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    Trump diz que vai recorrer de condenação histórica

    Republicano se tornou o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a ser considerado culpado criminalmente

    Trump em Nova York
    Trump em Nova York 30/5/2024 REUTERS/Andrew Kelly

    Luc CohenHelen CosterAndy Sullivanda Reuters

    Nova York

    Donald Trump disse nesta sexta-feira (31) que apelaria do veredito de culpa que o tornou o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos condenado por um crime. O republicano precisa esperar até depois que sair sua sentença, em 11 de julho, para tomar oficialmente a medida.

    Em comentários no lobby da Trump Tower, em Manhattan, onde anunciou a sua primeira candidatura presidencial em 2015, Trump repetiu as queixas de que o julgamento foi uma tentativa “fraudada” de impedir a sua candidatura de regresso à Casa Branca e alertou que isso demonstrava que nenhum americano estaria salvo de uma acusação com motivação política.

     

     

    “Se eles podem fazer isso comigo, podem fazer isso com qualquer um”, disse Trump.

    Aplaudido pelos apoiadores, Trump, o candidato republicano nas eleições de 2024, não respondeu às perguntas dos repórteres.

    “Vamos apelar desse golpe”, acrescentou.

    Trump terá 30 dias a partir da data de sua sentença, em 11 de julho, para apresentar uma notificação de recurso.

    O presidente democrata, Joe Biden, que enfrentará Trump nas eleições de 5 de novembro, disse que o republicano teve a oportunidade de se defender no mesmo sistema de justiça que se aplica a todos os americanos.

    “É imprudente, perigoso e irresponsável alguém dizer que isso foi fraudado só porque não gosta do veredito”, disse Biden na Casa Branca.

    A acusação pela qual Trump foi condenado, de falsificação de registos comerciais, acarreta uma pena máxima de quatro anos de prisão. Outros condenados por esse crime recebem frequentemente penas mais curtas, multas ou liberdade condicional.

    Mas as críticas públicas de Trump aos jurados e testemunhas durante o julgamento, que levaram o juiz Juan Merchan a impor uma multa de 10 mil dólares, podem levar o juiz a impor uma pena mais dura, disse Rebecca Roiphe, antiga promotora de Nova Iorque.

    Qualquer sentença provavelmente seria suspensa até que o processo de apelação terminasse. Um aliado próximo, o presidente da Câmara dos Deputados, Mike Johnson, previu que a Suprema Corte dos EUA acabaria anulando o veredito.

    “Acho que eles vão esclarecer isso, mas vai demorar um pouco”, disse à Fox News.

    O encarceramento não impediria Trump de fazer campanha ou de assumir o cargo se vencesse.

    A sentença do ex-presidente em 11 de julho ocorre poucos dias antes de o Partido Republicano nomeá-lo formalmente como seu candidato presidencial na convenção em Milwaukee.

    Ilustração do momento da leitura do veredicto no julgamento de Trump
    Ilustração do momento da leitura do veredicto no julgamento de Trump / Christine Cornell

    Trump foi considerado culpado de 34 acusações criminais de falsificação de documentos para encobrir um pagamento secreto à estrela de filmes adultos, Stormy Daniels, para influenciar as eleições de 2016, que derrotou a democrata Hillary Clinton.

    O republicano ainda enfrenta três outros processos criminais – dois pelos seus esforços para anular a derrota de Biden em 2020 – mas o veredicto de Nova Iorque pode ser o único proferido antes da votação em 5 de novembro

    Os outros casos estão ligados a disputas jurídicas. Trump se declarou inocente em todos os quatro casos, que ele diz terem motivação política.

    Uma fonte familiarizada com o funcionamento interno de sua campanha disse que se espera que o veredito o leve a intensificar as deliberações sobre a escolha de uma mulher como sua companheira de chapa à vice-presidência.

    O que os eleitores pensam

    Pesquisas de opinião nacionais mostram que Trump travou uma disputa acirrada com Biden. Um em cada quatro entrevistados republicanos em uma pesquisa Reuters/Ipsos de abril disse que não votaria se o ex-presidente fosse condenado por um crime.

    Estrategistas de ambos os partidos questionaram se o veredito teria um impacto significativo na corrida.

    Nos grupos pró-Trump da internet, alguns apoiantes apelaram a motins, revolução e represálias violentas.

    No estado decisivo da Geórgia, o aposentado Wendell Hill, de 65 anos, contou que o veredito não o faria abandonar Trump.

    “Está tudo politizado. Ainda não entendo que crime ele supostamente cometeu”, afirmou.

    Carol Cuba, de 77 anos, eleitora republicana de longa data, disse estar enojada com Trump.

    “Pela primeira vez na minha vida estou pensando em votar no lado negro”, contou, referindo-se aos democratas.

    A campanha de Trump disse que arrecadou 35 milhões de dólares de pequenos doadores após o veredito, quase o dobro do recorde diário anterior.

    Vários grandes doadores republicanos disseram que continuariam a doar para a campanha de Trump, apesar da condenação.

    Testemunho Explícito de Stormy Daniels

    O júri considerou Trump culpado de falsificar documentos comerciais após um julgamento que contou com testemunho explícito da estrela de filmes adultos Stormy Daniels sobre um encontro sexual que ela diz ter tido com ex-presidente em 2006.

    Na época, o republicano ele era casado com sua atual esposa, Melania.

    Trump nega ter feito sexo com Daniels.

    O ex-advogado de Trump, Michael Cohen, testemunhou que ex-presidente aprovou um pagamento de US$ 130 mil a atriz. Cohen, que cuidou pessoalmente do pagamento, atestou que Trump aprovou um plano para reembolsá-lo através de pagamentos mensais disfarçados de trabalho jurídico.

    A falsificação de documentos comerciais é normalmente uma contravenção em Nova Iorque, mas os procuradores do gabinete do procurador distrital de Manhattan, Alvin Bragg, elevaram o caso a crime, alegando que Trump estava ocultando uma contribuição ilegal de campanha.

    Se for eleito, o republicano poderá encerrar os dois casos federais que o acusam de tentar ilegalmente anular a derrota eleitoral de 2020 e de manusear indevidamente documentos confidenciais depois de deixar o cargo em 2021. O ex-presidente, no entanto, não teria o poder de impedir um caso separado de subversão eleitoral que acontece em Geórgia.