Steve Bannon, ex-conselheiro de Trump, é banido do Twitter por incitar violência
Em publicação postada na rede social, ex-estrategista-chefe da Casa Branca disse que decapitaria funcionários do governo 'como um aviso aos burocratas federais'
O Twitter suspendeu permanentemente uma conta do ex-estrategista-chefe da Casa Branca Steve Bannon depois que ele sugeriu na manhã de quinta-feira (5) que o médico Anthony Fauci e o diretor do FBI, Christopher Wray, deveriam ser decapitados.
Os comentários foram feitos em um vídeo postado em suas contas no Facebook, YouTube e Twitter. Bannon alegou falsamente que o presidente Donald Trump havia ganhado a eleição, apesar de em vários estados-chave a apuração ainda estar indefinida, e disse que o republicano deveria demitir Fauci e Wray.
Acompanhe a apuração nos EUA em tempo real
E, então, ele disse que iria mais longe: “Eu colocaria cabeças nas lanças. Certo. Eu as colocaria nos dois cantos da Casa Branca como um aviso aos burocratas federais. Ou você segue com o programa ou você está acabado.”
Os comentários foram feitos durante uma transmissão ao vivo do programa online “War Room: Pandemic” de Bannon.
O vídeo foi transmitido ao vivo na página de Bannon no Facebook por cerca de 10 horas na quinta-feira e foi visto quase 200 mil vezes antes que o Facebook o removesse, citando suas políticas de violência e incitamento. A CNN entrou em contato com Bannon para comentar o caso.
No início da noite de quinta, o YouTube também removeu o vídeo por violar sua política contra “incitação à violência”. O Twitter disse que suspendeu permanentemente a conta do podcast “War Room” de Bannon por glorificar a violência.
Os comentários de Bannon foram feitos ao mesmo tempo em que outros apoiadores de Trump também usaram uma retórica violenta e militarista para apoiar as alegações infundadas de Trump de que a eleição foi fraudada.
Assista e leia também:
Ex-assessor de Trump, Steve Bannon é preso por fraude e lavagem de dinheiro
Steve Bannon diz que prisão e acusação por fraude são ‘ataques políticos’
Em um tuíte na quinta-feira (5), Donald Trump Jr. pediu que seu pai “entrasse em guerra total por causa desta eleição”. “É hora de limpar essa bagunça e parar de parecer uma república das bananas!”, afirmou.
Trump Jr. também repetiu várias alegações infundadas minando a integridade da eleição na mensagem, que foi rotulada pelo Twitter como “contestada e possivelmente enganosa”.
Durante a campanha, ele divulgou alegações infundadas de fraudes na votação para recrutar um “exército” para seu pai, como a CNN relatou anteriormente. A CNN procurou um porta-voz de Trump Jr. para comentar o caso.
Mais cedo na quinta-feira, o Facebook fechou um grupo pró-Trump chamado “Stop The Steal” (Pare o Roubo, em tradução livre), que reunia centenas de milhares de membros e coordenava protestos para questionar a legitimidade da eleição.
Alguns membros do grupo postaram mensagens sobre guerra civil e revolta contra o governo caso Trump perca a eleição, de acordo com um relatório do Institute for Strategic Dialogue (ISD), um grupo de estudos com sede em Londres que monitora o extremismo.
“Então, se eles derem isso a Joe, como vamos fazer para remover o governo?” um membro do grupo perguntou em uma postagem.
Ciaran O’Connor, analista do ISD, disse que, embora essas postagens possam ser hiperbólicas, os grupos do Facebook podem ser usados ??para coordenar protestos ou eventos offline que podem se tornar violentos.
“Era possível que esse grupo se tornasse um centro de comportamento potencialmente violento”, disse O’Connor.
Um dos administradores do grupo, Dustin Stockton, disse à CNN que não viu nenhuma mensagem dentro do grupo “pedindo violência fora do que é uma hipérbole política comum”. Ele disse que a remoção da página pelo Facebook estava “fora da linha e deveria ser revertida imediatamente”.
Um porta-voz do Facebook disse à CNN: “Em linha com as medidas excepcionais que estamos tomando durante este período de tensão elevada, removemos o Grupo ‘Stop the Steal’, que estava criando eventos do mundo real.”
O porta-voz acrescentou: “O grupo foi organizado em torno da deslegitimação do processo eleitoral e vimos apelos preocupantes de violência de alguns membros do grupo”.
Os pesquisadores dizem que a controvérsia sobre a contagem dos votos é um solo particularmente fértil para os extremistas espalharem suas mensagens.
“Uma eleição contestada cria as condições perfeitas para os extremistas criarem o caos, semearem a divisão e tentarem minar nossas instituições democráticas”, disse Oren Segal, vice-presidente do Centro sobre Extremismo ADL. “Todos esses são objetivos fundamentais para movimentos extremistas.”
Mesmo se os comentários de influenciadores políticos não pedirem diretamente pelo uso da violência, símbolos de guerra e referências veladas podem valorizar a violência e, potencialmente, inspirar as pessoas a agirem, disse Cynthia Miller-Idriss, diretora do Laboratório de Pesquisa e Inovação de Polarização e Extremismo da American University.
Ela disse que os comentários do presidente Trump em seu primeiro debate com Biden, no qual ele disse ao grupo de extrema direita Proud Boys para “recuar e aguardar”, por exemplo, poderiam ter sido percebidos como um apelo à ação, independentemente de sua intenção .
Zachary Cohen e Mallory Simon, da CNN, contribuíram para este artigo
(Texto traduzido; leia o original em inglês)