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    Rodrigo Duterte, presidente das Filipinas, diz que vai se aposentar da política

    Para analistas, decisão alimenta especulações de que sua filha, Sara Duterte-Carpio, concorrerá para sucedê-lo

    Karen Lemada Reuters

    O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, disse neste sábado (2) que está se aposentando da política, uma decisão surpreendente que alimentou especulações de que ele abrirá caminho para que sua filha concorra para sucedê-lo.

    “Hoje, anuncio minha aposentadoria da política”, disse Duterte, acompanhado do senador governista Christopher “Bong” Go, que concorrerá como vice-presidente nas eleições de 2022.

    Esperava-se que o presidente, de 76 anos, concorresse à vice-presidência, um plano ao qual a maioria dos filipinos se opõe por violar o espírito da Constituição, que estabelece o limite de um mandato para o presidente não exercer o abuso de poder.

    “Em obediência à vontade do povo, que afinal me colocou na presidência há muitos anos, agora digo aos meus compatriotas, seguirei seu desejo”, disse Duterte enquanto pedia ao público que apoie a candidatura de Go, do partido governista PDP-Laban.

    Analistas políticos dizem ser crucial para Duterte ter um sucessor leal para isolá-lo de possíveis ações legais, por causa dos milhares de assassinatos estatais em sua guerra contra as drogas desde 2016.

    Duterte, um líder independente famoso por sua proximidade com a China e desdém pelos Estados Unidos, continua popular mesmo quando seus oponentes o acusam de ser autoritário e intolerante.

    Mais de 60 milhões de filipinos vão votar em maio para um novo presidente, vice-presidente e mais de 18.000 legisladores e funcionários dos governos locais.

    Observadores políticos há muito suspeitavam que Duterte poderia causar uma surpresa, como o anúncio de uma candidatura presidencial de sua filha, Sara Duterte-Carpio, no ano que vem.

    O anúncio de que Duterte-Carpio disputará a reeleição como prefeita de Davao, que aconteceu logo depois que seu pai anunciou sua aposentadoria, fez pouco para apagar as especulações de que ela está de olho na presidência.

    Ela liderou as pesquisas de opinião sobre candidatos em potencial, mas disse no mês passado que não concorreria a um cargo mais alto no próximo ano porque ela e seu pai haviam concordado que apenas um deles concorreria a um cargo nacional em 2022.

    A decisão do atual presidente de não participar da corrida no próximo ano abriria o caminho para ela tentar chegar ao comando do país.

    “Isso permite que Sara Duterte concorra”, disse Antonio La Vina, professor de direito e política da Universidade Ateneo, de Manila.

    Os candidatos têm até sexta-feira (8) para se inscrever na eleição do próximo ano, mas desistências e substituições são permitidas até 15 de novembro, deixando espaço para mudanças de última hora, como a própria entrada de Duterte na eleição de 2016, que venceu por uma margem enorme.

    O analista político Earl Parreno disse suspeitar que os Dutertes estavam usando o mesmo expediente neste ano e que Duterte-Carpio entraria na corrida no último minuto.

    Ela não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

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