Quatro “Proud Boys” são considerados culpados por ataque ao Capitólio
Cada um dos réus, foi condenado por pelo menos uma acusação que acarreta uma sentença máxima de 20 anos de prisão, incluindo conspiração sediciosa para impedir a posse de Joe Biden em 2021
Quatro membros dos Proud Boys, grupo norte-americano de extrema direita, foram considerados culpados de conspiração sediciosa por um júri em Washington, por seus papéis para impedir à força a transferência pacífica de poder do então presidente Donald Trump para Joe Biden após a eleição de 2020.
Enrique Tarrio – o presidente de longa data dos Proud Boys – Ethan Nordean, Joseph Biggs e Zachary Rehl foram considerados culpados na quinta-feira (4) por conspiração sediciosa e uma série de outras acusações, incluindo três acusações de conspiração separadas, obstruindo a votação do Colégio Eleitoral e adulterando evidências.
O veredicto de culpado marca a terceira vez que os promotores obtiveram condenações por conspiração sediciosa no processo histórico do Departamento de Justiça daqueles que violaram o Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021.
Um quinto réu, Dominic Pezzola, foi considerado inocente de conspiração sediciosa depois que o júri voltou para várias horas de deliberação na quinta-feira. Ao contrário dos outros réus neste julgamento, Pezzola não teria uma posição de liderança na organização e era inativo nos bate-papos do grupo Proud Boys.
Todos os cinco réus foram considerados culpados de outras acusações relacionadas a 6 de janeiro, incluindo: Obstrução de um processo oficial; Conspiração para impedir que um oficial cumpra quaisquer deveres; Obstrução da aplicação da lei durante desordem civil; e Destruição de propriedade do governo e auxílio e cumplicidade.
Cada um dos réus foi condenado por pelo menos uma acusação que acarreta uma sentença máxima de 20 anos de prisão e pode enfrentar um longo período de tempo atrás das grades. A data de sentença para os cinco réus ainda não foi marcada. O juiz distrital Timothy Kelly disse que é provável que isso aconteça no final de julho.
O júri não chegou a um veredicto com relação a alguns réus acusados de agressão, resistência ou impedimento de certos oficiais, bem como destruição de propriedade do governo e auxílio e cumplicidade. A anulação do julgamento foi declarada nessas acusações.
No tribunal, à medida que cada jurado era ouvido, Tarrio – vestido com um terno de três peças – espiava por cima da mesa, esticando o pescoço para observar o júri. Rehl balançou a cabeça ao ser condenado por conspiração sediciosa enquanto os outros permaneciam sentados em suas cadeiras.
Depois que os jurados saíram, vários réus e advogados apertaram as mãos, se abraçaram e trocaram breves palavras. A família dos réus chorou junta em um corredor fora do tribunal.
Veredicto de Tarrio
A condenação de Tarrio é especialmente significativa, embora ele não estivesse em Washington em 6 de janeiro. De acordo com a acusação, o líder dos Proud Boys ajudou a criar uma estrutura de comando dentro dos Proud Boys na preparação para 6 de janeiro.
As mensagens de texto e de sinalização destacadas na acusação sugerem que Tarrio estava se preparando para uma “revolução” e revisou documentos que estabeleciam um plano para ocupar alguns “edifícios cruciais” em Washington, incluindo prédios de escritórios da Câmara e do Senado ao redor do Capitólio.
Tarrio foi preso em 4 de janeiro por trazer carregadores de fuzil de alta capacidade para Washington e recebeu ordem de deixar a cidade.
Durante o julgamento, usando mensagens e vídeos postados pelos réus e outros membros do grupo, os promotores expuseram o caso de que os Proud Boys, animados por Trump e suas mentiras eleitorais após a derrota de 2020, começaram a pedir violência e revolução contra a chegada presidência de Biden.
Membros do grupo viam Biden e outros de esquerda como uma ameaça ao país, segundo os promotores, e trocavam mensagens sobre a necessidade de “guerra”, “revolução” e pelotões de fuzilamento para traidores.
Em 6 de janeiro de 2021, disseram os promotores, muitos dos réus não compareceram ao discurso de Trump naquele dia, mas começaram uma marcha para o Capitólio.
Os Proud Boys estavam na linha de frente da multidão no terreno do Capitólio e estavam lá quando as primeiras barreiras foram quebradas. Os promotores alegaram que os líderes do grupo irritaram os membros e se comunicaram com eles, por meio de sinais manuais, para seguir em frente.
Depois que os desordeiros chegaram às portas da ala do Senado do prédio do Capitólio, Pezzola usou um escudo antimotim da polícia que roubou durante o ataque para quebrar uma janela, disseram os promotores, pela qual os desordeiros entraram no Capitólio.
Os advogados de defesa argumentaram que seus clientes nunca tiveram um plano de invadir o Capitólio e impedir a votação do colégio eleitoral naquele dia. As mensagens e vídeos mostram nada mais do que retórica estúpida e vulgar, disseram os advogados de defesa, dificilmente uma conspiração sediciosa contra o governo dos EUA.
Muitas vezes oscilando em meio a batalhas legais, disputas de provas, audiências seladas, incontáveis pedidos de anulação do julgamento e várias disputas aos gritos com o juiz, o julgamento foi concluído na terça-feira com os argumentos finais do advogado de defesa e dos promotores federais.
Durante o julgamento, os jurados ouviram depoimentos de vários oficiais que defenderam o Capitólio em 6 de janeiro, bem como agentes do FBI que investigaram os Proud Boys e depoimentos de vários membros do grupo, incluindo dois dos réus, nenhum dos quais disse que havia um plano específico para tomar o Capitólio.
Os incontáveis atrasos, provocados por evidências e informantes recém-revelados, um jurado que acreditava estar sendo seguido e disputas internas entre advogados fizeram com que um julgamento originalmente estimado para durar de cinco a sete semanas se estendesse por quatro meses.
