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    Rússia diz que reação do Ocidente a caso com avião em Belarus é chocante

    No domingo, aeronave da Ryanair foi forçada a pousar na capital do país, Minsk, o que permitiu a prisão de um jornalista dissidente

    A Rússia acusou o Ocidente, nesta segunda-feira (24), de hipocrisia em sua resposta indignada ao desvio de um avião para a capital de Belarus, Minsk.

    Autoridades bielorrussas enviaram um caça e sinalizaram o que acabou sendo um falso alerta de bomba para forçar um avião da Ryanair a pousar no domingo (23). Em seguida, prenderam um jornalista dissidente que estava a bordo do avião.

    O ato foi condenado por países europeus, pelos Estados Unidos e pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

    “É chocante que o Ocidente chame o incidente no espaço aéreo bielorrusso de ‘chocante'”, escreveu a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Maria Zakharova no Facebook.

    “Se eles não ficaram chocados com o pouso forçado na Áustria do avião do presidente boliviano a pedido dos Estados Unidos, não deveriam ficar chocados com comportamento semelhante de outros”, completou.

    Zakharova se referia a um episódio de 2013 quando o avião com o então líder da Bolívia Evo Morales foi forçado a pousar em Viena depois que França e Portugal fecharam seu espaço aéreo durante a viagem de volta de Moscou devido a temores de que o ex-funcionário da agência de espionagem dos EUA Edward Snowden estivesse a bordo – o que não se confirmou.

    Desvio de rotas e possíveis punições

    Apesar de ser pouco provável que Belarus sofra algum tipo de sanção mais grave, o episódio deve causar mudanças nos padrões de tráfego aéreo na Europa.

    A airBaltic, uma companhia aérea da Letônia, por exemplo, se tornou a primeira a anunciar nesta segunda-feira (24) que não vai mais voar sobre o espaço aéreo bielorrusso.

    O chefe da Ryanair, Michael O’Leary, que se referiu ao incidente como um sequestro patrocinado pelo estado, disse acreditar que agentes de segurança estavam no voo e desembarcaram em Minsk. Isso significaria que a operação foi efetivamente coordenada com espiões que operam no terreno na Grécia, de onde partiu o voo.

    “A União Europeia (UE) considerará as consequências desta ação, incluindo a adoção de medidas contra os responsáveis”, disse o chefe de política externa da UE, Josep Borrell, em um comunicado. 

    A chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que “o comportamento ultrajante e ilegal do regime em Belarus terá consequências”.

    Minsk tem ignorado sanções anteriores o ano passado, que consistem principalmente em adicionar vários funcionários a listas que restringem seu direito de viajar ou fazer negócios na Europa e nos Estados Unidos. 

    A UE já trabalhava em uma quarta rodada de medidas antes do incidente com a Ryanair.

    Passos adicionais poderiam agora incluir a suspensão dos voos de companhias aéreas do bloco sobre Belarus ou a proibição da companhia aérea bielorrussa Belavia de pousar em aeroportos da UE. 

    Um funcionário da UE disse que a suspensão do trânsito terrestre também pode ser discutida.

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