Sem hospedagem, brasileiros no Marrocos pedem ajuda ao governo para voltar
Todos eles aguardam uma posição do Itamaraty, que, através da Embaixada do Brasil em Rabat, tenta viabilizar uma solução para o impasse
Um grupo de cerca de 180 brasileiros está ilhado no Marrocos, depois de o país ter cancelado repentinamente todos os seus voos internacionais no domingo (15). Todos eles aguardam uma posição do Itamaraty, que, através da Embaixada do Brasil em Rabat, tenta viabilizar uma solução para o impasse.
Na terça-feira (17), o governo marroquino autorizou 100 voos de emergência para a repatriação de turistas, mas nenhuma das partidas até agora teve como destino o Brasil. Entre os brasileiros detidos, há idosos e outras pessoas em grupos de risco. Com hotéis fechados, muitos turistas estrangeiros estão na rua ou dormindo em aeroportos marroquinos.
“Fomos todos pegos de surpresa porque os voos internacionais foram cancelados de um dia para o outro. Estamos presos no Marrocos, esperando uma resposta do governo”, diz à CNN o antropólogo Tales Maciel, 28, que viajou a turismo para o país com sua namorada Lorrany Moura, 28.
“Houve uma tentativa de negociação da embaixada para conseguir um voo com uma empresa marroquina, que não teve êxito. Então estamos todos esperando um voo da FAB, qualquer tipo de possibilidade de sermos repatriados”, detalha.
Os brasileiros estão em Casablanca e Marrakesh. Inicialmente, todos foram orientados pela Embaixada a se deslocarem até a cidade de Casablanca, onde haveria a possibilidade de pegar um avião para casa. No entanto, a sede diplomática reavaliou a sugestão e pediu que os turistas ficassem em Marrakesh, com possibilidade de voo saindo nesta quinta-feira (19), mas ainda não confirmado.
Até agora, todas as negociações para embarcar brasileiros em voos comerciais falharam e o grupo pressiona Brasília para que sejam repatriados pela Força Aérea Brasileira.
“Todos os hotéis estão fechando. Muitos lugares não estão mais aceitando estrangeiros. Então tem pessoas que estão dormindo nos aeroportos, tem pessoas que estão na rua”, diz Tales Maciel. “Todo tipo de situação está acontecendo com os brasileiros”, lamenta.
“A embaixada está nos ajudando, porém o governo brasileiro está tratando de maneira negligente o nosso caso, tendo em vista que vários países já resgataram seus cidadãos, como Tunísia, Egito, França, Portugal e Espanha”, completa Maciel. Além de hotéis, restaurantes e cafés também estão fechando.
Andreia Oliveira, turista do Rio de Janeiro, relata que, entre os brasileiros ilhados, há mulheres idosas e pessoas que fazem uso de medicamentos controlados.
“O nosso hotel disse que já não vai mais nos hospedar depois de amanhã, quando encerram suas atividades e nós não teremos mais onde ficar. Há brasileiros em Casablanca que já foram expulsos dos seus hotéis e estão ficando no saguão do aeroporto ou do lado de fora no jardim”, reclama, em conversa com a CNN.
“O que realmente nos incomoda é que, sem nenhum aviso, o governo decidiu suspender todos os vôos dentro e fora do Marrocos”, disse um turista do Reino Unido à CNN; ele pediu para não ser identificado. “Todos os outros países, como a Argélia, dão avisos suficientes de uma semana – mas não recebemos nenhum aviso”, completou.
Na manhã de hoje, a Embaixada do Brasil em Rabat publicou uma lista de hoté
is em Casablanca e Marrakesh que aceitaram hospedar os brasileiros ilhados no país.
Em nota, publicada ontem, a sede diplomática disse que “tem efetuado repetidas gestões junto ao Governo do Marrocos e à companhia Royal Air Maroc na busca de uma solução urgente para a repatriação dos brasileiros, alertando para a gravidade dessa situação excepcional e para os riscos decorrentes da demora em resolvê-la”.
A embaixada diz ainda que “tem procurado atender, da maneira mais eficiente possível, os cerca de duzentos brasileiros retidos no Marrocos, sobretudo nos casos mais sensíveis.
O objetivo é prestar assistência aos nacionais, auxiliando-os na busca de hospedagem e de informações sobre novos voos, desafio ainda maior em face da decisão marroquina de suspender as atividades de vários estabelecimentos comerciais, incluindo restaurantes e vários hotéis”.