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    Talibã está no comando há 48 horas: as mulheres já sumiram das ruas de Cabul

    Os talibãs têm dito repetidamente que os direitos das mulheres serão protegidos sob seu governo, mas muitas afegãs estão aterrorizadas com o futuro

    Mulheres no Afeganistão temem pelo futuro, relembrando a opressão exercida pelo Talibã no passado
    Mulheres no Afeganistão temem pelo futuro, relembrando a opressão exercida pelo Talibã no passado Foto: Paula Bronstein/Getty Images

    Clarissa Ward e Ivana Kottasová, da CNN en Español, em Cabul

    As ruas movimentadas de Cabul parecem as mesmas, quase como se nada tivesse mudado. As pessoas correm, enquanto os comerciantes organizam suas mercadorias coloridas e a polícia direciona o tráfego.

    No entanto, há uma grande diferença: quase não há mulheres aqui. Desde que o Talibã tomou a capital do Afeganistão no domingo (18), a maioria das mulheres não saem de casa.

    Os talibãs têm dito repetidamente que os direitos das mulheres serão protegidos sob seu governo, mas é claro que muitas afegãs estão aterrorizadas com a perspectiva de viver sob o domínio do grupo.

    Há muito menos mulheres agora se aventurando nas ruas, em comparação com apenas alguns dias atrás. Aquelas que desafiam o mundo exterior tendem a se vestir mais conservadoramente do que antes, com seus rostos são frequentemente cobertos com niqabs ou véus.

    Muitas das mulheres escolarizadas e destemidas que passaram a última década construindo suas carreiras estão desesperadamente procurando uma saída, preocupadas com a possibilidade de ser alvo do Talibã.

    Trabalhadores cobrem fotos de mulheres em parede em Cabul
    Trabalhadores em um salão de beleza cobrem grandes fotos de mulheres em parede em Cabul, em 15 de agosto de 2021
    Foto: Kyodo News/Getty Images

    “Estou pensando no meu futuro, minhas filhas, o que acontecerá com elas se me matarem? Duas filhas sem mãe”, disse uma mulher à CNN.

    A mulher, que a CNN não nomeia por razões de segurança, trabalhou para várias ONGs internacionais. Ela disse que passou dias pedindo ajuda desesperadamente, mas ninguém respondeu.

    “Não é fácil…ter mais de 10 anos de experiência trabalhando com [organizações] internacionais e nenhuma delas me ajudou”, disse.

    Medo generalizado

    Para uma loja de roupas no centro de Cabul, a conquista da capital pelo Talibã tem sido um impulso para os negócios; o proprietário disse à CNN que vendeu muitas burcas nos últimos dias.

    A peça cobre o corpo e a cabeça das mulhers, com uma rede de malha sobre os olhos. Era uma roupa obrigatória para as mulheres quando o Talibã governou o Afeganistão pela última vez na década de 1990.

    A burca tornou-se uma imagem muito menos comum em Cabul nas últimas duas décadas, mas a notícia de que os talibãs estão de volta ao comando levou a um aumento nas vendas.

    O comerciante disse que seus clientes, em sua maioria homens, estão assustados e estão comprando-as para suas esposas, filhas e outras mulheres em suas vidas porque eles sentem que, a partir de agora, usar uma burca pode ser a única maneira de ficar seguro nas ruas.

    Esta é a tensa realidade da vida em Cabul agora.

    Burcas à venda em mercado em Cabul
    Burcas penduradas em um mercado em Cabul em 31 de julho. O preço disparou à medida que as mulheres correm para se cobrir para evitar atrair a atenção dos militantes.
    Foto: CNN

    Por enquanto, os talibãs insistem que a vida deve continuar normalmente e pediram aos funcionários do governo que voltassem ao trabalho.

    Os líderes do grupo insistem que não há perigo para a “propriedade, honra e vida” dos cidadãos afegãos, e disseram aos seus combatentes para não entrarem nas casas das pessoas ou confiscarem seus carros.

    No entanto, as promessas por si só não são suficientes para aliviar as preocupações.

    Combatentes do grupo fortemente armados patrulhando o centro da cidade de Cabul podem ainda não estar impondo regras rígidas sobre a vida das pessoas, mas o medo de que isso possa mudar a qualquer momento é generalizado.

    (Texto traduzido. Leia o original em espanhol.)