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    Turquia aprova candidatura da Finlândia à Otan; Suécia ainda não tem resposta

    Parlamento turco votou de forma unânime a favor da filiação da Finlândia nesta quinta-feira (30), retirando o último obstáculo no processo de ascensão

    Ivana Kottasováda CNN

    A Turquia aprovou a candidatura da Finlândia para se juntar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), colocando fim a meses de atraso. O país, no entanto, ainda bloqueia a entrada da Suécia na aliança militar.

    O parlamento turco votou de forma unânime a favor da filiação da Finlândia nesta quinta-feira (30), retirando o último obstáculo no processo de ascensão.

    O voto cumpre a “promessa” do presidente turco Recep Tayyip Erdogan de permitir a Finlândia na aliança de defesa. A Turquia permanecia como o último país que não havia aprovado a entrada do país nórdico, apesar de a Hungria ter feito o mesmo apenas na última segunda-feira.

    Em nota após a votação, o presidente finlandês Sauli Niinisto disse que seu país está “pronto para se juntar à Otan”.

    “Todos os 30 membros ratificaram a filiação da Finlândia. Eu quero agradecer a cada um dos membros por sua confiança e apoio”, escreveu. “A Finlândia será um aliado forte e capacitado, comprometido com a segurança da aliança.”

    “Estamos ansiosos para receber a Suécia conosco o mais cedo possível”, acrescentou o líder finlandês.

    O Secretário-Geral da Otan, Jens Stoltenberg, também exaltou a decisão. “Eu aceito o voto da Grande Assembleia Nacional da Turquia para completar a ratificação da ascensão da Finlândia. Isso fará toda a família Otan mais forte e mais segura”, disse Stoltenberg usando o Twitter.

    A Finlândia e a Suécia mantiveram por décadas o compromisso de não se alinhar à Otan como uma forma de evitar provocar Moscou. No entanto, isso mudou quando o presidente russo Vladimir Putin convocou suas tropas para invadir a Ucrânia e forçar os dois países a reavaliar seu status neutro.

    A maioria dos membros da Otan aprovou as candidaturas, aprovando-as dentro de semanas. No entanto, dois países, a Turquia e a Hungria, começaram a desacelerar o processo.

    A Otan possui uma política de “portas abertas”, o que significa que qualquer país pode ser convidado a se juntar caso expresse interesse, contanto que seja capaz e disponível para seguir os princípios do tratado fundador do bloco. Contudo, sob as regras de ascensão, qualquer estado-membro pode vetar a entrada de um novo aliado.

    Erdogan acusou a Finlândia e a Suécia de hospedar “organizações terroristas” curdas, enquanto o primeiro-ministro húngaro Viktor Orban reinvindicou que estariam espalhando “mentiras” sobre o registro do estado de direito de seu país.

    Turquia e Hungria posteriormente atenuaram suas posições sobre a entrada da Finlândia, abrindo a porta para sua filiação no início de março. No entanto, continuam se opondo à entrada da Suécia – ao menos por enquanto.

    O parlamento húngaro angariou 182 votos a favor e seis votos contra a filiação da Finlândia na segunda-feira. Na quarta-feira, o porta-voz do governo húngaro Zoltán Kovács disse haver uma “abundância de queixas para endereçar” antes de ratificar a entrada da Suécia na Otan.

    Escrevendo em um blog, Kovács disse que as relações entre os dois países “estiveram extenuadas durante os anos”, o que ele afirmou tornar “fechar as lacunas mais difícil”.

    “Sabemos que precisamos esclarecer questões com a Suécia para prosseguir”, acrescentou.

    A Turquia também parece firme em sua oposição à filiação sueca. Erdoğan disse previamente que a Turquia não aprovaria a entrada da Suécia na Otan exceto caso o país extradite “terroristas” sob demanda da Turquia. A Suécia deixou claro que isso não acontecerá, e, por enquanto, o processo está parado.

    A Turquia é um membro poderoso da Otan, com o segundo maior exército do bloco, atrás apenas dos Estados Unidos. Sua localização, no flanco sudeste da aliança, o torna um membro estrategicamente importante. Ela age como um amortecedor entre o Ocidente e uma faixa de países do Oriente Médio com um histórico de instabilidade política, e onde os países ocidentais têm interesses substanciais. O fato de o país ter se juntado ao bloco apenas três anos depois de sua fundação aumenta sua influência.

    Todavia, o país se tornou um membro caótico sob a liderança de Erdoğan.

    Erdoğan descordou com membros da Otan em diversas questões, incluindo sobre a Síria e a Líbia, e se opôs à indicação do dinamarquês Anders Fogh Rasmussen para a cadeira de líder da Otan, até que o então presidente dos EUA, Barack Obama, interviesse pedindo que um dos deputados de Rasmussen fosse turco.

    A Turquia já se beneficiou de sua filiação à aliança, tanto em termos de segurança, quanto em influência política.

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