Toques de recolher em Los Angeles e Nova York são os mais severos em décadas
Medida foi imposta em meio à onda de protestos contra a brutalidade policial nos EUA
Diversas cidades dos Estados Unidos têm anunciado toques de recolher em meio à onda de protestos, alguns pacíficos e outros violentos, contra a brutalidade policial no país. Os atos são motivados pela morte de George Floyd, homem negro que foi morto sufocado por um agente durante uma abordagem em Minneapolis, no estado de Minnesota, no dia 25 de maio.
Em Los Angeles, o toque de recolher é o mais rígido desde os protestos de 1992, após o julgamento e a absolvição do policial que espancou Rodney King, um homem negro que trabalhava no setor de construção civil, de acordo com o chefe da polícia local, Michael Moore.
Na ocasião, milhares de manifestantes foram às ruas protestar contra a decisão da Justiça norte-americana. Centenas de prédios foram incendiados, 50 pessoas morreram e mais de 2 mil ficaram feridas.
O condado de Los Angeles, o mais populoso do país – com cerca de 10 milhões de habitantes –, estabeleceu um toque de recolher de 12 horas de duração, das 18h de segunda-feira (horário local) às 6h desta terça (2).
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As autoridades locais informaram que a medida foi estabelecida por causa do “perigo iminente à vida e à propriedade durante as horas de escuridão”, segundo a ordem executiva.
O chefe de polícia disse que as manifestações pacíficas são bem-vindas, mas “nenhum tipo de violência será tolerado”. Cerca de 90 comércios ao longo da avenida Melrose, a mais conhecida da cidade, foram destruídos durante os atos recentes, segundo o chefe da polícia, que pediu desculpas aos comerciantes pelo ocorrido.
Toque de recolher na cidade que nunca dorme
Na cidade de Nova York, o governador Andrew Cuomo e o prefeito Bill de Blasio impuseram a restrição das 23h de segunda-feira às 5h desta terça.
Esse toque de recolher é o mais severo para a região desde as manifestações de 1943 no bairro do Harlem, depois que um policial branco disparou contra um soldado negro em Manhattan, de acordo com informações do jornal The New York Times. Durante os protestos, 5 pessoas morreram e cerca de 500 ficaram feridas.
Cuomo e De Blasio justificaram a medida dizendo que precisam proteger a população da violência. “Eu apoio os manifestantes e sua mensagem, mas, infelizmente, há pessoas que procuram distrair e desacreditar este momento”, disse o governador em um comunicado.
“Enquanto encorajamos as pessoas a protestarem pacificamente e fazerem suas vozes serem ouvidas, a segurança da população em geral é primordial e não pode ser comprometida”, afirmou ele.
De Blasio também disse que apoia os manifestantes, mas ressaltou que a destruição precisa parar. “Esses protestos têm poder e significado”, escreveu o prefeito no Twitter. “Mas conforme a noite passa, estamos vendo grupos usá-los para incitar a violência e destruir propriedades. Nossa prioridade é manter as pessoas seguras.”
Enquanto muitos manifestantes agem de forma pacífica, alguns usam da violência, ateando fogo em prédios, quebrando janelas de veículos e saqueando lojas pelo país. Ainda não se sabe quem são os responsáveis pelos atos violentos, mas a polícia acredita que se trata de supremacistas, anarquistas e pessoas de outras cidades.
(Texto traduzido, clique aqui e leia o original em inglês.)