Tribunal de Tóquio ordena que ex-executivos paguem US$ 95 bi em danos pelo desastre de Fukushima
Decisão marca a primeira vez que um tribunal considera ex-executivos da Tokyo Electric Power Company (Tepco) responsáveis pela tragédia nuclear
O tribunal distrital de Tóquio ordenou nesta quarta-feira (13) que quatro ex-executivos da Tokyo Electric Power Company (Tepco) paguem 13 trilhões de ienes (US$ 95 bilhões) em danos ao operador da usina nuclear destruída de Fukushima Dai-ichi, disseram os advogados.
A decisão, em um processo civil movido pelos acionistas da Tepco, marca a primeira vez que um tribunal considera ex-executivos responsáveis pelo desastre nuclear, segundo relatos da mídia local.
O tribunal julgou que os executivos poderiam ter evitado o desastre se tivessem exercido o devido cuidado.
“Um acidente com uma usina nuclear causa danos irreversíveis tanto à vida humana quanto ao meio ambiente. Os executivos das empresas que operam essas usinas também têm uma responsabilidade enorme sobre elas, incomparável com outras empresas”, disse Yui Kimura, membro do o reclamante.
“Acho que o julgamento do tribunal diz que qualquer pessoa que não tenha determinação ou capacidade para assumir essa responsabilidade não deve se tornar um executivo”, disse Kimura em entrevista coletiva após a decisão.
A emissora pública NHK citou um advogado não identificado que representa os ex-executivos dizendo que o advogado não comentaria antes de examinar de perto o veredicto.
Um porta-voz da Tepco também se recusou a comentar a decisão.
“Entendemos que uma decisão sobre o assunto foi proferida hoje, mas nos absteremos de responder a perguntas sobre casos judiciais individuais”, disse o porta-voz.
A decisão marca um afastamento de uma decisão de julgamento criminal em 2019, onde o tribunal distrital de Tóquio considerou três executivos da Tepco inocentes de negligência profissional, julgando que não poderiam ter previsto o enorme tsunami que atingiu a usina nuclear.
O caso criminal foi apelado e a alta corte de Tóquio deve decidir sobre o caso no próximo ano.
O desastre da energia nuclear de Fukushima Dai-ichi, desencadeado por um tsunami que atingiu a costa leste do Japão em março de 2011, foi um dos piores do mundo e gerou enormes custos de limpeza, compensação e desativação para a Tepco.
A ação civil, movida pelos acionistas da Tepco em 2012, exigia que cinco ex-executivos da Tepco pagassem à empresa sitiada 22 trilhões de ienes em compensação por ignorar alertas de um possível tsunami.
