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    Recuperando-se dos combates em Gaza, palestinos recordam a Nakba de 1948

    Todos os anos, em 15 de maio, os palestinos lamentam a Nakba, ou catástrofe, que resultou no êxodo forçado de cerca de 750 mil pessoas

    Palestinos marcham com faixas no 75º aniversário da declaração de independência de Israel, que os palestinos chamam de Grande Catástrofe (Nakba)
    Palestinos marcham com faixas no 75º aniversário da declaração de independência de Israel, que os palestinos chamam de Grande Catástrofe (Nakba) Issam Rimawi/Agência Anadolu via Getty Images

    Nidal AlmughrabiRoleen Tafakjida Reuters

    em Gaza e em Jerusalém

    Em 1948, a família de Intisar Muhana fugiu da aldeia de al-Masmiyya, a Nordeste de Gaza, durante a guerra que acompanhou a criação de Israel. Na semana passada, ela perdeu sua casa novamente quando foi destruída durante ataques aéreos israelenses.

    A família de Muhana estava entre os cerca de 750 mil palestinos que foram forçados a sair ou fugiram de suas casas por volta da guerra de 1948. Todos os anos, em 15 de maio, os palestinos lamentam a Nakba, ou catástrofe, que resultou em seu êxodo forçado.

    Para aqueles que acabaram em Gaza, o aniversário é particularmente amargo depois de cinco dias de ataques aéreos israelenses contra o grupo militante Jihad Islâmica no enclave, destruindo dezenas de casas e deixando centenas desabrigadas. Centenas de foguetes foram disparados contra Israel por militantes palestinos.

    “Eles destruíram o de al-Masmiyya e nós viemos para cá. Agora eles fizeram isso de novo e acabamos sem nada”, disse Muhana. “Não temos nada lá e agora não temos nada aqui.”

    Cerca de 5,6 milhões de refugiados palestinos – principalmente descendentes daqueles que foram forçados a fugir – vivem atualmente na Jordânia, Líbano, Síria, Cisjordânia ocupada por Israel e Gaza. Cerca de metade dos refugiados registrados permanecem apátridas, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores da Palestina, muitos vivendo em campos lotados.

    Este ano, as Nações Unidas (ONU) irão recordar a Nakba pela primeira vez. Na Cisjordânia, onde os palestinos exercem um autogoverno limitado sob o regime militar israelense, uma sirene soará por 75 segundos para marcar os 75 anos desde a Nakba.

    As negociações sobre o fim do conflito entre Israel e os palestinos estão paralisadas há anos, não deixando nenhuma perspectiva de qualquer acordo que estabeleça uma linha com a qual todos os lados possam concordar. Enquanto isso, as memórias permanecem vivas.

    “Aqueles que disseram que os idosos vão morrer e os jovens vão esquecer estão enganados”, disse Yacoub Odeh, que tinha 8 anos na guerra de 1948 quando fugiu sob fogo de sua aldeia de Lifta, nas colinas fora de Jerusalém. “Tenho 83 anos, não esqueci e não vou esquecer.”

    Odeh, agora morador de Shu’afat, a cerca de 7 km de distância, visita frequentemente Lifta. Ele ainda chama a aldeia de lar e anseia por voltar com seus filhos e netos.

    Num dia de primavera, ele caminhou pela aldeia, cumprimentando as cúpulas abandonadas como se estivessem vivas: “Bom dia, casa. Bom dia, arcos e pilares.”

    As casas de Lifta ainda estão de pé, mas desabitadas.

    Memórias vivas

    Para aqueles de gerações nascidas desde 1948, como o filho de Muhana, Mohammad, de 56 anos, as memórias são mantidas vivas nas histórias de família.

    Ele disse que sua mãe continuou contando à família sobre as casas e campos que possuíam em al-Masmiyya, uma história que agora estão contando a seus filhos, para que possam manter viva a esperança.

    “É claro que tenho esperança. Minha mãe de 97 anos me pede todos os dias para levá-la a al-Masmiyya, e ela ainda tem esperança”, disse Mohammad. “Aconteça o que acontecer e não importa quantas vezes eles bombardeiem, continuaremos a viver aqui”, acrescentou.

    O ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, disse que os diplomatas israelenses trabalharam para dissuadir outros países de participar do evento da ONU.

    “Combateremos a falsidade que é a ‘Nakba’ com todas as nossas forças e não permitiremos que os palestinos continuem espalhando mentiras e distorcendo a história”, disse ele, indicando que Israel não concorda com a opinião dos palestinos sobre o que aconteceu em 1948.

    (Edição de Angus MacSwan)