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    Sérvios atacam jornalistas albaneses no Kosovo

    Dois veículos da imprensa foram atingidos durante confronto de manifestantes com soldados da Otan; distúrbios já deixaram mais de 70 pessoas feridas desde o final de semana 

    Da CNN

    Leposavic, Kosovo

    Manifestantes sérvios atacaram dois carros pertencentes a jornalistas albaneses na cidade de Leposavic, no Kosovo, nesta terça-feira (30), um dia depois de 30 soldados da Otan e 52 manifestantes terem sido feridos em confrontos, enquanto autoridades da União Europeia e da aliança militar pediram calma e redução da violência.

    A agitação na região se intensificou desde que prefeitos de etnia albanesa assumiram o cargo na área de maioria sérvia do norte do Kosovo após as eleições de abril boicotadas pelos sérvios, uma medida que levou os Estados Unidos e seus aliados a repreenderem a capital, Pristina, na sexta-feira.

    A Otan disse em um comunicado que enviou forças adicionais ao Kosovo para conter a violência, acrescentando que “dirigiu o destacamento das Forças de Reserva Operacional para os Bálcãs Ocidentais”.

    Homens mascarados se aproximaram de um carro com placa albanesa marcada como “A2, afiliada da CNN” e quebraram o para-brisa, disse um repórter da Reuters que testemunhou o incidente. Outro carro pertencente a outro meio de comunicação também foi atacado. Ninguém ficou ferido.

    O chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, pediu aos líderes do Kosovo e da Sérvia que encontrem uma maneira de diminuir as tensões por meio do diálogo. “Já temos muita violência na Europa hoje, não podemos permitir outro conflito”, disse em entrevista coletiva em Bruxelas.

    Nesta terça-feira, o presidente sérvio Aleksandar Vucic, se reuniria com os embaixadores dos Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e com o chefe da missão da União Europeia (UE) para discutir os incidentes.

    A maioria sérvia do norte do Kosovo nunca aceitou a declaração de independência kosovar em 2008 da Sérvia e considera Belgrado sua capital mais de duas décadas após a revolta albanesa de Kosovo contra o regime repressivo sérvio.

    Os albaneses étnicos representam mais de 90% da população do Kosovo como um todo, mas os sérvios do norte há muito exigem a implementação de um acordo mediado pela União Europeia para a criação de uma associação de municípios autônomos em sua área.

    Entenda o caso

    As tensões entre a maioria sérvia e a população kosovar, de origem albanesa, aumentaram após o anúncio de eleições para governos autônomos locais em quatro municípios do norte do Kosovo – Zvecan, Zubin Potok, Leposavic e Mitrovica. Os sérvios se colocaram contra o pleito, alegando que ela estava diretamente vinculada ao governo kosovar, que não é reconhecida por Belgrado.

    Os planos iniciais do governo de Kosovo eram de realizar as eleições em dezembro do ano passado, mas o forte boicote dos sérvios provocou um adiamento para 23 de abril.

    Confrontos entre a polícia do Kosovo e manifestantes étnicos sérvios na cidade de Zvecan, Kosovo / 26/05/2023 REUTERS/Miodrag Draskic

    Apesar de a nova data ter sido estipulada, o Serb List, principal partido da maioria sérvia, seguiu boicotando as eleições. Mesmo assim, as eleições foram confirmadas. “É impossível tolerar mais adiamentos das eleições. Não podemos tolerar um vazio nas instituições,” afirmou o primeiro-ministro do Kosovo, Albin Kurti, na ocasião.

    No dia 23, as eleições foram de fato realizadas, com uma participação pífia: apenas 3,47% dos eleitores (1.566 albaneses e 13 sérvios) compareceram às urnas. Os sérvios da região alegaram o baixo comparecimento como argumento para não aceitar o resultado das urnas.

    No último dia 19, ocorreu a posse do primeiro dos quatro prefeitos, na cidade dividida de Mitrovica. Erden Atiq assumiu o cargo quase um mês após o pleito e causou ira no governo sérvio. No mesmo dia o representante dos sérvios para a região de Kosovo e Metohija, Petar Petkovic, acusou o primeiro-ministro kosovar, Albin Kurti, de estimular uma “ocupação” e que uma eventual posse das prefeituras pelos albaneses desencadearia um novo conflito com Belgrado.

    (Publicado por Fábio Mendes, com informações da Reuters)