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    Romênia e Bulgária dizem que exigências russas de mover tropas da Otan são “inaceitáveis”

    Ambos países estão localizados no Mar Negro; analistas acreditam que Moscou vê essa área como zona de amortecimento geoestratégico entre Rússia e a Europa

    Joshua Berlingerda CNN

    Membros da Otan, Romênia e Bulgária classificaram a exigência da Rússia de remover as tropas da aliança de ambos os países como “inaceitável”, com cada um argumentando que o Kremlin não tem o direito de interferir nas decisões de política externa de outros estados soberanos.

    Os comentários de ambos os países vieram poucas horas depois que o Ministério das Relações Exteriores da Rússia confirmou que sua demanda para que a Otan retirasse tropas de partes da Europa Oriental incluía a Bulgária e a Romênia. Ambos países estão localizados no Mar Negro, que os analistas acreditam que Moscou vê como uma importante zona de amortecimento geoestratégico entre ela e a Europa.

    O Ministério das Relações Exteriores da Romênia disse em um comunicado no sábado que “essa demanda é inaceitável e não pode ser negociada”. O Ministério das Relações Exteriores da Bulgária incentivou Moscou a “mostrar respeito à escolha de políticas externas feitas conscientemente pela Bulgária”. O embaixador da Bulgária no Reino Unido, Marin Raykov, disse à BBC que a exigência do Kremlin é “uma expressão de desprezo pelos direitos soberanos da Bulgária de escolher as fontes de garantias para a segurança nacional”.

    A Rússia e a Otan estão em desacordo desde o final do ano passado, quando o Kremlin enviou cerca de 100 mil soldados para sua fronteira com a Ucrânia. Essa postura militar provocou temores de que a Rússia esteja planejando outro ataque na Ucrânia depois de invadir e anexar ilegalmente a península da Crimeia em 2014. Nesse mesmo ano, Moscou começou a apoiar um movimento separatista pró-Rússia no leste da Ucrânia que deixou milhares de mortos.

    Em seu comunicado, a Romênia disse que a presença militar da Otan na Europa Oriental é “uma reação estritamente defensiva ao comportamento cada vez mais agressivo da Federação Russa que começou em 2014. quando o território ucraniano da Crimeia foi ocupado ilegalmente pela Rússia”.

    “Esse comportamento continua a se intensificar no presente, apesar das tentativas da Otan de se engajar em um diálogo construtivo”, dizia o comunicado.

    Os Estados Unidos e seus aliados da Otan advertiram repetidamente a Rússia de que qualquer movimento de suas tropas em território ucraniano seria recebido com o que o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, chamou de “uma resposta severa e unida”.

    A Rússia foi acusada de tentar semear o caos na Ucrânia por meio de ataques cibernéticos e, supostamente, conspirar para assumir o controle do governo em Kiev, mas o Kremlin negou repetidamente que planejava invadir.

    O presidente russo, Vladimir Putin, argumentou nas últimas semanas que seu país é a parte prejudicada e está respondendo à cooperação da Otan com a Ucrânia e à expansão da aliança para o leste desde a queda da União Soviética – que a Rússia vê como uma ameaça à segurança existencial.

    Diplomatas de todos os lados têm tentado negociar um acordo pacífico, embora uma das principais exigências da Rússia – que a Otan retire forças militares estrangeiras e equipamentos de membros da aliança que se juntaram após 1997 – tenha sido rapidamente considerada inválida pelos diplomatas ocidentais.

    “Os aliados da OTAN estão prontos para dialogar com a Rússia, mas não vamos comprometer os princípios fundamentais”, disse o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, no início deste mês. “Não comprometeremos a soberania e a integridade territorial das nações da Europa, e não comprometeremos o direito de todos os países escolherem seu próprio caminho, incluindo o tipo de acordo de segurança dos quais desejam fazer parte, e não comprometeremos o direito dos aliados de proteger e defender uns aos outros.”

    Armamento enviado para a Ucrânia

    Os membros da OTAN, nos últimos dias, enviaram equipamentos e equipes militares para os membros da aliança oriental em resposta ao acúmulo de tropas russas na Ucrânia.
    O ministro da Defesa holandês disse que a Holanda enviaria dois jatos F-35, juntamente com uma equipe de apoio, para a Bulgária em abril ou maio, enquanto o ministro da Defesa espanhol se ofereceu para enviar jatos de combate e um navio de guerra para o Mar Negro.

    A aliança também começou a enviar armamento para Kiev para deter uma potencial invasão russa e fortalecer as capacidades defensivas da Ucrânia.

    Armas antitanque leves do Reino Unido já chegaram ao país, disse o Ministério da Defesa ucraniano na terça-feira, enquanto a República Tcheca planeja doar munição de artilharia de calibre 152 milímetros para a Ucrânia nos próximos dias, disse a ministra da Defesa tcheca Jana Černochová na sexta-feira.

    A Alemanha fornecerá um hospital de campanha totalmente equipado para a Ucrânia, de acordo com o Ministério da Defesa alemão. O país tradicionalmente evita exportar armas para áreas de crise desde a Segunda Guerra Mundial, mas a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, disse no início desta semana que “todas as medidas” estarão à disposição se houver mais agressão russa contra a Ucrânia.

    A Embaixada dos EUA em Kiev disse na sexta-feira que o primeiro carregamento de material dirigido pelos americanos – 200.000 libras de ajuda letal, incluindo munição para combatentes na linha de frente – chegou à Ucrânia.

    Embora o presidente dos EUA, Joe Biden, tenha descartado o envio de tropas de combate americanas para a Ucrânia, Washington aprovou o envio de armas de origem americana para Kiev – incluindo sistemas antiaéreos americanos altamente procurados da Letônia e da Lituânia. Esses armamentos ajudariam a Ucrânia a se defender de aeronaves russas que, como acreditam alguns funcionários e especialistas, liderariam o caminho nos estágios iniciais de uma invasão russa. A Estônia recebeu aprovação para transferir sistemas antitanque de mísseis guiados Javelin, que os EUA forneceram à Ucrânia no passado.

     

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