Sanduíche é confiscado na fronteira com a Holanda por causa do Brexit
Guia feito para empresas e motoristas comerciais que circulam entre a Grã-Bretanha e a União Europeia proíbe o transporte de "produtos de origem animal"
Uma rede de televisão holandesa filmou oficiais de fronteira apreendendo alimentos, inclusive sanduíches, de viajantes que entraram na Holanda vindos do Reino Unido – e colocaram a culpa nas regras pós-Brexit.
Em reportagem transmitida pela emissora pública NPO 1, oficiais aparecem explicando a um motorista que acabava de chegar a Hoek van Holland, onde fica um terminal internacional de balsas: “Desde o Brexit, você não pode mais trazer alimentos para a Europa, como carnes, frutas, vegetais, peixes, esse tipo de coisa”.
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Um motorista, que tinha sanduíches embrulhados em papel alumínio, perguntou se podia ficar com o pão e abrir mão da carne, mas um oficial respondeu: “Não, tudo vai ser confiscado. Bem-vindo ao Brexit, senhor, sinto muito”.
Agora que o Reino Unido deixou o mercado único europeu e a união aduaneira, as mercadorias que atravessam a fronteira estão sujeitas à alfândega e outros controles.
Em um guia para empresas e motoristas comerciais que transportam mercadorias entre a Grã-Bretanha e a União Europeia, o governo do Reino Unido avisa os motoristas que eles não podem levar “produtos de origem animal” (como os que contêm carne ou laticínios, como sanduíches de presunto e queijo) para a UE.
“Motoristas viajando para a UE devem estar cientes das restrições adicionais às importações para uso ou consumo pessoal”, diz a orientação. “Caso haja itens proibidos em sua bagagem, veículo ou junto ao corpo, eles devem ser utilizados, consumidos ou descartados na fronteira ou antes dela”, acrescentou.
A aduana holandesa também alertou os viajantes do Reino Unido sobre restrições semelhantes, postando no Instagram em novembro que, a partir de 1º de janeiro, “produtos típicos como cheddar, creme de leite e haggis escocês não poderão mais ser transportados”.
A Comissão Europeia descreve em seu guia: “As importações para consumo próprio de carne, leite ou derivados para a UE são uma verdadeira ameaça para a saúde animal em toda a União”, acrescentando que “patógenos perigosos que causam doenças animais, como febre aftosa e peste suína clássica, podem estar presentes na carne, no leite ou em seus produtos”.
A equipe da fronteira disse à rede NPO 1 que, quando as restrições por conta do coronavírus diminuírem, um grande fluxo de viajantes pode levar a um maior tempo de espera para aqueles que entram no país.
“Neste momento, os volumes, como vocês viram, estão bem pequenos nesta manhã, são 30 carros”, disse Rien de Ruijter, chefe da equipe da Alfândega, ao canal de TV.
“Estimamos que, quando as medidas contra a Covid-19 forem suspensas, esses números vão aumentar, e o tempo de espera também. E isso com certeza pode causar irritação”, acrescentou.
(Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês)