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    Reino Unido: Conheça outros premiês britânicos conservadores que renunciaram

    Boris Johnson anunciou que deixaria o posto de primeiro-ministro na manhã desta quinta-feira (7)

    Renata Souzada CNN

    em São Paulo

    Desde que a rainha Elizabeth II assumiu o trono britânico, em 1952, 14 pessoas ocuparam o cargo de primeiro-ministro do Reino Unido. Destes, dez eram membros do Partido Conservador, sendo que nove deles renunciaram ao posto, incluindo Boris Johnson — que anunciou sua demissão nesta quinta-feira (7).

    Na quarta-feira (6), diante da debandada coletiva de membros do alto escalão do governo, Johnson chegou a afirmar que não renunciaria. No entanto, na manhã seguinte, oficializou que deixaria o cargo. 

    “A razão de eu ter lutado tanto é porque eu senti que era meu dever. Estou imensamente orgulhoso de minhas conquistas”, declarou durante seu discurso de renúncia.

    Na avaliação do analista de Internacional da CNN Lourival Sant’Anna, a insistência do conservador em permanecer no poder, mesmo após escândalos, está relacionada a sua personalidade. “Esse é o perfil dele: lutar até o fim. Ele não tem tanta preocupação com reputação, legado, porque seu eleitorado, as pessoas que o seguem, também não têm tanta preocupação com isso. Seguem porque consideram que ele é autêntico, que ele diz o que pensa e não cobram tanta coerência dele.”

    A polêmica final que pressionou a saída do premiê foi a revelação de que Chris Pincher foi nomeado para o governo mesmo Johnson sabendo de alegações anteriores de má conduta sexual que o envolviam.

    Pelas regras do sistema eleitoral britânico, o primeiro-ministro poderia permanecer por até cinco anos no poder. No entanto, muitos chefes de governo britânicos deixam de cumprir o limite do mandato, em razão de desgastes em seus governos, como ocorreu com Boris Johnson.

    “Quando ele [primeiro-ministro] se torna impopular, o próprio partido do primeiro-ministro ou primeira-ministra retira apoio e indica novo ou nova líder para aumentar as chances de ganhar as próximas eleições”, explica Sant’Anna.

    Apesar de renúncias serem parte da dinâmica política do Reino Unido, a professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de Sergipe (UFS) Barbara Motta explica que a situação de Johnson é diferente do que aconteceu com alguns dos outros líderes recentes.

    “A saída de Boris Johnson é marcada por questões que estão para além dos meandros, para além das dificuldades da ordem do dia na política. Claro que existem outras questões políticas também por trás dessa saída: inflação alta no Reino Unido, algumas questões vinculadas ao aumento da desigualdade, a própria gestão da pandemia”, explica.

    No entanto, segundo ela, os motivos principais estariam ligados às questões de “ordem ética”, como a participação de Johnson em festas durante o lockdown no Reino Unido e a recente nomeação de Pincher.

    Diante da saída Boris Johnson, relembre quem foram os outros primeiros-ministros conservadores que chefiaram o governo durante o reinado de rainha Elizabeth II:

    Winston Churchill (renunciou em 1955)

    O estadista, escritor e orador Winston Churchill esteve à frente do governo britânico em dois mandatos: de 1940 a 1945 e de 1951 a 1955. Em 1945, perdeu as eleições gerais para o líder trabalhista Clement Attlee. No segundo mandato, renunciou em decorrência de seu estado de saúde. Nascido em 1874, Churchill chegou a receber o Prêmio Nobel de Literatura em 1953.

    Anthony Eden (renunciou em 1957)

    Anthony Eden nasceu em 1897 e assumiu o cargo de primeiro-ministro em 1955, aos 57 anos. Dois anos após o início de seu mandato, no entanto, foi obrigado a renunciar por uma gestão malsucedida da crise envolvendo o canal de Suez, localizado no Egito.

    Harold Macmillan (renunciou em 1963)

    Quando chegou ao governo, Harold Macmillan desacreditava que conseguiria reestabelecer a estabilidade do partido no poder. Apesar disso, manteve-se como primeiro-ministro por sete anos, aumentando a maioria do Partido Conservador nas eleições gerais de 1959. Embora os primeiros anos tenham sido promissores, em 1963 –após problemas na economia, demissões de ministros e outros escândalos– Macmillan renunciou.

    Alec Douglas-Home (finalizou o mandato em 1964)

    Assumindo a liderança do Partido Conservador e do governo britânico após a renúncia de Harold Macmillan, o mandato de Douglas-Home foi o segundo mais curto da nação no século 20. O conservador governou por 363 dias e perdeu as eleições de 1964 para o trabalhista Harold Wilson.

    Edward Heath (renunciou em 1974)

    Edward Heath nasceu em 1916, em Broadstairs, no Kent. Foi eleito líder do Partido Conservador em 1965 e se tornou primeiro-ministro em 1970. Durante seu governo, as taxas de desemprego aumentaram no Reino Unido e os sindicatos ganharam força no território britânico, criando um cenário político de instabilidade. Heath renunciou em março de 1974.

    Margaret Thatcher (renunciou em 1990)

    Conhecida como “Dama de Ferro”, Margareth Thatcher foi eleita primeira-ministra em 1979. Thatcher foi a primeira mulher a assumir o cargo. Em 1975 superou Edward Heath e se tornou líder do Partido Conservador. Assim, quando a sigla venceu as eleições gerais de 1979, Thatcher substituiu o então presidente James Callaghan.

    Sua renúncia da liderança do partido e, consequentemente, da cadeira de primeira-ministra, ocorreu em novembro de 1990, pouco depois da renúncia de seu secretário de Relações Exteriores, Sir Geoffrey Howe.

    John Major (renunciou em 1997)

    Com a renúncia de Thatcher, John Major venceu as eleições do partido e se tornou líder conservador. Em 1992, o Partido Conservador venceu novamente as eleições gerais e Major permaneceu como primeiro-ministro. No entanto, a junção de problemas econômicos no Reino Unido e conflitos internos no Partido Conservador levou à renúncia do premiê em maio de 1997.

    David Cameron (renunciou em 2016)

    Após o mandato de dois representantes do Partido Trabalhista, David Cameron se tornou primeiro-ministro em 2010, à frente do primeiro governo de coalizão da Grã-Bretanha em quase 70 anos. Em 2015, conseguiu se reeleger como líder conservador.

    Um dos destaques de seu tempo como premiê foi a aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo, em 2013. Outro ponto importante de sua trajetória –que culminou em sua renúncia– foi a defesa pela permanência do Reino Unido como membro da União Europeia (UE).

    Quando a população britânica optou por deixar o bloco, em 2016, Cameron renunciou ao cargo de primeiro-ministro e líder do Partido Conservador. Poucos meses depois, deixou também sua cadeira como membro do Parlamento.

    Theresa May (renunciou em 2019)

    A segunda mulher eleita primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, assumiu a cadeira em 2016. May chegava com a responsabilidade de conduzir o processo de retirada do Reino Unido da União Europeia. Foram justamente as dificuldades envolvendo a implementação do Brexit que forçaram May a renunciar, em 2019.