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    Taiwan acusa China de enviar 77 aviões de guerra para sua zona de defesa aérea

    Ministério da Defesa da ilha semiautônoma afirma que Pequim despachou 39 aeronaves militares no sábado e 38 na sexta-feira para missões em seu território

    Mapa fornecido por Taiwan mostra trajetória de aviões militares chineses em uma das incursões de sábado (2)
    Mapa fornecido por Taiwan mostra trajetória de aviões militares chineses em uma das incursões de sábado (2) Reprodução/Ministério da Defesa de Taiwan/Twitter

    Eric CheungBrad Lendonda CNN

    Taiwan relatou um número recorde de incursões de aviões de guerra da China em sua zona de defesa aérea pelo segundo dia consecutivo, disse o Ministério da Defesa de Taiwan na noite de sábado (2).

    A ilha semiautônoma disse que um total de 39 aviões militares chineses entraram na zona de defesa aérea, um a mais do que os 38 aviões que o governo avistou na sexta-feira (1).

    Os 39 e 38 aviões são, respectivamente, os dois maiores números de aeronaves em incursões em um único dia relatados por Taiwan desde que o território começou a relatar publicamente tais atividades, no ano passado.

    Os voos no sábado ocorreram em dois lotes – 20 aviões durante o dia e 19 aviões à noite –, disse o ministério em duas declarações.

    Elas foram compostas por 26 jatos de combate J-16, 10 jatos de combate Su-30, dois aviões de alerta antissubmarino Y-8 e um avião de controle e alerta aéreo KJ-500, disse o Ministério da Defesa de Taiwan.

    Em resposta à movimentação chinesa, a força aérea taiwanesa mobilizou suas próprias aeronaves, emitiu avisos de rádio e implantou sistemas de mísseis de defesa aérea, acrescentou o ministério.

    Mapas fornecidos pelo Ministério da Defesa de Taiwan mostraram que todos os voos chineses no sábado foram na parte sudoeste da zona de defesa aérea da ilha.

    As incursões não violaram o espaço aéreo de Taiwan, que se estende por 12 milhas náuticas de sua costa.

    A Administração Federal de Aviação (FAA) dos Estados Unidos define um zona de defesa aérea como “uma área designada de espaço aéreo sobre terra ou água dentro da qual um país requer a identificação imediata e positiva, localização e controle de tráfego aéreo de aeronaves no interesse da segurança nacional do país”.

    Antes dos últimos dois dias, o recorde anterior de um único dia para voos do Exército de Libertação do Povo, nome oficial das Forças Armadas da China, na zona de defesa aérea de Taiwan foi em junho, quando 28 aviões militares sobrevoaram a região.

    As incursões na sexta-feira ocorreram no momento em que Pequim comemorava 72 anos desde a fundação da República Popular da China, em 1949.

    Taiwan e a China continental são governadas separadamente desde o fim de uma guerra civil, há mais de sete décadas, na qual os nacionalistas derrotados fugiram para Taipei.

    No entanto, Pequim vê Taiwan como uma parte inseparável de seu território – embora o Partido Comunista Chinês nunca tenha governado a ilha democrática de cerca de 24 milhões de habitantes.

    O presidente chinês, Xi Jinping, se recusou a descartar a possibilidade de usar força militar para capturar Taiwan, se necessário.

    No passado, analistas disseram que os voos do PLA provavelmente serviriam a vários propósitos para a China, como demonstrar a força Exército para um público doméstico ou dar aos militares chineses informações de inteligência que seriam necessárias em qualquer conflito potencial envolvendo Taiwan.

    “Xi Jinping instruiu o PLA a aumentar sua prontidão e se preparar para o combate sob ‘condições de combate realistas’. Portanto, não é surpreendente que o PLA continue a voar para o zona de defesa aérea de Taiwan como parte de um treinamento realista e preparação para o conflito armado”, disse Derek Grossman, analista sênior de defesa do think tank RAND Corporation, no sábado (2).

    Apesar do aumento nos voos do PLA e da retórica dura, Grossman não acredita que o combate seja iminente. “Não acho que haja uma probabilidade alta ou média de um ataque chinês ou da invasão de Taiwan”, disse ele à CNN.

    “O PLA ainda tem muitas vulnerabilidades, especialmente quando confrontado com a intervenção quase certa dos Estados Unidos com possivelmente – ou provavelmente – apoio japonês e australiano”, acrescentou.

    “A China compreende as graves desvantagens de um ataque fracassado ou da invasão de Taiwan e provavelmente continuará a aguardar.”

    Mas a mensagem que Pequim quer passar pode não ser sobre a ilha principal de Taiwan, dizem outros analistas.

    Os mapas fornecidos pelo Ministério da Defesa de Taiwan mostram que os voos da Força Aérea chinesa estão chegando nas proximidades das Ilhas Pratas, que ficam no alto do Mar da China Meridional e, na verdade, estão mais perto de Hong Kong do que de Taiwan.

    Esta ilha não tem residentes permanentes, mas é o lar de um pequeno contingente militar taiwanês e tem uma pista de pouso. Os analistas observam que ela é plana e difícil de defender.

    “A China pode assumir o controle das Ilhas Pratas quando o presidente chinês Xi Jinping decidir”, escreveu Yoshiyuki Ogasawara, professor da Universidade de Estudos Estrangeiros de Tóquio na revista The Diplomat.

    “As ilhas são um potencial ponto de problema que precisam chamar a atenção dos Estados Unidos, Japão e outros países democráticos”, escreveu Ogasawara.