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    Trump demite funcionário que revelou denúncia que motivou impeachment

    Michael Atkinson, então inspetor-geral de inteligência dos EUA, revelou ao Congresso a queixa anônima que desencadeou investigações e o processo de impeachment

    Jeremy Herb, da CNN

    O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, demitiu na noite de sexta-feira (3) o inspetor-geral da Comunidade de Inteligência do país, Michael Atkinson, responsável por notificar o Congresso no ano passado sobre a denúncia anônima que desencadeou o processo de impeachment contra o líder republicano.

    Trump informou os Comitês de Inteligência da Câmara e do Senado que Atkinson deixará o cargo em 30 dias. O presidente ainda não anunciou um sucessor para o cargo.

    “Como é o caso em relação às outras posições sobre as quais eu, enquanto presidente, tenho poder de indicação… é vital que eu tenha total confiança nos nomeados para ocupar os cargos de inspetor-geral”, escreveu o presidente. “Este não é mais o caso em relação a este inspetor-geral.”

    O anúncio da demissão de Atkinson na noite de sexta-feira ocorre ao mesmo tempo em que o presidente americano lida com a pandemia do novo coronavírus, principal preocupação nos EUA desde o final do julgamento de impeachment dois meses atrás.

    Trump enfrenta críticas generalizadas pela resposta do governo federal ao surto. Ele disse que o julgamento de impeachment “provavelmente o distraiu” sobre as medidas que poderiam ter sido tomadas em janeiro e no início de fevereiro para conter a doença.

    Atkinson é o mais recente funcionário do governo a ser demitido depois de participar do impeachment do presidente. Trump também removeu Alexander Vindman, funcionário do Conselho de Segurança Nacional que havia testemunhado nos procedimentos da Câmara, juntamente com o irmão gêmeo de Vindman, do conselho, e demitiu o então embaixador dos EUA na União Europeia, Gordon Sondland.

    Trump também demitiu o ex-diretor do FBI James Comey em 2017, enquanto a agência estava investigando o presidente pela suposta interferência da Rússia na eleição presidencial de 2016.

    Os principais democratas nos Comitês de Inteligência da Câmara e do Senado criticaram a decisão.

    O presidente do comitê na Câmara, Adam Schiff, que liderou a investigação de impeachment nessa Casa, disse que a demissão foi “outra tentativa flagrante do presidente de destruir a independência da Comunidade de Inteligência e retaliar aqueles que se atrevem a expor irregularidades presidenciais”.

    “Essa retribuição contra um funcionário público distinto por fazer seu trabalho e informar ao Congresso uma denúncia anônima urgente e crível é uma afronta direta a todo o sistema de inspetores-gerais”, afirmou Schiff em comunicado.

    O senador Mark Warner, principal democrata no Comitê de Inteligência do Senado, afirmou: “Em meio a uma emergência nacional, é inconcebível que o presidente esteja tentando novamente minar a integridade da comunidade de inteligência ao demitir outro oficial de inteligência simplesmente por fazer seu trabalho”.

    Atkinson foi criticado pelos aliados do presidente no ano passado por alertar os legisladores sobre a denúncia anônima que, mais tarde, o Congresso soube que era uma alegação de que Trump havia procurado o presidente da Ucrânia para tentar obter informações prejudiciais de seu adversário político, Joe Biden.

    A alegação desencadeou uma investigação de impeachment da Câmara que detalhou o “toma lá, dá cá” em relação à Ucrânia e levou ao impeachment de Trump em dezembro – o Senado absolveu o presidente das duas acusações em fevereiro.

    Atkinson disse que compartilhou a denúncia com o Congresso porque considerou que representava uma “preocupação urgente”, ação criticada por seu chefe, o então diretor-interino de Inteligência Nacional, Joseph Maguire.

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