Talibã afirma que matou o principal oficial de mídia do governo afegão
O assassinato de Dawa Khan Menapal, chefe do Centro de Mídia e Informação, visa enfraquecer o governo democraticamente eleito do presidente Ashraf Ghani
Militantes do Talibã assassinaram nesta sexta-feira (6) o principal oficial da mídia do governo afegão em Cabul, desferindo um golpe de destaque no governo apoiado pelo Ocidente após os ganhos do grupo islâmico no campo de batalha com a saída das forças estrangeiras.
O assassinato de Dawa Khan Menapal, chefe do Centro de Mídia e Informação do Governo, foi o último de uma série que visa enfraquecer o governo democraticamente eleito do presidente Ashraf Ghani.
Em uma publicação no Twitter, o encarregado de negócios dos Estados Unidos, Ross Wilson, disse que estava triste e enojado com a morte de Menapal, a quem chamou de um amigo que forneceu informações verdadeiras a todos os afegãos.
“Esses assassinatos são uma afronta aos direitos humanos e à liberdade de expressão dos afegãos”, disse ele.
Dezenas de ativistas sociais, jornalistas, burocratas, juízes e figuras públicas que lutam para sustentar uma administração islâmica liberal foram assassinados por combatentes do Talibã em uma tentativa de silenciar vozes dissidentes no país dilacerado pela guerra.
Lutando para reimpor a rígida lei islâmica após sua expulsão em 2001 pelas forças lideradas pelos Estados Unidos, o Talibã intensificou sua campanha para derrotar o governo apoiado pelos Estados Unidos, enquanto as forças estrangeiras concluem sua retirada após 20 anos de guerra.
Uma autoridade do Ministério do Interior federal disse que “os terroristas selvagens mataram” Menapal durante as orações de sexta-feira.
“Ele (Menapal) foi um jovem que ficou como uma montanha diante da propaganda inimiga e que sempre foi um grande apoiador do regime (afegão)”, disse Mirwais Stanikzai, porta-voz do Ministério do Interior.
Aumento dos combates
Em outros lugares, os combatentes do Talibã intensificaram os confrontos com as forças afegãs e atacaram milícias aliadas do governo, disseram as autoridades, aumentando seu domínio de cidades fronteiriças e fechando o cerco em duas capitais provinciais.
Pelo menos 10 soldados afegãos e um comandante de membros armados pertencentes ao grupo da milícia Abdul Rashid Dostum, na província de Jowzjan, no norte, foram mortos.
“O Talibã promoveu ataques violentos nos arredores da [capital da província] Sheberghan esta semana e durante confrontos pesados um comandante das forças da milícia pró-governo leal a Dustom foi morto”, disse Abdul Qader Malia, vice-governador da província de Jowzjan.
Outro membro do conselho provincial disse que nove dos dez distritos de Jowzjan agora são controlados pelo Talibã e que a disputa pelo controle de Sheberghan está em andamento.
Na província de Helmand, no sul, os danos a propriedades civis agravaram a crise humanitária, pois as lojas pegaram fogo em uma batalha de uma semana para controlar a capital Lashkar Gah.
A ONU disse esta semana que está profundamente preocupada com a segurança de dezenas de milhares de pessoas presas na cidade.
“A violência apenas aumentou e não há como avaliar os danos em Lashkar Gah, já que ambos os lados estão travados em uma intensa batalha terrestre … é difícil até mesmo recuperar corpos por agências humanitárias”, disse um alto funcionário da segurança ocidental em Cabul.
O escritório de Lashkar Gah do grupo de ajuda Action Against Hunger foi atingido por uma bomba durante combates na área na quinta-feira (5).”Os civis se encontram entre as partes em conflito. Eles estão sendo deslocados de suas casas e muitas vezes são as primeiras vítimas do conflito”, disse Mike Bonke, diretor do Action Against Hunger no Afeganistão.
Reportagem do escritório do Afeganistão, texto de William Maclean; edição de Nick Macfie e Andrew Cawthorne