Munique, atual campeão europeu e mundial, e o Paris Saint-Germain, clube de Neymar.

    Formato

    De acordo com o comunicado divulgado pelos organizadores da Superliga, mais três times devem se juntar ao grupo de fundadores da competição. Somados aos 15 iniciais, outros cinco clubes integrarão a competição de acordo com seu desempenho em suas respectivas ligas. 

    A proposta é que as datas da Superliga ocorram em dias no meio da semana, para que os times possam disputar normalmente suas ligas nacionais nos fins de semana.

    Os clubes serão distribuídos em dois grupos de 10 e se enfrentarão em dois turnos. Os três melhores de cada grupo se classificariam, então, para as quartas de final, enquanto as outras duas vagas seriam disputadas em um playoff entre os times que terminaram em quarto e quinto em cada grupo.

    A partir das quartas de final, os jogos ocorrerão em formato ida e volta, mas a grande decisão será feita em uma partida única, em um estádio neutro, de acordo com o divulgado pelos organizadores.

    Na nota, os organizadores afirmaram também que planejam criar uma liga feminina após o início da competição masculina. 

    Sede da Uefa
    Uefa promete sanções aos clubes que integrarem a competição
    Foto: Facebook/Reprodução

    Reações

    Após o anúncio dos clubes, a Uefa – que organiza atualmente as competições continentais no futebol europeu – afirmou que os clubes podem ser banidos de competições domésticas e internacionais caso organizem uma competição concorrente à Liga dos Campeões.

    Em um comunicado conjunto com as ligas e federações de Espanha, Inglaterra e Itália, a Uefa afirmou que considerará “todas as medidas”, incluindo ações judiciais e banimentos de ligas domésticas, em oposição aos planos de uma competição paralela.

    “Se isso acontecer, queremos reiterar que nós… (e) também a Fifa e todas as nossas federações permanecerão unidas na tentativa de interromper esse projeto cínico, um projeto que se baseia no interesse próprio de alguns poucos clubes no momento em que a sociedade precisa de mais solidariedade do que nunca”, disse a Uefa.

    “Vamos considerar todas as medidas disponíveis, em todos os níveis, judiciais e esportivos, para impedir que isso aconteça. O futebol é baseado em competições abertas e méritos esportivos; não pode ser de qualquer outra maneira”, acrescentou o comunicado.

    Além da Uefa, a Associação de Clubes Europeus, que é comandada pelo presidente da Juventus – que integra a Superliga – Andrea Agnelli, que já sinalizou que deixará a associação -, também se manifestou sobre a intenção dos clubes da elite, e afirmou que irá se opor “fortemente” ao projeto e que se reunirá nos próximos dias para estudar quais medidas adotar.

    “A ECA [Associação de Clubes Europeus, na sigla em inglês] apoia o compromisso de trabalhar com a Uefa em uma estrutura renovada para o futebol de clubes europeu como um todo após 2024, incluindo alterações propostas para as competições de clube da Uefa depois de 2024”, diz o comunicado.

     

    Fifa também é contra a competição

    A Uefa pode contar com o apoio da entidade máxima do futebol para punir os clubes que planejam formar a Superliga. Em janeiro, a Fifa afirmou que uma competição independente não seria reconhecida e que “qualquer clube ou jogador envolvido nesse tipo de torneio não poderia participar de qualquer competição organizada pela Fifa ou por sua respectiva confederação” – o que significa que os jogadores seriam banidos da Copa do Mundo da seleções, por exemplo.

    Hoje, a Fifa se pronunciou sobre o projeto da Superliga e reiterou ser contrária à ideia. 

    “A Fifa só pode expressar sua desaprovação a uma ‘liga separatista europeia fechada’ fora das estruturas do futebol internacional e não respeitando os princípios acima mencionados”, afirma o comunicado.

    O comunicado deste domingo da Uefa reitera a possibilidade de exclusão dos times. “Os clubes em questão serão banidos de qualquer outra competição, em nível doméstico, europeu ou mundial, e pode ser negada aos jogadores a oportunidade de representar suas seleções nacionais”.

    “Agradecemos os clubes em outros países, especialmente de França e Alemanha, que se recusaram a participar disso. Convocamos todos os amantes do futebol, torcedores e políticos, a se unirem a nós na luta contra um projeto desse tipo, caso ele seja anunciado. Esse persistente autointeresse de poucos está em andamento há tempo demais. Chega”, diz o comunicado.

    Pandemia acelerou movimento

    Em nota, os organizadores da Superliga afirmaram que a criação da competição ocorre em um momento em que “a pandemia global acelerou a instabilidade no modelo econômico do futebol europeu”. 

    Segundo eles, a competição “proporcionará um crescimento econômico significativamente maior”, com pagamentos “substancialmente mais elevados do que os gerados pela atual competição europeia”. Pelo acordo para a criação da Superliga, os clubes fundadores receberão 3,5 bilhões de euros (cerca de R$ 23,4 bilhões), afirma o comunicado.

    Apesar da reação das entidades, os organizadores da Superliga afirmaram no comunicado de lançamento da competição que pretendem discutir com a Uefa e a Fifa e trabalhar em parceria com as organizações.

    *Com informações da Reuters

    Tópicos