Sede da Cúpula da Amazônia, Brasil segue como campeão de desmatamento
Governo Lula assumiu o compromisso de interromper a curva ascendente de degradação ambiental, mas o país precisa enfrentar diversos desafios; China e EUA lideram ranking de emissão de poluentes
O Brasil realizará nesta terça (08) e quarta-feira (09) a Cúpula da Amazônia, que receberá 15 países para discutir a preservação da Floresta Amazônica e encontrar formas de desenvolvimento sustentável para o bioma. Em meio às tratativas internacionais, o país trabalha para reverter uma imagem de campeão do desmatamento, reforçada pela negligência à fiscalização ambiental dos últimos anos.
Essa imagem negativa acaba sendo reforçada por diversas pesquisas, tocadas tanto por Organizações Não-Governamentais quanto por instituições internacionais ligadas às Nações Unidas.
Um exemplo é a pesquisa realizada pela Global Forest Watch (GFW) e divulgada em junho deste ano. No levantamento, o país lidera o ranking de desmatamento de florestas tropicais, seguida pela República do Congo, Bolívia, Indonésia e Peru.
Os dados, referentes a 2022, mostram que o Brasil perdeu 1,8 milhão de hectares de florestas, o que equivale a um crescimento de 15% em relação ao ano anterior.
Cúpula da Amazônia reunirá representantes de 15 países
Agências da ONU apontam que, na última década, foram perdidos 4,7 milhões de hectares de florestas anualmente. Os números servem como um alerta global, já que a redução dessa mata nativa reflete diretamente no aquecimento global e, consequentemente, colabora para as mudanças climáticas.
“A Floresta Amazônica é um grande regulador do clima global e o fato do Brasil avançar no combate ao desmatamento é importante. Mas é necessário que fique claro que parar o desmatamento não vai ser o suficiente, o papel do Brasil é assumir de verdade as rédeas desse desafio”, disse à CNN Kamila Camilo, ativista ambiental, líder do Davos Lab Brazil, do Fórum Econômico Mundial.
A ONU afirma que 420 milhões de hectares de florestas foram perdidos desde 1990, principalmente devido à agricultura. O Brasil segue à frente também neste ranking.
Evidentemente, o Brasil abriga a maior parte das florestas tropicais do mundo, o que faz com que um maior desmatamento em relação a outros países seja um reflexo natural. No entanto, o que preocupa foi o aumento da degradação dos biomas nos últimos anos.
Kamila Camilo destaca a reação em cadeia que o desmatamento da Amazônia produz, gerando desregulação climática afetando não apenas a natureza, mas diversos setores da economia. “Enquanto a Floresta Amazônica segue em risco, os outros biomas também seguem, visto que teremos cada vez mais eventos climáticos extremos, principalmente quando falamos de chuvas intensas ou de secas sem precedentes”, explica. “Se desregula na Amazônia, desregula também no Centro Oeste, e neste caso, boa parte da nossa produção agrícola vai ficar comprometida”.
Emissões de poluentes
Enquanto o Brasil segue na liderança do desmatamento, o ranking de emissão de gases de efeito estufa segue sendo ocupado por outros países.
Responsáveis diretos pelo aquecimento global, os gases de efeito estufa são outra preocupação dos ambientalistas e dos governos preocupados com as mudanças climáticas.
Cúpula em Belém discutirá futuro da Amazônia
Dados do Climate Watch – uma plataforma de dados administrada pelo World Resources Institute (WRI), apontam que a China e Estados Unidos são os líderes deste ranking, seguidos pela Índia e União Europeia. Quando o cálculo é a emissão per capita, porém, a classificação muda, com os EUA assumindo a primeira posição, seguido da Rússia, Coreia do Sul e Irã.
Kamila Camilo reforça a necessidade de medidas globais para conter a emissão de gases e, desta forma, frear o aquecimento global. “O que nós realmente precisamos fazer é parar a produção de combustíveis fósseis. Outro ponto importante é unir forças de diversas nações, com iniciativas como investimento dos maiores poluidores”.