Saiba quem é Sergio Massa, candidato governista à Presidência da Argentina
Filho de italianos, atual ministro da Economia recebeu o apoio do presidente Alberto Fernández e da vice Cristina Kirchner
Atual ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, 51 anos, teve o apoio do presidente Alberto Fernández e da vice Cristina Kirchner para concorrer à Presidência na eleição deste ano. Ele foi o mais votado no primeiro turno e disputará a Casa Rosa com Javier Milei. O segundo turno está marcado para 19 de novembro.
Nas eleições primárias, em agosto, Massa recebeu mais de 5 milhões de votos, contra pouco mais de 1,3 milhão de John Grabois, pela coligação Unión por la Patria.
O advogado nasceu em San Martín, na província de Buenos Aires, em 28 de abril de 1972, vindo de uma família de italianos, que chegou ao país no período após a Segunda Guerra Mundial.
Vídeo: Escândalo envolvendo aliado de Massa pode ajudar Milei
“Eles são da primeira geração de imigrantes”, disse Massa ao podcast “Método Rebord”.
Sua mãe, Luciana Cherti, é natural de Trieste, no norte da Itália, e chegou à Argentina aos 6 anos. Seu pai, Alfonso Massa, é da Sicília e desembarcou no país com 11 anos.
Além de Sergio, o casal teve outra filha, que se mantém distante da mídia.
Vida política
Em um momento marcante de sua infância, o avô paterno observou o interesse de Sergio pela política e o advertiu a não seguir esse caminho: “Não entre na política, a política é porca”, teria dito, de acordo com uma lembrança do candidato.
Evidentemente, o atual ministro da Economia não seguiu o conselho familiar.
A juventude de Massa foi pontuada pela política. Ele lembra que, aos 11 anos, subia em cima de um balde e imitava os discursos das autoridades que via na televisão.
Já na adolescência, durante o ensino médio, começou a militar no partido Unión del Centro Democrático. Em 1994, interrompeu seus estudos de direito na Universidade de Belgrano, que só completou durante a campanha eleitoral de 2013, na qual foi eleito deputado.
Em 1999, foi eleito deputado provincial. Depois, ocupou outros cargos no Executivo e no Legislativo. Entre 2002 e 2007, chefiou a Administração Nacional da Previdência Social (Anses), responsável por um dos orçamentos mais importantes do governo.
Em 2007, foi eleito prefeito de Tigre, cidade da província de Buenos Aires. Massa permaneceu nessa posição até 2013, com um período de licença para ocupar a Chefia de Gabinete durante a Presidência de Cristina Kirchner, entre 2008 e 2009, sucedendo o hoje presidente Alberto Fernández.
O político rompeu com o kirchnerismo em 2013, e começou um período em que se posicionou como um forte adversário dessa força política.
Nessa fase, Massa fez críticas severas aos antigos aliados: “Quando em 2013 eles queriam nos impor a ‘Cristina eterna’, tivemos a coragem de pará-la. Se ela reaparecer, vamos pará-la novamente”, discursou durante a campanha em 2017, referindo-se à atual vice-presidente.
Em 2019, após uma reconciliação, voltou ao peronismo como deputado federal da província de Buenos Aires e ocupou a presidência da Câmara dos Deputados.
Em 2022, tornou-se ministro da Economia e agora é candidato à Presidência.
Análise: O apoio de Lula ao candidato governista da Argentina
O encontro entre política e espetáculo
Massa muitas vezes faz aparições públicas com a esposa, Malena Galmarini, com quem tem dois filhos.
Galmarini é presidente da empresa estatal Água y Saneamientos Argentinos (AySA) e candidata à prefeitura de Tigre.
Ela é filha de Fernando “Pato” Galmarini, um político de longa carreira na administração pública argentina e que fez parte do governo do presidente Carlos Menem (1989-1999).
A ligação levou Massa a construir o que ele chama de uma “família reunida, como é o Unión por la Patria”, fazendo um paralelo com a coalizão política da qual ele faz parte.
Nas grandes mesas familiares, das quais participa desde criança, sentam-se aliados políticos do passado e do presente, além de personalidades do mundo do entretenimento.
Isso acontece em parte porque seu sogro é casado com renomada atriz de cinema e TV Moria Casan, com quem seu núcleo familiar tem uma conexão estreita. “Moria é muito simples, muito humilde e também muito boa companheira”, disse ao podcast “Método Rebord”.
Paixão pelo futebol
Massa é torcedor declarado do Club Atlético Tigre e do futebol em geral. Já jogou como goleiro, embora nunca profissionalmente. Ocasionalmente vai ao estádio, em uma paixão que compartilha com seu filho.
Mas, além disso, há outro ponto que o une ao esporte: sua amizade com o ex-jogador Juan Román Riquelme. O ídolo do Boca Juniors viveu por muito tempo na cidade de Don Torcuato, na região de Tigre, e se aproximou de Massa em sua primeira gestão como prefeito.
Propostas econômicas
Muitos analistas sustentam que Massa está em desvantagem nesta campanha, devido ao seu duplo papel como ministro e como candidato presidencial. Ou seja, as suas propostas econômicas para o futuro chocam com a exigência de que sejam aplicadas durante a sua atual gestão à frente do Palácio do Tesouro.
Após as primárias, o ministro-candidato tomou uma série de medidas para amenizar os efeitos da desvalorização do peso, buscando conter a deterioração dos salários.
Conseguiu, por sua iniciativa, que o Congresso eliminasse a quarta categoria do imposto de renda, que favorece os setores que estão no topo da pirâmide salarial, mas também fez anúncios direcionados aos aposentados e aos trabalhadores informais, entre outros.
Durante o último debate presidencial, Massa promoveu novos discursos no quesito econômico, prometendo punição aos sonegadores de impostos e a criação de uma moeda digital, sem dar mais detalhes sobre o assunto.
Na primeira parte da campanha, afirmou que “a maior solução que a Argentina tem é vender o que faz ao mundo e obter os dólares para tirar o Fundo Monetário Internacional [FMI] das suas costas”.
O conceito de conseguir dólares, pagar ao FMI e tirá-lo das “costas” é recorrente na campanha de Massa.
Ele garante que as medidas econômicas que tomou até agora são “transitórias, mas têm a ver com a realidade do momento”, o que sugere que as suas decisões no futuro podem ser diferentes.
“Nosso lítio, nosso gás, nosso petróleo, o que o campo produz, o que as indústrias produzem será vendido cada vez mais para o mundo, e isso nos dará os dólares para sermos livres, para sermos soberanos”, disse.
Veja também: Em meio à crise, Argentina anuncia série de benefícios à população
*Publicado por Douglas Porto, com informações de Emiliano Giménez e Joaquin Doria