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    Trump insinua que pessoas deveriam votar 2 vezes para testar sistema eleitoral

    Declaração foi feita na Carolina do Norte; no estado é crime votar mais do que uma vez ou induzir alguém a fazê-lo

    Maegan Vazquez e Nikki Carvajal da CNN

    Donald Trump, presidente dos EUA, durante visita à cidade de Kenosha, Wisconsin
    Donald Trump, presidente dos EUA, durante visita à cidade de Kenosha, Wisconsin
    Foto: Leah Millis – 01.set.2020 / Reuters

    O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, insinuou nessa quarta-feira (2) que os eleitoes na Carolina do Norte deveriam votar duas vezes — uma vez pelo correio e outra pessoalmente — nas eleições presidenciais de novembro.

    Ele disse que as pessoas deveriam “checar” se o voto foi confirmado. Trump já havia dito anteriormente que acreditava que os votos por correio eram “suscetíveis a fraudes”. A fala do presidente já está recebendo críticas dos oficiais eleitorais dos estados.

    Por lei, americanos podem votar apenas uma vez em cada eleição.

    Trump deu a declaração ao ser questionado pela emissora de TV local WECT, em Wilmington, na Carolina do Norte, se estava confiante no sistema de votação remoto do estado.

    “Deixe-os enviar os votos e deixe-os ir votar pessoalmente. Se o sistema é tão bom quanto eles dizem que é, então obviamente eles não serão permitidos a votar. Se forem registrados [os votos remotos], eles não poderão votar. É assim que as coisas são. E é isso que eles devem fazer”, declarou.

    O presidente depois disse que as pessoas deveriam enviar seus votos por correio: “Mandem-os massivamente, solicitados ou não. Tudo certo com os votos remotos. Vocês têm que trabalhar para convencê-los”.

    “E você o envia, mas também vai votar. Se eles não tiverem contabilizado o seu, pode votar. É assim que eu penso”, ele disse.

    Em essência, Trump encorajou os eleitores a testar o sistema do estado.

    De acordo com a lei da Carolina do Norte, é crime que “qualquer pessoa com a intenção de cometer fraude no registro, votar em mais de um recinto ou mais de uma vez, ou induzir outra pessoa a fazê-lo, nas mesmas primárias ou eleições, ou a votar ilegalmente em qualquer primária ou eleição”.

    Richard Pildes, analista de leis eleitorais da CNN e professor na faculdade de Direito da Universidade de Nova York (NYU), disse que existem implicações legais e de políticas públicas para o que Trump disse.

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    “Primeiramente, a perspectiva legal: todos os estados têm mecanismos para garantir que um eleitor não possa registrar ambos o voto remoto e o presencial”, disse Pildes.

    “Uma regra comum é que se o seu voto remoto ainda não foi registrado e você for votar pessoalmente, seu voto presencial será contabilizado e seu voto remoto rejeitado. Mas se seu voto remoto já tiver sido registrado como recebido, você será instruído a votar em um ‘bilhete provisório’ e ele será descartado assim que o voto remoto for confirmado”.

    “Mas da perspectiva de políticas públicas, esses comentários apenas causam uma enorme confusão”, ele completou.

    Rick Hansen, professor de lei e ciência política na Universidade da Califórnia Irvine e analista da CNN, disse que, enquanto o caso pode ser tratato como uma “piada” de Trump, a questão maior é sobre as intenções da declaração.

    “Soa como se ele estivesse sugerindo uma tentativa de registrar votos duas vezes como uma forma de testar a integridade do sistema ou assegurar que seus eleitores consigam contabilizar pelo menos um voto para ele. Essa é uma intenção fraudulenta? Um júri poderia entender que sim, especialmente, pois Trump já citou outras vezes que acredita que práticas como o voto duplo não seria percebido pelos oficiais eleitorais”, escreveu Hasen no seu blog Leis Eleitorais.

    (Texto traduzido do inglês, clique aqui para ler o original)