Referendo tem 96% de apoio à adesão de territórios ocupados, diz agência russa
A votação ocorreu durante cinco dias em quatro regiões que compõem cerca de 15% do território ucraniano
Os primeiros resultados parciais da votação de quatro regiões da Ucrânia ocupadas pela Rússia mostraram uma esmagadora maioria de residentes a favor da adesão à Rússia, informou a agência de notícias estatal russa RIA nesta terça-feira (27), sobre os referendos que Kiev e o Ocidente classificam como uma farsa.
A votação ocorreu durante cinco dias em quatro regiões – Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson – que compõem cerca de 15% do território ucraniano.
O processo abre caminho para o presidente Vladimir Putin anexar as quatro áreas. Depois disso, ele poderia classificar qualquer tentativa ucraniana de recapturá-las como um ataque à própria Rússia. Ele disse em 21 de setembro que estava disposto a usar armas nucleares para defender a “integridade territorial” da Rússia.
A Ucrânia tem advertido repetidamente que a anexação russa de territórios adicionais destruiria qualquer chance de negociações de paz.
De acordo com a RIA, as contagens iniciais mostraram apoio à adesão variando de 96,97% na região de Kherson, com base em 14% dos votos contados, a 98,19% em Zaporizhzhia, com base em 18% da contagem.
Referendos nas regiões separatistas da Ucrânia
Referendos das regiões separatistas de Donetsk e Luhansk, no leste da Ucrânia, começaram na sexta-feria (23) e se encerram na terca-feria (27). A medida, segundo o líder de Luhansk, Leonid Pasechnik, foi muito esperada. “Todos nós esperamos há oito longos anos por um referendo sobre ingressar na Rússia. Tem sido nosso sonho comum e nosso futuro comum. E assim aconteceu. O referendo vai acontecer”, explicou Pasechnik.
Para a Otan, as votações não têm legitimidade. Pelo Twitter, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, alegou que as votações não têm legitimidade e não mudam a natureza da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia. Disse ainda que a comunidade internacional deve condenar essa violação do direito internacional e apoiar os ucranianos.
A decisão por realizar os referendos ocorre depois que o Kremlin sofreu uma contraofensiva no campo de batalha e perdeu territórios no nordeste da Ucrânia. Mas ao ser questionado sobre o assunto, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, afirmou que o povo deve decidir seu destino.
O governo ucraniano e os Estados Unidos também afirmaram que os referendos são uma farsa ilegal e que não reconhecerão os resultados.
Já o presidente francês, Emmanuel Macron, fez duras críticas à Rússia e aos países que se mantêm neutros em relação ao conflito.
“A Rússia precisa ver que não pode impor sua vontade militarmente, mesmo que haja falsos referendos em territórios que foram bombardeados e agora estão ocupados”, proclamou Macron.
(Com informações da CNN)