Russos homenageiam chefe do grupo Wagner um ano após morte em acidente aéreo
Depois de acusar o Ministério de Defesa Russo de tentar minar sua liderança, Yevgeny Prigozhin e seus mercenários fizeram um motim no sul da Rússia e marcharam em direção a Moscou
Russos se reuniram em um cemitério na antiga capital imperial da Rússia na sexta-feira (23) para celebrar um homem que, segundo disseram, deu sua vida para servir seu país.
A morte de Yevgeny Prigozhin em um incêndio em um acidente de avião no dia 23 de agosto do ano passado, aos 62 anos, marcou o capítulo final bizarro de uma das figuras mais coloridas da Rússia moderna.
Prigozhin, um cozinheiro e fornecedor de alimentos que se tornou líder do grupo mercenário Wagner, ganhou destaque após a Rússia enviar milhares de tropas para a Ucrânia em fevereiro de 2022.
Seus combatentes – incluindo milhares de condenados que ele recrutou das prisões – lideraram o ataque russo à cidade de Bakhmut em uma das batalhas mais longas e sangrentas da “operação militar especial”, o termo preferido do Kremlin para o conflito.
Ao lado do túmulo de Prigozhin no cemitério Porokhovskoye em São Petersburgo, um sacerdote ortodoxo em vestes religiosas leu uma oração e fez o sinal da cruz enquanto um grupo de mulheres cantava hinos.
Aqueles que vieram prestar suas homenagens disseram que Prigozhin deve ser lembrado como um herói da pátria.
“Há pessoas como, por exemplo, (o astronauta soviético) Yuri Alexeyevich Gagarin e Yevgeny Viktorovich Prigozhin, das quais devemos nos orgulhar,” disse um homem que se apresentou como Dmitry, falando ao lado do túmulo do mercenário.
“Nossos filhos devem olhar para eles como exemplo.”
Outros tiraram fotos em frente a uma estátua de bronze em tamanho real de Prigozhin, ladeada por uma bandeira do Wagner e pela tricolor russa.
Em um memorial temporário em uma rua movimentada no centro de Moscou, admiradores deixaram dezenas de buquês de rosas vermelhas e brancas abaixo de uma parede adornada com fotografias de Prigozhin e seus leais do Wagner.
Pedestres pararam para contemplar as fotografias. Um homem olhou para o céu e fez o sinal da cruz em reverência.
Prigozhin, que usou a considerável presença do Wagner nas redes sociais para divulgar seus sucessos no campo de batalha, entrou em conflito com o Ministério de Defesa da Rússia no ano passado, quando acusou repetidamente os altos comandos do exército de incompetência e até traição.
Em junho de 2023, ele liderou um motim de curta duração na qual seus combatentes do Wagner tomaram o controle da cidade sulista de Rostov-on-Don e marcharam em direção a Moscou antes de recuar.
Exatamente dois meses depois, o líder do Wagner morreu quando o avião em que estava caiu misteriosamente ao norte de Moscou, matando todos a bordo.
Desde então, os russos têm celebrado Prigozhin como um herói em memoriais improvisados por todo o país, embora o governo russo veja o homem que desafiou mais seriamente a autoridade do presidente Vladimir Putin desde que ele assumiu o poder em 1999 com menos simpatia.
No cemitério em São Petersburgo, alguns disseram que o conflito na Ucrânia estaria mais próximo de uma conclusão se Prigozhin ainda estivesse vivo.
“A (sua) compostura (é o que é necessário agora). Sua capacidade mental para organizar as coisas, para fazer o que é necessário,” disse um homem chamado Alexander.
“Eu acho que se ele ainda estivesse com o grupo Wagner e continuasse sua atividade, a questão com a Ucrânia já teria sido resolvida há muito tempo, ou pelo menos estaríamos muito mais próximos de uma solução.”