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    Reforma judicial de Israel gera protestos até de ex-espiões do Mossad

    Manifestação de antigos agentes, que continuavam prestando assessoria ao governo, representa ameaça às ações de segurança do país, sempre envolvo em conflitos com os palestinos e vizinhos árabes 

    Jonathan Saulda Reuters , Herzlia, Israel

    Todas as manhãs, Amir monta um estande de protesto para alertar os transeuntes de que a democracia israelense está em perigo devido a uma legislação fortemente contestada para restringir a força dos tribunais.

    Mas ele é um manifestante muito incomum: um ex-espião do Mossad que nunca antes questionou o Estado pelo qual arriscou sua vida em missões estrangeiras.

    Amir, que não quis fornecer o sobrenome devido às delicadas funções secretas anteriores, está entre os ex-veteranos do Mossad, o serviço de inteligência estrangeiro de Israel, que estão saindo às ruas em protesto contra a reforma judicial promovida pelo governo.

    Na semana passada, a coalizão nacionalista-religiosa do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu aprovou a primeira fase da reforma, limitando os poderes da Suprema Corte para anular decisões do governo consideradas “irracionais”, apesar de meses de protestos de centenas de milhares de israelenses.

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    Os manifestantes conseguiram o apoio de reservistas em unidades de elite das forças especiais e pilotos de caça que ameaçaram não comparecer ao serviço, e a dissensão se espalhou entre ex-membros do Mossad.

    Alguns oficiais atuais do Mossad também se juntaram aos protestos, o que eles têm permissão para fazer, disseram dois ex-oficiais à Reuters.

    No caso de Amir, ele disse que suspendeu por enquanto a assessoria que prestava ao Mossad após se aposentar.

    “Servi fielmente a diferentes administrações por 20 anos, mesmo aquelas que não refletiam minhas visões políticas. Aceitei o resultado da eleição no ano passado, mas quando eles (o atual governo) mudaram as regras do jogo, foi o limite”, disse Amir na cidade costeira mediterrânea de Herzliya.

    Preocupações com a moral estão surgindo dentro do Mossad, com alguns dentro da agência altamente secreta considerando a aposentadoria precoce, de acordo com mensagens vistas pela reportagem.

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    Um porta-voz do gabinete do primeiro-ministro se recusou a comentar. O governo nega que a reforma judicial comprometa a democracia, dizendo que o tribunal superior tem sido “excessivamente intervencionista”.

    Um ex-chefe do Mossad, Efraim Halevy, disse que não há sinais de que tal descontentamento esteja afetando as habilidades vitais da agência.

    A decisão de ex-espiões de participar de protestos aumenta os riscos, afetando uma instituição lendária que ajudou Israel a derrotar Estados árabes em muitos conflitos e a travar uma guerra paralela contra o arqui-inimigo Irã.

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