Químico se torna 5ª pessoa a ter vencido Nobel mais de uma vez; conheça grupo
Nesta quarta-feira (5), o americano K. Barry Sharpless compõe o trio de cientistas laureados com o Nobel de Química; ele também venceu em 2001
Nesta quarta-feira (5), a Academia Real das Ciências da Suécia concedeu o prêmio Nobel de Química a um trio de cientistas por seus estudos inovadores sobre construção de moléculas. Entre os laureados, está o químico americano K. Barry Sharpless, que entrou para o seleto grupo de pessoas que já venceram um Nobel mais de uma vez.
Em 2001, ele também estava entre o trio vencedor do mesmo prêmio. Naquela ocasião, Sharpless e outra dupla de químicos foram premiados pelas pesquisas que deram novas possibilidades à fabricação de remédios pela indústria farmacêutica.
Nascido em 1941 no estado americano da Pensilvânia, Sharpless tem um PhD em química pela Universidade de Stanford e dá aulas no instituto Scripps Research.
Com o prêmio desta quarta (5), mais uma vez Sharpless dividirá a premiação de 10 milhões de coroas suecas, equivalentes a cerca de R$ 4,17 milhões.
Entre o primeiro prêmio Nobel, em 1901, até a edição de 2021, os prêmios foram entregues 609 vezes – para 943 pessoas e 25 organizações. A considerar os prêmios de Medicina, Física e Química, que já foram entregues este ano, a lista de pessoas cresce para 949.
No entanto, ao longo de toda essa história, além de Sharpless, apenas outras quatro pessoas (e duas organizações) venceram o Nobel mais de uma vez. Conheça o grupo completo abaixo.
Marie Curie
Nobel de Física (1903), Nobel de Química (1911)
A franco-polonesa Marie Curie é a única mulher a ter ganho mais de um prêmio Nobel na história.
Logo na terceira edição da premiação, em 1903, ela foi laureada com o Nobel de Física junto de seu marido, Pierre Curie, “em reconhecimento dos extraordinários serviços que prestaram por suas pesquisas conjuntas sobre os fenômenos de radiação”.
Em 1906, Curie se tornou viúva após a trágica morte de seu marido em um atropelamento, mas ela prosseguiu sozinha com os trabalhos do casal.
Em 1911, ela se tornou a primeira pessoa a ter vencido mais de um prêmio Nobel ao ser laureada com o Nobel de Química “em reconhecimento por seus serviços ao avanço da química pela descoberta dos elementos rádio e polônio, pelo isolamento do rádio e pelo estudo da natureza e dos compostos deste elemento notável”.
Linus Pauling
Nobel de Química (1954), Nobel da Paz (1962)
O ilustre químico americano Linus Pauling é a única pessoa a ter sido laureado sozinho por duas vezes.
Após o desenvolvimento da mecânica quântica nos anos 1920, na década seguinte, Linus Pauling esteve entre os pioneiros no uso da mecânica quântica para entender e descrever como os átomos se unem para formar moléculas.
Em 1954, ele venceu o Nobel de Química “por sua pesquisa sobre a natureza da ligação química e sua aplicação na elucidação da estrutura de substâncias complexas”.
Nessa mesma década, em plena Guerra Fria, ele se destacou por sua atuação no movimento contra armas nucleares, tendo sido tachado como suspeito de comunista, com alguns episódios de revogação de seu passaporte.
Em 1962, venceu o Nobel da Paz “por por sua luta contra a corrida armamentista nuclear entre o Oriente e o Ocidente”.
John Bardeen
Nobel de Física (1956 e 1972)
O físico americano e pesquisador na Universidade de Illinois, John Bardeen, foi a primeira pessoa a vencer o mesmo prêmio Nobel mais de uma vez.
Em 1956, ele dividiu o Nobel de Física com outros dois cientistas “por suas pesquisas sobre semicondutores e sua descoberta do efeito transistor”. Em 1972, ele voltou a dividir em trio o mesmo prêmio “por sua teoria da supercondutividade desenvolvida em conjunto, geralmente chamada de teoria BCS”.
Os trabalhos com participação de Bardeen focam no fenômeno de que certos metais, quando resfriados a temperaturas extremamente baixas, se tornam super condutores – conduzindo corrente elétrica sem resistência. Ele também ajudou na compreensão de que, nessas condições, os elétrons deixam de se movimentar aleatoriamente para se emparelhar em movimento ordenado.
Frederick Sanger
Nobel de Química (1958 e 1980)
O bioquímico britânico Frederick Sanger nasceu em uma pequena vila na Inglaterra. Ele começou seus estudos de Química na Universidade de Cambridge, onde recebeu seu PhD e passou o resto da vida pesquisando.
O grande foco de seu trabalho foi em torno das proteínas, principalmente a insulina, que regula o teor de açúcar no sangue. Na década de 1940, Sanger estudou a composição da insulina e usou ácidos para quebrar a molécula em partes menores.
Seu trabalho identificou como as cadeias de aminoácidos estão ligadas em uma proteína. Por isso, em 1958, ele recebeu o Nobel de Química “por seu trabalho sobre a estrutura das proteínas, especialmente a da insulina”.
E, em 1980, dividiu com outros dois cientistas o mesmo prêmio “por seus estudos fundamentais da bioquímica de ácidos nucléicos, com particular atenção ao DNA recombinante”.
Organizações multivencedoras
Além deste pequeno grupo de pessoas, duas entidades também acumulam mais de um prêmio Nobel em sua história.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) possui a maior quantidade de prêmios vencidos, tendo ganho o Nobel da Paz em 1917, 1944 e 1963.
Na primeira ocasião, pelo trabalho nos cuidados de soldados feridos, prisioneiros de guerra e suas famílias durante a Primeira Guerra Mundial. O segundo prêmio por motivos semelhantes, no contexto da Segunda Guerra. E o último “por promover os princípios da Convenção de Genebra e cooperação com a ONU”.
O fundador do CICV, Henry Dunant, foi o primeiro vencedor do Nobel da Paz, na edição de 1901.
A segunda organização com mais de um prêmio Nobel é a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), vencedora do Nobel da Paz de 1954 e 1981.
A primeira vitória foi justificada por “seus esforços para curar as feridas da guerra, fornecendo ajuda e proteção aos refugiados em todo o mundo”. Já o segundo prêmio foi motivado “por promover os direitos fundamentais dos refugiados”.