Rede de túneis do Hamas é objetivo de Israel para se movimentar em Gaza, diz especialista
Segundo Salvador Raza, caminhos subterrâneos são usados pelo grupo radical islâmico para o deslocamento de seus integrantes e armamentos
Uma semana após o ataque do grupo extremista Hamas ao território israelense, o exército de Israel se prepara para entrar na Faixa de Gaza.
A avaliação do especialista em segurança internacional Salvador Raza é de que um dos objetivos táticos de Israel é atingir a rede de túneis usada pelo Hamas para se deslocar no local.
Segundo Raza, quando os integrantes do Hamas lançam um míssil, por exemplo, “imediatamente eles têm que sair dos túneis porque, nesse momento, é identificado de onde o foguete está saindo”. “Israel tem caças que ficam sobrevoando e disparam para detonar”.
“Outra coisa que se imagina é que, por conta disso, eles estejam limpando todo o lugar e deixando só o que vai ser usado no momento de cada ataque. É quase uma ação suicida”, acrescenta.
Embora uma incursão terrestre do exército israelense à Faixa de Gaza seja iminente, até o momento não há informações de que o plano tenha sido efetivado.
“Israel se preparou para uma guerra que pode se estender, porque no momento em que ele entrar em Gaza não se sabe exatamente o que encontrará lá”, explica Raza.
De acordo com ele, “o tempo de guerra vai ser determinado não pela quantidade de munição, porque ambos têm o suficiente, mas pela construção de alternativas políticas.
Esse tempo também vai sendo comprimido pelo movimento internacional que se avoluma”.
Tática x estratégia
Diante do confronto entre Israel e o Hamas, Salvador Raza afirma que ao analisar guerras é importante diferenciar tática de estratégia.
“A tática são as ações práticas que se desenvolvem no campo de batalha. Os movimentos, os deslocamentos, os tipos de formação. Estratégia é como que você vai alinhar os resultados dessas táticas. A tática vence uma batalha, a estratégia vence a guerra”, esclarece.
Enquanto o Hamas utiliza como tática os bloqueios que impedem a população de se locomover, além dos ataques aéreos, Israel tem investido em bombardeios, preparação da infantaria e operações de resgate, afirma Raza.
“São dois atores com racionalidades muito diferentes, submetidos a regras diferentes. Então não é só o choque de armas, mas também de vontades, da natureza dos povos e de suas racionalidades.”