Senegal e Nigéria relatam desperdício de vacinas contra a Covid-19
Senegal deve ter 400 mil doses vencidas até o final de dezembro, já a Nigéria aponta um milhão de vacinas perdidas
Nos últimos dois meses, pelo menos 200 mil vacinas da Covid-19 venceram no Senegal sem sequer serem usadas e outras 200 mil devem vencer no final de dezembro, já que a demanda para imunização está muito lenta, conforme informa o chefe do programa de imunizações nesta segunda-feira (13).
O país não é o único, a Nigéria destruirá cerca de um milhão de vacinas contra o coronavírus que estão vencidas, de acordo com o chefe da Agência de Atenção Primária.
Os governos africanos têm pedido mais vacinas de Covid-19 para ajudar a alcançar as regiões mais ricas, onde as implementações de vacinas têm estacionado por mais de um ano.
No entanto, como o ritmo da oferta aumentou nas últimas semanas, alguns países têm lutado para acompanhá-lo.
Problemas logísticos, o curto prazo de validade de vacinas que chegam de doadores e a hesitação da vacina têm impedido que as doses cheguem aos braços.
“O principal problema é a hesitação à vacina”, disse Ousseynou Badiane, responsável pela implantação da vacina no Senegal.
“O número de casos está diminuindo. Eles perguntam: ‘por que é importante se vacinar se a doença não está aqui agora’?”
O Senegal registrou mais de 74 mil infecções por coronavírus e 1.886 mortes, muito abaixo dos números vistos em muitas nações atingidas pelo vírus.
O ritmo da infecção diminuiu desde que uma terceira onda em julho gerou aumento na demanda por vacinas.
Ocasionalmente, o país não registra novos casos diários. Mas a apatia prejudica o impulso de vacinação.
O Senegal administrou quase dois milhões de doses de vacinas até agora, mostram os dados da Reuters, o suficiente para vacinar totalmente apenas cerca de 5,9% da população.
Atualmente, está vacinando entre mil e duas mil pessoas por dia, disse Badiane à Reuters, contra 15 mil durante o verão.
Nesse ritmo, ele não pode usar todas as vacinas que possui.
“Não estamos otimistas” quanto ao uso das outras 200 mil doses antes que expirem no final do mês, disse ele.
“Não esperamos nenhum aumento na demanda antes disso. “Ele não especificou a marca das vacinas.
Parte do problema é o curto prazo de validade das vacinas que chegam de doadores que incluem os Estados Unidos e a China.
O Senegal recusa-se a tomar vacinas com prazo de validade inferior a três meses, mas mesmo isso, cria dificuldades.
Badiane espera que o governo possa introduzir algum tipo de restrição aos não vacinados para aumentar as taxas de imunização, incluindo o uso de um passaporte de imunização, como muitos outros países fizeram.
“Sem a restrição, a população não vai se vacinar”, disse.
*Com informações de Felix Onuah, da Reuters