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    Trump encerra entrevista no ’60 Minutes’ antes de gravar com Pence

    De acordo com uma testemunha, o presidente deixou a entrevista porque estava frustrado com a linha de questionamento do entrevistador

    Kaitlan Collins e Khalil Abdalla,

    da CNN

     

    O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, encerrou abruptamente uma entrevista individual para o programa “60 Minutes” da rede de TV aberta CBS News, na terça-feira (20), e não voltou para uma segunda rodada que faria ao lado do vice-presidente Mike Pence, de acordo com fontes que viram o ocorrido.

    As equipes de filmagem do programa se instalaram na Casa Branca na segunda-feira (19). No dia seguinte, de acordo com duas fontes da CNN, Trump conversou com a apresentadora Lesley Stahl por cerca de 45 minutos, encerrando abruptamente a entrevista e dizendo à rede que acreditava que eles tinham material suficiente para usar.

    De acordo com uma testemunha, o presidente deixou a entrevista porque estava frustrado com a linha de questionamento de Stahl. Outra pessoa disse que a maior parte da entrevista foi focada no novo coronavírus.

    Na quarta-feira, o chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, disse que há “alta probabilidade” de o presidente divulgar a entrevista antes de ela ir ao ar no domingo. Ele acusou Stahl de agir “mais como uma jornalista de opinião”.

    Quando questionado sobre o que aconteceu durante a entrevista, Meadows respondeu: “Você vai poder ver”.

    A CBS não respondeu a um pedido de comentário para esta reportagem. Quando solicitada a comentar, a Casa Branca não contestou o relato ouvido pela CNN.

    Depois da gravação, o presidente acusou a apresentadora do “60 Minutes” de não usar máscara e tuitou um breve clipe dela sem máscara enquanto estava na Casa Branca.

    Uma pessoa familiarizada com a situação disse à CNN que a imagem do tuíte mostra Stahl com seus produtores imediatamente após Trump encerrar a entrevista. Stahl ainda não havia voltado para pegar seus pertences e colocar a máscara de volta. Ela usou uma máscara desde o momento em que entrou na Casa Branca e pouco antes do início da entrevista.

    Faltando cerca de duas semanas para a eleição, Trump passou esta semana lançando ataques dispersos e se mostrando chateado com quem trata sua campanha como condenada ao fracasso. Sua gravação truncada no “60 Minutes” parecia uma extensão da irritação visível de Trump nos dias finais da campanha.

    O ex-vice-presidente Joe Biden e a senadora da Califórnia Kamala Harris também foram entrevistados pelo “60 Minutes” e todos os quatro estão programados para aparecer no mesmo programa no domingo. Enquanto Biden e Harris gravaram suas entrevistas separadamente, Trump e Pence foram programados para aparecer na frente das câmeras juntos, como fizeram quatro anos atrás, para uma caminhada e conversa. Mas, segundo as fontes, Trump não voltou para a aparição com Pence.

    A entrevista está marcada para ir ao ar neste domingo na TV dos EUA.

    Enfrentando um grande déficit nas pesquisas nacionais contra Biden e com o tempo para reconquistar eleitores se esgotando, Trump se tornou combativo esta semana, lançando acusações e insultos.

    Na segunda-feira, ele chamou o doutor Anthony Fauci de “desastre” e acusou a mídia de ser “criminosa” por não cobrir acusações infundadas contra Biden.

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    Na manhã de terça-feira, Trump exigiu que seu procurador-geral, William Barr, trabalhasse “rápido” para iniciar uma investigação com base nas acusações sem fundamento antes da eleição. E ele acusou a comissão que organiza o debate de quinta-feira (22) de tendenciosa, depois de anunciar que os microfones dos candidatos seriam silenciados em partes do evento.

    Embora Trump permaneça otimista sobre suas chances de vitória, seu caminho para a reeleição é estreito, já que as pesquisas em estados que ele venceu em 2016 mostram Biden à frente. Trump ficou furioso com histórias que sugerem que sua campanha está fadada à derrota e questiona por que os republicanos parecem se distanciar.

    Na segunda-feira, no estado do Arizona, o presidente reconheceu que estava chateado.

    “Não estou ficando com medo”, disse Trump aos repórteres. “Acho que estou com raiva”.

    Em uma entrevista de 2018, a apresentadora Lesley Stahl questionou Trump sobre mudanças climáticas e a interferência nas eleições russas. Mesmo irritado em alguns momentos, Trump concluiu a entrevista.

    Stahl contou que, durante uma conversa fora das câmeras com Trump em 2016, quando ele estava concorrendo à presidência, ele admitiu que seus ataques à imprensa visavam desacreditar as histórias negativas que surgiram sobre ele.

    “Ele disse: ‘Você sabe por que eu faço isso? Faço isso para desacreditar e rebaixar todos vocês, para que, quando escreverem histórias negativas sobre mim, ninguém acredite em vocês’. Ele disse isso”, contou Stahl.

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês).