Reunião na ONU termina sem consenso sobre ajuda humanitária em Gaza
Objetivo agora é um corredor humanitário, disse o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira
A reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para debater a situação humanitária na Faixa de Gaza acabou inconclusiva.
Segundo fontes do Itamaraty, a Rússia chegou a fazer uma proposta de resolução, mas ela não obteve apoio dos demais países.
Agora, uma texto está sendo construído.
“Brasil vai continuar trabalhando por uma posição única com abertura de avenidas possíveis de negociação. O objetivo principal é o seguinte: estabelecimento de corredores humanitários para acesso a Gaza”, disse o ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira, que também preside o Conselho de Segurança da ONU.
Egito
O assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, disse à CNN nesta sexta-feira (13) que há expectativa de retirada dos brasileiros que estão na Faixa de Gaza ao longo deste sábado (14).
“A expectativa é essa. O que ouvi é que haverá um comboio e que os próprios israelenses estão sugerindo e organizando. Um comboio com outros estrangeiros também, e que deve sair amanhã de manhã e, aí, à tarde, estariam no sul de Gaza”, afirmou.
Amorim disse que a partir daí será preciso verificar as condições da passagem de Gaza para o Egito.
“Será preciso ver a possibilidade de passar para o Egito porque a passagem foi muito danificada, mas se houver possibilidade [de cruzar a fronteira para o Egito] pode ser que amanhã à tarde mesmo ocorra a transferência e aí o comboio segue ao aeroporto mais próximo, que não é o do Cairo”, completou.
Questionado se houve acordo e diálogo com o Egito para que brasileiros deixem a Faixa de Gaza pela fronteira com o país amanhã, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, foi na mesma linha de Amorim: “Nossa expectativa é essa”.
Brasileiros abrigados em escola
Mais cedo, a CNN informou que 19 brasileiros que estão abrigados em um escola no norte de Gaza vão passar a noite no local. Coordenadores da missão que levará o grupo para a região sul avaliaram que é mais seguro fazer o trajeto durante o dia.
O ônibus fretado pelo governo brasileiro para fazer o deslocamento está a postos, no entanto, sofreu atraso no trajeto até a escola porque precisou fazer um caminho alternativo, visto que a via principal de Gaza foi bombardeada.
Por já ser noite na cidade, a avaliação é que seria mais seguro aguardar o amanhecer antes de seguir rumo a cidade de Khan Younes.
O número de brasileiros abrigados na escola aumentou para 19 após Israel dar 24 horas para que civis deixem o norte de Gaza. São 11 crianças, cinco mulheres e três homens. Apenas 10, no entanto, fazem parte dos que desejam ser repatriados ao Brasil. Os outros nove só buscam refúgio e já informaram que preferem seguir em Gaza.
A Força Aérea Brasileira (FAB) enviou nesta quinta-feira (13) um voo extra para trazer os brasileiros que estão em Gaza. O VC-2 — aeronave da Presidência da República — já está em Roma e aguarda orientações. A melhor opção levantada até aqui é retirar o grupo pela passagem de Rafah, região do sul de Gaza que faz fronteira com o Egito.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entrou pessoalmente nas negociações pelo resgate dos brasileiros na zona mais crítica do conflito. Ele ligou para o presidente de Israel, Isaac Herzog. Lula pediu a abertura de um corredor humanitário entre a Faixa de Gaza e o Egito.
*Com informações de Mayara da Paz, Jussara Soares e Pedro Teixeira, da CNN