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    Trump foi responsável por incitar invasão ao Capitólio, dizem testemunhas em comissão

    Comitê seleto da Câmara diz que o ex-presidente foi informado por assessores de seu governo que havia perdido a eleição e deveria reconhecer a vitória de Biden, mas ele optou por desconsiderar seus conselhos

    Patricia ZengerleRichard Cowanda Reuters

    Parlamentares dos Estados Unidos acusaram nesta terça-feira (12) o então presidente Donald Trump de incitar uma multidão de seguidores a atacar o Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, em uma última tentativa de permanecer no poder enquanto o Congresso atestava formalmente a sua derrota eleitoral.

    Membros de um comitê seleto da Câmara que investiga o ataque disseram que Trump foi informado por assessores de seu governo e de sua campanha que havia perdido a eleição presidencial de 2020 e deveria reconhecer a vitória de Joe Biden, mas ele optou por desconsiderar seus conselhos.

    Em depoimentos em vídeo, testemunhas descreveram uma reunião tensa de seis horas em dezembro de 2020, onde Trump ignorou os membros de sua equipe e ficou do lado de conselheiros externos que o estimularam a continuar emitindo alegações infundadas de fraude eleitoral.

    Trump foi o responsável pelo caos que se seguiu, apontaram eles.

    “O presidente Trump é um homem de 76 anos. Ele não é uma criança impressionável… Ele é responsável por suas próprias ações e suas próprias escolhas”, disse a deputada republicana Liz Cheney, vice-presidente do painel.

    “A estratégia é culpar pessoas que os assessores do ex-presidente chamaram de ‘loucos’ pelo que o próprio Donald Trump fez. Isso, é claro, é um absurdo”, acrescentou Liz sobre o episódio do Capitólio.

    Membros do comitê afirmaram que Trump incitou o tumulto ao se recusar admitir que perdeu a eleição e ao fazer comentários em suas redes sociais, como o de 19 de dezembro de 2020, quando pediu aos seus apoiadores que se reunissem em Washington para um “grande protesto”.

    “Esteja lá, seja selvagem.”

    Os sete democratas e dois republicanos do comitê usaram as audiências para construir um caso mostrando que os esforços de Trump para reverter sua derrota nas eleições de novembro de 2020 vão muito além da política normal e constituem uma conduta ilegal.

    Trump, que deu a entender que pode buscar a Casa Branca novamente em 2024, nega qualquer irregularidade e afirma falsamente que perdeu apenas por causa de uma fraude generalizada que beneficiou Biden, um democrata.

    “Vocês não são durões o suficiente”

    A audiência também serviu para analisar as ligações entre grupos militantes de direita, incluindo os Oath Keepers, Proud Boys e o movimento de conspiração da internet QAnon, e Trump e seus aliados.

    A oitiva contou com depoimentos em vídeo de Pat Cipollone, ex-advogado de Trump na Casa Branca, que conversou com os investigadores do comitê por oito horas a portas fechadas na última sexta-feira.

    Cipollone disse que pediu a Trump que cedesse.

    O comitê tocou depoimentos gravados de Cipollone e outras figuras do governo Trump descrevendo uma reunião furiosa em 18 de dezembro, onde um punhado de conselheiros externos de Trump, incluindo seu advogado pessoal Rudy Giuliani, o advogado Sidney Powell e Patrick Byrne, executivo-chefe da Overstock.com, o encorajaram para lutar contra o resultado da eleição.

    “Acho que nenhuma dessas pessoas estava dando bons conselhos ao presidente. Não entendi como eles entraram”, alegou Cipollone.

    A reunião durou mais de seis horas, terminando depois da meia-noite.

    Giuliani, que foi escoltado para fora da Casa Branca, contou, em depoimento em vídeo, que seu argumento foi: “Vocês não são durões o suficiente. Ou talvez eu coloque de outra forma: vocês são um bando de maricas, desculpe a expressão. Tenho quase certeza de que a palavra foi usada”.

    O ataque ao Capitólio, após um discurso que Trump fez em um comício fora da Casa Branca, atrasou a certificação da eleição de Joe Biden por horas, feriu mais de 140 policiais e levou a várias mortes.

    O comitê também interpretou o depoimento de um ex-funcionário do Twitter descrevendo seu medo após o tweet de Trump em dezembro.

    “Parecia que uma multidão estava sendo organizada e ela estava reunindo seu armamento, sua lógica e seu raciocínio por que estava preparado para lutar”, lembrou o funcionário.

    Cerca de 800 pessoas, incluindo membros de ambos os grupos de direita, foram acusadas de participar do motim do Capitólio, com cerca de 250 confissões de culpa até agora.

    Trump e seus apoiadores, além de muitos republicanos no Congresso, descrevem o painel de 6 de janeiro como uma “caça às bruxas política”, mas os apoiadores do painel dizem que é uma investigação necessária sobre uma ameaça violenta contra a democracia.

    (Reportagem adicional de Sarah N. Lynch, Doina Chiacu e Rose Horowitch; edição de Andy Sullivan e Howard Goller)