Tribo Maori exige que manifestantes antivacina parem de usar o haka
Dança tradicional dos povos indígenas da Nova Zelândia passou a ser utilizada em manifestações contrárias a vacinação contra a Covid-19 no país
Uma tribo Maori que reivindica o haka — dança tradicional do povo Maori que demonstram orgulho, força e unidade de uma tribo — mais famoso da Nova Zelândia como sua herança disse, nesta segunda-feira (15), aos manifestantes antivacina que parem de usar a tradição para promover sua mensagem.
Os manifestantes antivacina realizaram o “Ka Mate”, um haka maori composto por volta de 1820 por Te Rauparaha, líder de guerra da tribo Ngāti Toa, em seus comícios nas últimas semanas contra as vacinas contra a Covid-19 e as restrições à pandemia do novo coronavírus.
“Não apoiamos a posição deles e não queremos nosso tupuna ou nosso iwi associado a suas mensagens”, disse a tribo Ngati Toa, ou “iwi” em Maori, em um comunicado, referindo-se à ancestralidade do povo ou “tupuna”.
“Nossa mensagem para os manifestantes que desejam usar o Ka Mate é usar um haka diferente. Não endossamos o uso do Ka Mate para esse fim.”
A dança envolve uma demonstração assustadora de batidas de pés e cânticos rítmicos, revirar os olhos e mostrar as línguas para intimidar o “inimigo”.
Embora existam muitas formas de haka compostas por diferentes tribos para diversos usos e ocasiões, o “Ka Mate” é o mais conhecido porque é praticado pelos All Blacks (seleção de rúgbi da Nova Zelândia) em partidas internacionais há décadas.
Covid-19 na Nova Zelândia
A Nova Zelândia, que tem uma das taxas mais baixas de Covid-19 do mundo, tem lutado para combater a variante Delta altamente infecciosa do coronavírus este ano. A primeira-ministra Jacinda Ardern adotou uma estratégia para conviver com o vírus através de bloqueios e o aumento da vacinação.
Ardern estabeleceu uma meta de vacinar 90% dos elegíveis antes de encerrar as restrições de circulação.
Cerca de 81% da população elegível recebeu duas doses de vacina, mas Ardern disse nesta segunda-feira (15) que as autoridades de saúde estavam lutando para alcançar alguns jovens Maori devido à desinformação sobre as vacinas.
“Portanto, não é apenas um problema de acesso. Estamos tentando superar muito mais do que isso e, pelas conversas que tive com os provedores, essa é uma das coisas que todos enfrentamos”, disse Ardern à emissora estatal TVNZ, referindo-se a desinformação.
Em 13 de novembro, 76% dos Maori receberam uma dose da vacina, enquanto 60% estavam totalmente vacinados.
As autoridades relataram 173 novos casos de Covid-19 nesta segunda-feira, elevando o número total de infecções da Nova Zelândia para mais de 8.500.
(*Esse texto foi traduzido. Clique aqui para ler original em inglês)