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    Qual é a posição do Brasil sobre o conflito entre Israel e Hamas?

    Lula publicou uma carta aberta ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e à comunidade internacional no qual apela pelo fim do conflito

    Karla Dundercolaboração para a CNN

    O governo brasileiro condenou os ataques terroristas do grupo radical islâmico Hamas, que deu início a uma guerra com Israel e deixou centenas de mortos. No sábado (7), o governo federal publicou uma nota no dia do ataque surpresa condenando a violência.

    “O Governo brasileiro condena a série de bombardeios e ataques terrestres realizados hoje em Israel a partir da Faixa de Gaza, provocando a morte de ao menos 20 cidadãos israelenses, além de mais de 500 feridos. Expressa condolências aos familiares das vítimas e manifesta sua solidariedade ao povo de Israel.”

    O texto também pede que não haja uma escalada na violência. “Ao reiterar que não há justificativa para o recurso à violência, sobretudo contra civis, o Governo brasileiro exorta todas as partes a exercerem máxima contenção a fim de evitar a escalada da situação.”

     

    O texto lamenta o fracasso dos acordos de paz. “O Brasil lamenta que em 2023, ano do 30º aniversário dos Acordos de Paz de Oslo, se observe deterioração grave e crescente da situação securitária entre Israel e Palestina.”

    Na nota divulgada à imprensa, o governo afirma que “na qualidade de Presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o Brasil convocará reunião de emergência do órgão.”

    E “reitera seu compromisso com a solução de dois Estados, com Palestina e Israel convivendo em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas. Reafirma, ainda, que a mera gestão do conflito não constitui alternativa viável para o encaminhamento da questão israelo-palestina, sendo urgente a retomada das negociações de paz.”

    Em sua conta no X (antigo Twitter), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) repudiou os ataques, se disse “chocado” com a situação e que o Brasil vai trabalhar contra a escalada do conflito na presidência do Conselho de Segurança da ONU.

    https://twitter.com/LulaOficial/status/1710685570278510751

    Brasil não considera Hamas um grupo terrorista

    Apesar do presidente Lula ter condenado “os ataques terroristas” do Hamas, o Brasil, ao contrário de Israel, dos Estados Unidos e da União Europeia, não considera o grupo como terrorista e essa não é uma posição deste governo.

    A justificativa é que o Brasil segue o que é determinado pela ONU (Organização das Nações Unidas), que não lista o Hamas como um grupo terrorista. Boko Haram e Al-Qaeda, por exemplo, são considerados pela ONU como grupos terroristas e, portanto, reconhecidos pelo Brasil como terroristas.

    Em 2021, dez deputados petistas divulgaram uma nota se posicionando contra a classificação do Hamas como grupo terrorista, entre os signatários os atuais ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta; e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

    O documento “Resistência não é terrorismo!” foi uma resposta à declaração da secretária do Interior do Reino Unido, Priti Patel, que atribuiu ao Movimento de Resistência Islâmico – Hamas, a designação de organização terrorista, “alegando falsamente que o movimento palestino seria ‘fundamentalmente e radicalmente antissemita’”, diz a nota.

    No texto, os deputados também afirmam que a secretaria tem como “objetivo claro: atingir a legítima resistência palestina contra a ocupação e o apartheid israelense, numa clara posição tendenciosa em favor de Israel e tornando-se cúmplice das constantes agressões aos palestinos e aos seus direitos legítimos”, completa.

    Lula defende cessar-fogo entre Israel e Hamas

    O presidente Lula publicou, nesta quarta-feira (11), uma carta aberta ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e à comunidade internacional no qual apela pelo fim do conflito entre Israel e Hamas em defesa das crianças palestinas e israelenses.

    “Quero fazer um apelo ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e à comunidade internacional para que, juntos e com urgência, lancemos mão de todos os recursos para pôr fim à mais grave violação aos direitos humanos no conflito no Oriente Médio”, escreveu Lula.

    O presidente disse que “crianças jamais poderiam ser feitas de reféns, não importa em que lugar do mundo”.

    Na carta aberta publicada em suas redes sociais, Lula cobrou ações tanto do Hamas quanto de Israel: “É preciso que o Hamas liberte as crianças israelenses que foram sequestradas de suas famílias. É preciso que Israel cesse o bombardeio para que as crianças palestinas e suas mães deixem a Faixa de Gaza através da fronteira com o Egito.”

    “É preciso que haja um mínimo de humanidade na insanidade da guerra”, completou.

    Lula disse que considera “urgente” uma “intervenção humanitária internacional” e um “cessar-fogo em defesa das crianças israelenses e palestinas”.

    “O Brasil, na presidência provisória do Conselho de Segurança da ONU, se juntará aos esforços para que cesse de imediato e em definitivo o conflito. E continuará trabalhando pela promoção da paz e em defesa dos direitos humanos no mundo”, concluiu o presidente.

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