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    Rio atmosférico pode causar inundações na Califórnia, antes afetada pela seca

    Com tempestades sucessivas, potencial de umidade pode chegar ao pico de um raro evento de categoria 5 no domingo (24), resultando em enchentes e fluxos de detritos

    Modelo de computador com previsão do rio atmosférico que deve impactar a Califórnia no domingo
    Modelo de computador com previsão do rio atmosférico que deve impactar a Califórnia no domingo CNN Weather

    Pedram Javaherida CNN

    Depois de quase um ano sem chuva, fortes tempestades no Oceano Pacífico estão se movendo em direção ao norte da Califórnia nesta semana, com potencial para causar até 300 milímetros de chuva e até um metro de neve na Sierra Nevada.

    Superalimentadas por um padrão de rio atmosférico clássico, as tempestades podem causar enchentes e fluxos de detritos perigosos em uma ampla faixa da região devastada por incêndios florestais recentes.

    Com cada tempestade sucessiva, o potencial de umidade aumenta, chegando ao pico possivelmente com um raro evento de rio atmosférico de categoria 5 no domingo (24).

    “Um rio atmosférico de categoria 4 ou 5 é capaz de produzir chuvas notáveis ​​por três ou mais dias, provavelmente excedendo 10% a 15% da precipitação de um ano típico em alguns locais”, disse Marty Ralph, diretor do Centro para Climas Ocidentais e Extremos de Água na UC San Diego.

    Os rios atmosféricos são uma faixa estreita de umidade concentrada na atmosfera, cruzando mais de três quilômetros acima do oceano; eles podem transportar, como vapor, mais de 20 vezes a água que o rio Mississippi transporta, como líquido.

    Quando a manhã de segunda-feira chegar, as tempestades podem causar de 200 a 300 milímetros de chuva em partes do norte da Califórnia e adicionar mais de 30 a 90 centímetros de neve à Sierra.

    Para uma área afetada pela seca, 300 milímetros de chuva é muito coisa e essa velocidade da precipitação provavelmente resultará em enchentes repentinas e fluxo de detritos em áreas marcadas pelos incêndios.

    Corrida para evitar fluxo de detritos

    As paisagens carbonizadas – cicatrizes das queimadas – deixadas para trás após o incêndio Dixie, perto do Monte Lassen, e o incêndio Caldor, não muito longe de South Lake Tahoe, permanecem suscetíveis a enchentes e fluxos de detritos.

    Essa massa mortal e veloz feita de água, rocha, solo e vegetação pode causar estragos nas comunidades rio abaixo, destruindo casas e infraestrutura.

    Esses riscos geológicos são um subproduto do solo queimado, que pode ser tão repelente à água quanto um solo pavimentado. A chuva, que de outra forma seria absorvida pelo solo, pode escoar rapidamente após um incêndio florestal.

    A Equipe de Resposta de Emergência de Bacias Hidrográficas liderada pelo Departamento Florestal e de Incêndios da Califórnia (Cal Fire) se prepara para enfrentar as fortes chuvas, avaliando e identificando as áreas mais suscetíveis a riscos pós-incêndio, como fluxos de detritos, inundações e queda de rochas.

    “A erosão é muito difícil de tratar nas partes mais íngremes e gravemente queimadas, e isso geralmente resulta em maior risco para a vida, segurança e propriedade”, disse Lynnette Round, oficial de comunicações do Cal Fire.

    “As áreas de preocupação são onde os valores em risco (casas, estradas, etc.) estão abaixo das áreas íngremes queimadas com severidade de moderada a alta”, diz Round.

    “Para o incêndio Dixie, isso ocorre principalmente ao longo do corredor da Rodovia 70 e porções do Vale Indiano e do Vale do Genesee. Para o Incêndio Caldor, isso ocorreria ao longo de porções da Rodovia 50 e nas áreas baixas do Rio Cosumnes.”

    Não é preciso ir voltar muito no tempo para relembrar quando um desastre desses aconteceu na Califórnia. Em janeiro de 2018, poucas semanas após o incêndio Thomas queimar as colinas do condado de Santa Bárbara, as pessoas que viviam abaixo das encostas foram devastadas por inúmeros fluxos de detritos depois que uma forte tempestade atingiu a região. Milhões de dólares em danos foram registrados e quase duas dezenas de vidas foram perdidas.

    Não é o fim da seca, mas talvez da temporada de incêndios

    Na segunda-feira (18), Sacramento registrou sua primeira gota de chuva desde março, com apenas 0,2 milímetros de chuva, encerrando uma sequência de seca de 212 dias, a mais longa já registrada.

    Não surpreendentemente, mais de 92% do oeste dos EUA e 93% da Califórnia passam por algum nível de seca, com o grande parte do estado sob a categoria extrema, de acordo com o Monitor de Secas dos EUA, um relatório semanal divulgado pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA).

    “A boa notícia é que essa chuva vai acabar com as preocupações com o clima do norte e centro da Califórnia. No entanto, com o La Niña, ainda esperamos não chover o suficiente para acabar com a seca”, disse Norm Hoffmann, que foi meteorologista da Força Aérea dos EUA e do Serviço Nacional de Meteorologia na Califórnia por mais de 30 anos.

    Na semana passada, a NOAA anunciou que as condições do La Niña se desenvolveram no Oceano Pacífico e devem durar até março do próximo ano.

    “La Niña tende a estar associada à precipitação acima do normal no noroeste do Pacífico e à precipitação abaixo do normal no sudoeste, com o ponto de articulação no norte da Califórnia”, diz Ralph.

    “No entanto, alguns dos principais rios atmosféricos que atingem o sudoeste podem impedir essa área de estar tão seca quanto poderia.”

    Embora as chuvas devam beneficiar áreas muito grandes do oeste dos Estados Unidos, Ralph aponta que pode ser apenas uma gota no oceano na situação de seca em geral.

    “As tempestades representam um início forte para a estação chuvosa, mas não garantem a recuperação da seca. Isso exigiria uma série de eventos fluviais atmosféricos adicionais durante o inverno”, acrescentou.

    Ralph é um dos maiores especialistas em eventos fluviais atmosféricos. Ele afirmou que um rio atmosférico de categoria 5 ao norte de São Francisco ocorre em média uma vez a cada quatro anos. Esses sistemas podem impactar o estado até 10 vezes por ano, às vezes respondendo por quase 50% da precipitação da Califórnia.

    Desde 1º de janeiro, as cidades de Sacramento e San Francisco registraram apenas cerca de 50 milímetros de chuva; o normal até o momento seria algo perto de 330 milímetros para ambas as cidades.

    Mais ao norte, a cidade de Redding, na Califórnia, também receberá a umidade após ter registrado apenas 270 mm de chuva desde 1º de janeiro, quase 300 milímetros abaixo da média climatológica do final de outubro.

    Embora a quantidade de chuvas tenha parecido promissora para ajudar a aliviar muitas das preocupações com incêndios no norte da Califórnia, os modelos têm sido muito menos otimistas em seus impactos potenciais para o sul da Califórnia, onde o clima de incêndio pode durar até novembro e dezembro.

    (Texto traduzido; leia o original em inglês)