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    Solução pacífica para Ucrânia é possível, mas não será simples, diz professor

    Em entrevista à CNN, Felipe Loureiro, coordenador do Instituto de Relações Internacionais da USP, analisou o conflito no Leste europeu e possibilidades para uma resolução

    Juliana AlvesTiago Tortellada CNN

    De acordo com o professor e coordenador do Instituto de Relações Internacionais da USP, Felipe Loureiro, a situação na Ucrânia é a primeira crise militarizada entre grandes potências desde o fim da Guerra Fria. Assim, uma solução pacífica é possível, mas não será simples.

    A Rússia posicionou milhares de tropas e veículos armados na fronteira com o país do Leste europeu, e os membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), como os Estados Unidos, dizem que uma escalada militar é iminente. Os russos, por outro lado, dizem que não pretendem fazer nenhum tipo de invasão e que há um alarde desnecessário para prejudicar a imagem do país.

    Para tentar resolver a situação, os presidentes da França e da Rússia, Emmanuel Macron e Vladimir Putin, respectivamente, se reuniram na tarde desta segunda-feira (7).

    “Putin deixou a entender que uma solução pacífica é possível, mas não acho que seja simples”, afirmou Loureiro.

    Analisando o que foi dito pelos dois líderes em coletiva de imprensa após a reunião, o professor disse que deve ser feito um plano de “duas fases”. Em um primeiro momento, pode ser firmado um acordo em que a Ucrânia mantenha a independência econômica e política, mas não se alie a nenhum dos dois lados – Rússia ou Otan.

    Para o médio prazo, Loureiro pontua que seria “importante colocar a Rússia em uma conversa mais ampla de segurança da Europa”. Porém, ele explica que isso pode tirar influência da Otan, tendo também forte rejeição dos Estados Unidos.

    O coordenador do IRI-USP ressalta que a questão energética é uma questão importante na crise, influenciando diretamente nas reações dos países da Otan. Os mais dependentes do gás e combustível russo, como a Alemanha, não são tão enfáticos quanto os Estados Unidos, por exemplo, de acordo com o professor.

    “Desde 2014, a Rússia vem tentando se blindar da possibilidade de novas sanções. Mesmo que ela sofra sanções duras, ela tem um “colchão” para suportar alguns meses. A Europa não, ela continuou dependente da oferta de gás, combustível e derivados da Rússia. Em alguns países [essa dependência] chega a 50%, o que é algo muito significativo”, disse Loureiro.

    Ele afirma que é importante que a Europa trabalhe para diminuir essa dependência russa, visando não “ficar refém” do país do Leste europeu.

    Durante a entrevista, Loureiro também disse que o governo brasileiro errou em aceitar o convite de Putin para a ida de Bolsonaro até a Rússia para uma reunião. O professor explica que ela pode ser instrumentalizada pelo presidente russo para mostrar que tem apoio internacional.

    “Como já aceitaram, o recuo é bastante complicado. Temos que torcer que a visita ocorra, mas fique restrita a temas estritamente bilaterais. Se a Ucrânia for tema, o Brasil deve manter sua posição que publicamente vem apresentando, de defender uma resolução pacífica e em respeito ao Direito Internacional”, pontuou Loureiro.

    Veja a entrevista completa no vídeo acima