Talibã diz que mulheres podem estudar em universidades, mas em salas segregadas
Ministro do Ensino Superior Abdul Baqi Haqqani afirmou que alunas serão ensinadas por mulheres sempre que possível e que código de vestimenta islâmico será obrigatório
As mulheres no Afeganistão terão permissão para estudar em universidades enquanto o país busca se reconstruir após décadas de guerra, mas a segregação de gênero e o código de vestimenta islâmico serão obrigatórios, disse, neste domingo (12), o ministro do Ensino Superior escolhido pelo Talibã.
O ministro Abdul Baqi Haqqani afirmou que o novo governo do grupo islâmico, nomeado na semana passada, “começaria a construir o país sobre o que existe hoje” e não queria retroceder 20 anos até a última vez em que o grupo esteve no poder.
Ele disse que as alunas seriam ensinadas por mulheres sempre que possível e as salas de aula permaneceriam separadas, de acordo com a interpretação do movimento da sharia, a lei islâmica.
“Graças a Deus, temos um grande número de professoras. Não enfrentaremos nenhum problema nisso. Todos os esforços serão feitos para encontrar e fornecer professoras para estudantes do sexo feminino”, disse ele em entrevista coletiva em Cabul.
A questão da educação das mulheres é uma das questões centrais que o Talibã enfrenta ao tentar persuadir o mundo de que mudou em relação ao regime fundamentalista que impôs na década de 1990, quando as mulheres foram proibidas de estudar ou trabalhar fora de casa.
Autoridades do grupo disseram que as mulheres poderão estudar e trabalhar de acordo com a sharia e as tradições culturais locais, mas regras rígidas de vestimenta serão aplicadas. Haqqani afirmou que os véus religiosos hijab seriam obrigatórios para todas as alunas, mas não especificou se isso significa lenços de cabeça ou coberturas faciais obrigatórias.
No sábado (11), um grupo, aparentemente formado por alunas com vestes pretas que as cobriam completamente da cabeça aos pés, fez uma manifestação em Cabul em apoio às regras de vestimenta e salas de aula separadas.
Haqqani disse que, onde não houvesse professoras disponíveis, seriam adotadas medidas especiais para garantir a separação.
“Quando realmente houver necessidade, os homens também podem ensinar (mulheres), mas de acordo com a sharia, elas devem usar o véu”, disse ele. As salas de aula seriam fechadas para separar os alunos do sexo masculino e feminino quando necessário e o ensino também poderia ser feito por streaming ou circuito interno de TV.
Salas de aula divididas por cortinas já foram vistas em muitos lugares desde o colapso do governo apoiado pelo Ocidente e a tomada de Cabul pelo Talibã no mês passado.
Haqqani disse a repórteres que a segregação de gênero seria aplicada em todo o Afeganistão e todas as matérias ensinadas nas faculdades também seriam revistas nos próximos meses.