Relatório dos EUA sobre origem da Covid-19 pode ser apresentado nos próximos dias
Em maio, Joe Biden havia determinado que a comunidade de inteligência investigasse a origem da pandemia e apresentasse evidências em 90 dias; prazo acabou nesta terça-feira e respostas podem não ser inovadoras
Já se passaram 90 dias desde que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ordenou que a comunidade de inteligência investigasse as origens da Covid-19. O relatório final, no entanto, deve demorar mais alguns dias até ser apresentado.
Em maio, Biden determinou que as agências de inteligência dos EUA “redobrassem” seus esforços para investigar as origens da pandemia do novo coronavírus, incluindo a possibilidade do vírus ter surgido de um acidente em laboratório – o prazo dado para investigação era de 90 dias. Depois de meses de trabalho, a revisão feita pela comunidade de inteligência terminou nesta terça-feira (24).
Segundo informações, a comunidade de inteligência está preparando um resumo não confidencial do relatório que poderá ser divulgado ao público.
Dois funcionários do governo dos EUA disseram à CNN que Biden foi informado sobre as conclusões do relatório nesta terça. No entanto, todas as agências da comunidade de inteligência tinham pouca confiança em qualquer uma das teorias da origem da Covid-19 – um acidente de laboratório ou uma emergência natural, disse uma fonte familiarizada com a história à CNN.
A Casa Branca e a diretora de Inteligência Nacional, Avril Haines, estavam focadas em cumprir o prazo, acrescentou a fonte. Espera-se que os legisladores sejam informados sobre as conclusões nos próximos dias e, em seguida, a versão resumida do relatório será lançada, segundo funcionários do governo.
O relatório pode chegar nesta semana, disse o secretário de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, nesta segunda-feira (23). A CNN informou no início deste mês que não se espera que as informações sejam inovadoras. Biden encarregou a comunidade de inteligência de publicizar o máximo possível do relatório.
“Eu diria que normalmente leva alguns dias, se não mais, para montar uma versão não confidencial para apresentação pública e, obviamente, o presidente será informado sobre quaisquer descobertas primeiro”, disse Psaki em entrevista coletiva na Casa Branca nesta segunda.
Psaki continuou: “Então, não tenho uma data exata, mas espero que seja alguns ou vários dias depois de amanhã.”
Fontes familiarizadas com o relatório inicial disseram à CNN no início deste mês que, depois de três meses examinando dados brutos de inteligência, a comunidade ainda estava dividida nas duas teorias: uma que sugere que o vírus se espalhou a partir de um laboratório em Wuhan, na China, e a outra que sugere que o SARS-Cov-2 saltou naturalmente dos animais para os humanos.
A incapacidade da comunidade de inteligência de apresentar uma teoria com grande confiança após três meses de intenso trabalho revela as dificuldades para encontrar as origens da pandemia de Covid-19.
China se recusa a compartilhar informações
A China se recusou a compartilhar informações desde os primeiros dias da pandemia do coronavírus – esta falta de transparência tem sido um grande obstáculo no processo. O governo chinês afirma que o vírus se espalhou naturalmente.
A CNN informou no início deste mês que as agências de inteligência obtiveram dados genéticos extraídos de amostras de vírus no laboratório de Wuhan, que alguns funcionários acreditam ter sido a fonte do surto. Na época, não estava claro se as autoridades haviam terminado de analisar os dados.
Oficiais de inteligência também revisaram comunicações interceptadas e imagens de satélite, que podem fornecer pistas. No início deste ano, um relatório da inteligência dos EUA descobriu que vários pesquisadores do Instituto de Virologia de Wuhan, na China, adoeceram em novembro de 2019 e tiveram de ser hospitalizados. Foi esta informação que levou a uma nova pressão pública sobre Biden para investigar a origem do vírus.
Em março, Biden ordenou a seu conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan, que encarregasse a comunidade de inteligência de preparar um relatório sobre a análise mais atualizada das origens da pandemia da Covid-19. Biden disse que recebeu esse relatório em maio e então pediu um acompanhamento adicional.
Jeremy Diamond e Paul LeBlanc, da CNN, contribuíram para esta reportagem.
(Este texto é uma tradução. Para ler o original, em espanhol, clique aqui)